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Makota Valdina e Pepetela também debateram a influência africana no Brasil |
A última mesa da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) teve o intercâmbio político-cultural entre África e Bahia como tema central. O escritor angolano Pepetela e a professora baiana Makota Valdina teceram longas discussões sobre questões políticas e sociais de suas respectivas nações. "A Angola atual é consequência da colonização portuguesa. O que aconteceu é muito importante para que as novas gerações entendam de onde vieram e para onde irão", acredita Pepetela. Militante desde a juventude, o escritor lutou pela independência de Angola, ocorrida em 10 de novembro de 1975. Makota Valdina, notória militante do movimento negro, reconhece a importância da luta empreendida por ela na valorização das culturas de matriz africana na Bahia. "Creio que estou aqui porque empunhei essa bandeira na década de 70. Sempre fui do Candomblé, porque minha mãe foi também. Empunhei a bandeira de militante negra por meio da religião, porque quando entrei, percebi o quanto éramos objeto", declara.
Veja também: Mesa sobre solidão e perda encerra penúltimo dia da Flica Para a professora aposentada, a partir do ano de 2003, o Brasil passou a vivenciar um novo momento histórico. "Tive um país antes e depois de 2003. Temos a oportunidade de ocupar espaços que não ocupávamos antes". A proximidade cultural e política entre Brasil e Angola também foi destacada no bate-papo. "O Brasil foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola. Isso conferiu prestígio particular a esse país, apesar de sempre ter havido uma enorme simpatia", disse. Questionada sobre o ensino religioso nas escolas, Makota bradou: "Escola não tem que ensinar religião, nem a de matriz africana. Tem que ensinar a respeitar até quem não tem religião. É preciso vestir a camisa de educador e educadora", concluiu. No final, Makota apresentou o seu primeiro livro, uma autobiografia a ser lançada no dia 29 de novembro.