Era 1º de janeiro e as praias do Rio estavam em clima de ano novo. Com os pés descalços na areia, o publicitário carioca PJ Pereira, garoto na época, pisou em uma rosa e se furou nos espinhos. Prontamente, um dos parentes disparou: “Tá vendo, por isso que é bom não vir à praia dia 1º, tem um monte de macumba”. A ‘macumba’ ficou gravada na memória do menino. Anos depois, quando se mudou para São Paulo, conheceu um baiano “gente fina”, “generoso”, “sabe uma pessoa boa?”. O colega, que virou seu amigo e padrinho de casamento, é Zeno Millet, neto da famosa mãe de santo Mãe Menininha do Gantois (1894-1986).
“Na hora, pensei: ‘tem alguma coisa estranha. Como pode uma pessoa tão boa ser do candomblé, se o candomblé tem tanta coisa ruim, como dizem? Ou ele está mentindo,ou mentiram pra mim a vida inteira’”, conta PJ Pereira, 40 anos. A descoberta de que tudo não passava de um grave preconceito o inspirou a escrever a trilogia Deuses de Dois Mundos, sobre os orixás. O segundo volume da saga inspirada na mitologia iorubá, O Livro da Traição (Da Boa Prosa/384 páginas) tem lançamento hoje, às 18h30, na Saraiva MegaStore do shopping Iguatemi, com presença do autor, que está radicado em San Francisco, nos Estados Unidos. O livro sai nas versões brochura (R$ 49,90) e capa dura (R$ 59,90). A estratégia de lançamento da trilogia contou com os quase 20 anos de experiência publicitária de PJ. Sócio de Nizan Guanaes na agência Pereira O’Dell, ele conquistou prêmios internacionais como um Emmy e quatro Grand Prix no festival de Cannes.Para a saga, fez um book trailer com Gilberto Gil, Otto, Pupillo, da Nação Zumbi, e Andreas Kisser, do Sepultura. Antes mesmo do lançamento, Deuses de Dois Mundos teve os direitos de adaptação para cinema, quadrinhos e TV vendidos para a The Alchemists, produtora dos seriados Smallville, Heroes e East Los High. A produção do filme será da Disruption Entertainment, produtora de Círculo de Fogo (Guillermo del Toro/2013) e Supremacia Bourne (Paul Greengrass/2004). PRECONCEITO A amizade de PJ e Zeno foi fundamental para criar a saga, cujo primeiro volume, O Livro do Silêncio (264 páginas), já vendeu 12 mil cópias. A ideia de se aventurar na primeira experiência ficcional surgiu depois que Mãe Cleusa Millet, primogênita de Mãe Menininha e mãe de Zeno, morreu em 1998, aos 67 anos. “O velório da mãe dele foi muito triste. Mas achei lindo, respeitoso e delicado. Aí pensei: ‘Isso me foi negado a vida inteira’. Então resolvi escrever para dar acesso a outras pessoas”, explica PJ. Após o primeiro contato, estudou o candomblé para “confrontar os próprios preconceitos”. Leia também Prêmio Espantaxim inscreve textos infantis até dia 31 Feira do livro 'Mundo das Letras' reúne livros para o público infantil
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