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LITERATURA

Relembre os bons momentos através dos depoimentos de escritores

Flica na Rede, programa com memórias da festa, será exibido neste sábado e neste domingo através do canal do Youtube da festa

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Redação iBahia

04/03/2021 às 14:19 • Atualizada em 26/08/2022 às 20:50 - há XX semanas
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Literatura, poesia, amigos, Cachoeira, debates, encontros, cultura, Rio Paraguaçu.Tudo isso pode ser facilmente encontrado em qualquer lembrança da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). Escritoras e escritores que já participaram do evento contaram ao iBahia quais foram os melhores momentos vividos durante as edições passadas.

Flica já reuniu mais de 200 escritoras e escritores ao longo das edições (Foto: Paolo Paes/Divulgação)

A décima edição da Flica não pôde ser realizada em 2020 em virtude da pandemia do novo coronavírus. Porém, as memórias das nove edições desta festa literária tão querida, ocorridas entre 2011 e 2019, serão celebradas através da série Flica na Rede.

O projeto conta com 16 programas a serem exibidos no canal do YouTube da Flica, no sábado e no domingo (6 e 7 de março), em formato de live.

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CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA FLICA NA REDE

Da manhã à noite, o escritor e apresentador Edgard Abbehusen conversa com 48 autores, dos mais variados estilos, como Conceição Evaristo, Laurentino Gomes, Martha Medeiros, Paulo Lins, Mary Del Priore, Xico Sá, Paula Pimenta e Zack Magiezi, internacionais como Pepetela, Gonçalo M. Tavares e Maria do Rosário Pedreira, e baianos como Ruy Espinheira Filho, Antônio Torres, Itamar Vieira Junior, Kátia Borges e Tom Correia, entre muitos outros.

Relembre os bons momentos da Flica através dos depoimentos destas escritoras e destes escritores:

  • Flica 2011 - Depoimento João Vanderlei de Morais Filho (Cachoeira)

O que me marcou na minha participação na primeira Flica, em uma mesa sobre literatura baiana, em homenagem à Damário Dacruz, foi a participação inesperada do saudoso Prof. Dr. Ubiratan Castro, professor Bira, então diretor da Fundacao Pedro Calmon. Na ocasião, ele anunciou o Prêmio Damário Dacruz de Poesia, já extinto. Naquele momento, foi uma grande alegria.

Além disso, a minha primeira professora, Pró Leo, estava me assistindo. Ela está sendo homenageada em meu novo livro, Batismo à Ordem da Verdade (Portuário Atelier Editorial, 2021). Como um poeta e filho de Cachoeira pude participar e acompanhar da Flica desde a primeira edição. Pude presenciar o sucesso da Festa e dos movimentos lolocais vinculados à economia criativa e ao turismo literário. Essas imagens estão grafadas na poesia que a Flica me inscreve.

  • Flica 2012 - Depoimento de Xico Sá (Nacional)

Difícil escolher uma só lembrança na fartura de coisas boas que vi e vivi em Cachoeira, mas vamos ficar com a alegria e comunicação de Jorge Portugal, que estava na mesa da Flica comigo e Márcia Tiburi. Uma energia que só vivi em Cachoeira e em lugar mais nenhum.

  • Flica 2013 - Laurentino Gomes (Nacional)

Eu tenho as melhores lembranças das minhas participações na Flica. Elas foram experiências únicas de contato com os leitores da Bahia, mas também tiveram grande influência no meu trabalho. Em 2018, enquanto eu estava fazendo ainda as pesquisas para a trilogia 'Escravidão', eu voltei à Cachoeira e passei uma noite acompanhando um ritual de candomblé no terreiro Jeje Mahi, no alto de uma colina. Essa experiência foi fundamental para eu construir um segundo volume de 'Escravidão' sobre as religiões de matriz afro no Brasil.

Entrevistei várias pessoas, pais, mães e filhos de santo, especialistas... Foi uma noite mágica, passei a noite assistindo a dança dos orixás e voduns e isso transformou bastante a minha experiência pessoal e também a minha obra. Eu diria que a Flica tem uma marca definitiva na minha história e sou grato a este evento por considerar ele um dos mais charmosos e mais importantes na área literária do Brasil.

  • Flica 2014 - Paulo Lins (Nacional)

Eu falo que sou perfeito porque sou carioca filho de baino. O samba nasceu na Bahia ou no Rio, eu to pouco me lixando (risos). Minha mãe nasceu em Cachoeira e eu nunca tinha ido lá até então. Eu fui pela primeira com meu filho caçula, ele tinha 9 anos na época.

Chegar na cidade da minha mãe, andar ao lado do rio, conhecer Mãe Stella de Oxóssi, foi uma coisa maravilhosa.

