Bahia e Angola tiveram um encontro bem descontraído na tarde deste sábado (1), no claustro da Ordem Terceira do Carmo, em Cachoeira. Depois de uma mudança no horário, com direito a atraso da mediadora, o escritor angolano Ondjaki e o baiano Dênisson Padilha Filho bateram um papo com as pessoas que prestigiaram o encontro.
Os dois começaram a conversa como se fossem amigos de longa data e, no entanto, revelaram à plateia que, na verdade, se tinham se conhecido poucas horas antes antes, durante o almoço. Em um bate-papo descontraído o público começou a mergulhar nos modos de fazer literatura dos escritores.Dênisson lembrou que os autores, apesar de estarem escrevendo uma história não são os donos dela. Ele ressaltou, contudo, a dificuldade em deixar os personagens livres para conduzir as histórias por conta própria. “Há situações em que a personagem toma conta da gente. Calar-se e deixar o personagem continuar a história é extremamente difícil”, declarou. Ondjaki, por sua vez, lembrou que é bastante comum que os personagens assumam e conduzam as falas em seus textos. “Eu começo um diálogo e, a partir da terceira frase, já não sou mais eu”, falou.
Durante a mesa, os recém-amigos concordaram com relação ao poder da arte para transformar a sociedade. “A arte inquieta e corrobora as indagações. Ela mostra que a gente está acordado”, opinou Dênisson. Já Ondjaki falou sobre a ligação da literatura com a guerra em seu país. O autor afirmou que não foi influenciado pelo momento, por não tê-lo vivido tão profundamente, mas que acredita que ela deve ter mudado os pensamentos em quem passou por ela, de verdade. “A literatura é onde as coisas se diluem”, afirmou Dênisson.Conto, novela, romance ou tratados?Entuasiasta dos contos, Dênisson lembrou do desafio que é construir bons textos com o menor número de palavras. “O romance é o lugar da digressão e o conto exige concisão”, explicou. Para ele, a dificuldade está no fato de que, quando os textos são pequenos, a carga semântica das palavras é muito maior. O autor finaliza lembrando que os contistas não devem se preocupar com o mercado editorial. “Quanto mais o autor encara a dignidade de escrever, maior é a possibilidade de ser publicado”, completa.*Com supervisão e orientação de Márcia Luz
Ondjaki e Dênisson Padilha Filho se encontraram e fizeram da literatura uma ponte sobre o Oceano Atlântico, unindo Bahia e Angola |
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