Já são 26 as mulheres que acusam o médico Antônio Mangabeira de abuso e importunação sexual durante consultas em Itabuna, no sul da Bahia. Segundo informações da Polícia Civil (PC), na última segunda-feira (5) foram cumpridos mandados de busca e apreensão na clínica OncoSul, onde o oncologista trabalhava. O suspeito segue em liberdade.
O caso envolvendo Mangabeira se tornou público após uma agente de saúde registrar ter sido abusada sexualmente durante uma consulta. A denúncia foi feita na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Itabuna, no dia 9 de julho.
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O profissional já tinha outras três denúncias registradas por importunação sexual em 2023, todas indicando que os atos teriam acontecido durante os atendimentos. Com a repercussão do caso, outras mulheres compareceram à Deam para prestar queixa contra o médico. De acordo com o delegado responsável pelo caso, já são 26 denúncias.
A defesa de Antônio Mangabeira afirmou que está contribuindo com as investigações e que o médico aguarda o momento de depor. O advogado disse ainda que, desde a denúncia da agente de saúde, o médico se afastou voluntariamente da clínica para poder preparar a defesa.
A polícia informou que o suspeito será intimado após o fim de todos os inquéritos e diligências. Não foi informado o prazo para ele depor na delegacia.
Médico é acusado de abuso e importunação sexual na Bahia: relembre o caso
A agente de saúde relatou que consultou o médico para investigar um desconforto no estômago e tonturas frequentes. Na segunda consulta, ela passou mal e percebeu atitudes suspeitas, como toques e beijos. "Eu vi o jaleco dele melado de batom, mas achei que, por estar tonta, era coisa da minha cabeça", disse.
Na terceira consulta, ela confirmou o abuso sexual. Segundo Romilda, o médico tocou nos seus seios e parte íntima, e também a beijou. "Eu percebi que era um abuso, que eu estava sendo abusada", contou.
Ao sair da clínica, Romilda foi até a Deam de Itabuna e registrou a queixa. O caso é investigado pela Polícia Civil da cidade como estupro.
Outra vítima do suspeito é a empresária Carlessandra Dias Pereira, que procurou o médico no último ano, após sofrer uma perda gestacional. Durante a consulta, o médico tocou nas partes íntimas da empresária de maneira que a deixou bastante desconfortável.
"Como ele é médico, pensei que fosse um exame de rotina. Só percebi que foi uma importunação sexual quando ele pediu para ficar de pé e abrir os braços. Ele veio por trás, me abraçou, apalpou minha virilha e ficou se encostando em mim. Fiquei sem reação", relembrou.
Confira o posicionamento da clínica OncoSul, onde o oncologista trabalhava:
"Com mais de 35 anos de atuação, a OncoSul conta com um vasto corpo clínico e uma equipe de funcionários comprometidos com o bem estar e a dignidade humana. Repudiamos veementemente qualquer forma de assédio e reafirmamos nosso compromisso com a ética e a transparência. Estamos colaborando integralmente com as autoridades competentes para a investigação dos fatos, que devem ser apurados pelas instâncias legais, sempre com respeito ao contraditório e ampla defesa.
Aos nossos pacientes, podemos assegurar que as medidas apropriadas serão tomadas, para preservar a integridade e a confiança de todos os que buscam os nossos serviços".
Confira o posicionamento do advogado do médico suspeito:
"A liberdade de expressão é balizada pelo binômio liberdade e responsabilidade e deve observar o princípio constitucional da presunção de inocência. Embora Dr. Mangabeira esteja ávido para esmiuçar cada prova e apresentar sua defesa pessoal, os trâmites legais e sigilo das investigações impedem que ele venha a público se defender nesse momento, tendo a autoridade policial já anunciado que irá ouvi-lo por último. Assim, resta somente opção de acessar o judiciário para ter o mesmo direito de qualquer outro cidadão de não ser tratado publicamente como culpado antes de ao menos ter sido ouvido, muito menos processado e condenado. Ademais, são 68 anos de vida e 42 anos de profissão sem uma mácula".
Confira a nota do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia:
"O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informa que tomou conhecimento do caso através da imprensa e das redes sociais, abrindo assim uma sindicância ex-officio para apuração.
Em tempo, o Cremeb orienta que as denunciante(s) também registre(m) a sua(s) denúncia(s) na entidade. A denúncia pode ser feita na Representação Regional Sul, em Itabuna, ou através do Portal Cremeb, seguindo os pressupostos informados no próprio site.
Em decorrência da disposição prevista no Código de Processo Ético-Profissional, esclarecemos que todas as sindicâncias e processos na autarquia federal tramitam em sigilo processual, respeitando o amplo direito de defesa e o contraditório. Por fim, havendo sanções públicas transitadas em julgado, serão disponibilizadas para conhecimento da sociedade".
Redação iBahia
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