Todo dia 31 de março é lembrado como o Dia Internacional da Visibilidade Transgênero - Transexuais, Travestis e pessoas Não-Binárias-. Essa data foi criada em 2009, em Michigan, nos Estados Unidos. No Brasil, a pauta também é lembrada no dia 29 de janeiro.
Apesar de alguns fazerem referência à ocasião como uma celebração, outros destacam como sendo um momento de reflexão, conscientização e resistência. Afinal, infelizmente, as pessoas trans enfrentam preconceitos e discriminações diariamente.
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Uma prova disso é que, segundo o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo.
Em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no país. Outras 20 tiraram a própria vida em virtude de discriminação e do preconceito. A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos. Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos.
Pensando em reforçar a importância do debate e da conscientização acerca da visibilidade trans, o portal iBahia colheu depoimentos de pessoas trans da Bahia que destacaram o que significa, de fato, ter visibilidade trans.
Confira:
Ayana Macedo, 22 anos, Salvador/BA, maquiadora
"Visibilidade é sobre a importância em que carregamos na sociedade como corpos trans, em que a nossa existência carrega uma série de fatores. Dentre elas, a questão de não ser aceitada e respeitada pelas pessoas e pelos ambientes em que vivemos. É também sobre lutar nesses ambientes, estando ali, mostrando nossos talentos e capacidades. Estando ciente do que podemos conquistar e podemos alcançar com as nossas próprias capacidades, visibilidade vai além do ser visível – considerando todo o contexto das nossas vulnerabilidades -".
Jão Nogueira, 28 anos, Salvador/BA, artista e produtore cultural
"Visibilidade para mim é ter acesso a emprego, família, universidade, saúde, lazer, alimentação, afeto. Direitos básicos, dignidade, que nos são negados. Não queremos só aparecer em uma reportagem para falar sobre ser Trans, mas, sim, em todo o resto, sobre nossa subjetividade que nos é negada o tempo todo".
Lee Kai Araújo Ferreira, 28 anos, Salvador/BA, gerente de operações
"Ter visibilidade trans é poder ser, poder se mostrar, se sentir seguro com quem somos e, acima de tudo, não ter medo de viver em sociedade. Ter visibilidade trans é se sentir incluso, acolhido... É poder ter oportunidades, acesso a saúde, emprego, informação. Temos lutas diárias, mas estamos cada vez mais fortes em busca de nossos direitos, em busca de sermos quem somos sem medo".
Luan Manajara Silva Dantas, 23 anos, Barreiras/BA, optometrista
"Visibilidade trans é ser percebido, para assim ser tratado e visto com naturalidade, pois somos dignos de afeto e respeito. Ter nossas histórias contadas para além das notícias ruins, mostrando assim que para viver e ser feliz não precisa sentir dor".
Pietro Vitorio, 21 anos, Salvador/BA, auxiliar administrativo
"Para mim, ter visibilidade trans é expor situações em busca de melhorias. Assim, aprendendo mais sobre o assunto, espalhando a informação e dando oportunidade a nós pessoas trans".
Rodrigo Alencar Cardoso, 24 anos, Salvador/BA, estudante de educação física
"A visibilidade trans para mim é muito importante. Há algum tempo não tínhamos políticas públicas voltadas para nós, não tínhamos oportunidades de emprego, e hoje temos alguns avanços. Então, a visibilidade serve para isso. Sei que é uma luta, onde estamos o tempo todo correndo contra os padrões que são impostos pela sociedade, mas aos poucos vamos conseguindo conquistar esses espaços".
Tifanny Conceição, 24 anos, São Francisco do Conde, coordenadora de políticas LGBT+ da Bahia
"Vivemos do país que mais de uma década ocupa o topo da lista dos países que mais mata pessoas transexuais e travestis, mas antes do assassinato existe uma série de outras violações. Reivindicar visibilidade é ter a possibilidade de construir diálogos sobre essa realidade e realizar ações concretas para reverter dados estatísticos que deixam evidente a negação de direitos básicos".
Elson Barbosa
Elson Barbosa
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