  • Flica 2015 - Antônio Torres (Baiano)

A Flica é uma das melhores festas literárias do país, mais animadas, mais bonitas. Lembro da praça e as ruas de Cachoeira cheias de gente, todos a caminho do auditório onde os escritores se apresentavam, passando antes pelo espaço da livraria.

Era uma animação tão grande que parecia uma quermese, um dia de missa cantada na igreja, parecia Festa de São João. Uma festa literária e muito popular. Eu fiquei encantando ao ver aquele bando de gente parando os escritores na rua para falar com eles, pedir autógrafos, qual livro ele preferia, era uma conversa boa no meio da multidão.

  • Flica 2016 - Mary Del Priore (Nacional)

Os eventos organizados pela Flica sempre foram uma oportunidade maravilhosa de encontrar leitores, escritores ou sumidades, como Ieda Pessoa de Castro que tive oportunidade de abraçar e dizer, olho no olho, o quanto a admirava.

Inesquecível, porém, foi a minha primeira Flica. Tinha chegado à Cachoeira e para fazer hora, resolvi visitar a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. Estava no pequeno museu, quando fui abordada por um senhor muito gentil, que para minha surpresa, convidou-me para o aniversário de Mãe Filhinha, uma das mais veneradas Mães de Santo do Recôncavo, e por que não, do Brasil. Aceitei, encantada e depois de comprar-lhe um presente – que o dono da loja na Rua Ana Néri jurou-me que ela iria adorar, uma boneca Barbie– cheguei às portas do Ilê Axê Itayle onde fui recebida de braços abertos por uma senhorinha que irradiava luz, bondade e sabedoria.

Passei uma noite inesquecível, absolutamente imersa no clima de alegria e generosidade que todos ali irradiavam. Ainda tenho a “lembrancinha” da festa que guardei como uma joia, lembrança de outra joia que era a própria Mãe Filhinha.

  • Flica 2017 - Ruy Espinheira Filho (Baiano)

Ter sido escolhido como autor homenageado da Feira do Livro Internacional de Cachoeira, em 2017, foi-me razão para orgulho e felicidade. Orgulho pelo respeito que sempre tive à FLICA, uma das festas culturais mais importantes do Brasil; e felicidade por ser um evento da minha terra, a Bahia.

Por certo já vivi outros momentos que muito me emocionaram – como em Santa Catarina (Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Souza, 1981), Rio de Janeiro (Prêmio Rio de Romance, 1985, prêmio de poesia Ribeiro Couto, UBE, 1988, Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, 2006) e São Paulo, Prêmio Jabuti – 2º lugar, 2006, além de outras figurações como finalista e indicado a outros prêmios nacionais, mas ser homenageado na Bahia tem outro sabor, mais densa alegria.

Por certo devo mais a minha escolha a um dos organizadores da Flica, Emmanuel Mirdad, que sempre tratou com muita consideração a minha obra, sobretudo a poesia. Enfim, foi um dos momentos mais belos da minha vida literária – do qual sempre me lembrarei com muita emoção.

  • Flica 2018 - Dayse Sacramento (Baiana)


A participação dos Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras, plataforma literária de escritoras negras, como convidadas para fazer encerramento da Flica de 2018 significou bastante para nós, pois foi uma oportunidade de colocarmos nossa curadoria dentro da programação da Flica. Nós fomos doze mulheres negras e foi importante para nós estarmos lá, dialogando com as pesquisadoras Florentina Souza e Manoela Barbosa sobre o lugar de produção literária especificamente das escritoras negras. A mesa que propomos foi realizada para um público grande e com um grande percentual de mulheres negras interessadas no tema.

Foi muito importante participar, contribuir com a programação serviu para ter retorno do nosso trabalho que vem sendo construído desde 2017. Para mim, como organizadora e responsável pelos Diálogos Insubmissos, aquele momento serviu também para colocarmos em prática a nossa liberdade de expressão, expressa com a nossa curadoria e com a relevância do debate proposto. Muitas pessoas até hoje ainda comentam sobre aquele momento e isso reforçou o nosso compromisso com a realização e a participação em eventos literários.

  • Flica 2019 - Bárbara Sá, curadora da Geração Flica 2019

Acho que minha lembrança favorita da Filca é o calor humano. A experiência de troca que a gente vive durante os bate-papos, reencontrar o pessoal à noite para conversar sobre a feira e a vida enquanto come algum prato típico. A Flica é pura cultura pessoal, desbravar Cachoeira nos intervalos do bate-papo, correr de um canto para o outro a fim de assistir o máximo possível. É uma experiência que engrandece por si só e é exatamente disso que eu sinto falta, do contato, da troca de experiência, das conversas e das risadas, isso torna o evento algo único.

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