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Dia Internacional do Orgulho

Famílias LGBTQIAPN+ reafirmam existências e celebram amor nas redes

Conhecidos pelos milhares de seguidores como '2 Mães e os Gêmeos' e 'Pais de 3', os casais Bruna e Camila e Carlos e Lucas conversaram com o iBahia

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Alan Oliveira

28/06/2023 às 8:00 • Atualizada em 28/06/2023 às 9:04 - há XX semanas
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					Famílias LGBTQIAPN+ reafirmam existências e celebram amor nas redes
Foto: Reprodução/Instagram

Dois casais LGBTQIAPN+ tem dividido com outros influenciadores o importante papel de reafirmação da existência de famílias da comunidade nas redes sociais. Ao lado dos filhos e filhas, eles mostram o dia a dia do amor que existe nas relações entre eles, tendo cada um suas particularidades. Nesta quarta-feira (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, o iBahia compartilha essas histórias de representatividade.

Na web, eles são conhecidos como "2 Mães e os Gêmeos" e "Pais de 3", mas, para além das páginas que administram, respondem por Bruna Vioto e Camila Lourenço e Lucas Rabello Monteiro e Carlos Henrique Ruiz. Quatro pais com famílias grandes, que iniciaram as atividades on-line durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19. Os dois casais bombaram inicialmente no TikTok e depois migraram para o Instagram.

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"Antes mesmo da gente criar, as pessoas que já conheciam a gente, que perguntavam, já tinham essa curiosidade, e aí a gente resolveu criar. O primeiro post que viralizou foi um da Marina e do Valentim falando que não tinha papai, que tinha duas mães e que a família deles era feliz", detalha Camila.

Atualmente, Bruna e Camila acumulam 146 mil seguidores na rede social. Já Carlos e Lucas têm 163 mil. São pessoas que acompanham as histórias, experiências e brincadeiras mostradas todos os dias nos perfis das famílias.

"A gente foi vendo a importância de naturalizar família iguais as nossas, de dar voz a crianças pretas, de dar voz a casais homoafetivos, a família interraciais, à adoção", contou Carlos Henrique.

Como os nomes das páginas já dizem, elas são mães de gêmeos, a Marina e o Valentim. Já eles são os pais dos irmãos Kawã, Edgar e Ketlin. Crianças que chegaram para completar as famílias por diferentes meios.

2 Mães e os Gêmeos


				
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Foto: Reprodução/Instagram

Juntas desde 2012, quando ainda eram adolescentes que estudavam na mesma escola, Bruna e Camila viram o amor crescer da amizade. A vontade de ser mãe já era dividida por elas na época, porém não esperavam que iria acontecer antes dos 30 anos.

"Isso já era uma coisa que a gente tinha na cabeça desde sempre. Então, a partir do momento em que a gente resolveu namorar e depois casar, a gente já sabia que a gente planejava ter filhos", conta Camila.

A etapa da vida foi antecipada por um tumor que cresceu em um dos ovários de Camila. Na época, ela já não tinha o outro, pois havia removido na adolescência por causa de um problema de saúde. Com a possibilidade de não poder mais ter filhos, as duas, orientadas por médicos, passaram a buscar formas de ser mães.

"Foi um tumor benigno, deu tudo certo, mas, na época em que a gente descobriu, foi um baque. E o médico falou: 'Olha, se você pretende ter filhos, eu aconselho a você congelar óvolus, porque você corre o risco de perder esse único ovário que você tem'", explicou Camila.

Em um primeiro contato, o valor dos procedimentos assustou o casal. No entanto, a situação mudou depois que descobriram que poderiam ter descontos doando óvulos para a clínica onde buscaram atendimento.

"A gente gastou mesmo com alguns exames, que o convênio não cobria, e com de sêmen que veio internacionalmente. Com a clínica em si, a gente não gastou por causa da doação", disse Camila.


				
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Foto: Reprodução/Instagram

E foi na primeira tentativa que os gêmeos se desenvolveram, para a surpresa do casal, que vive na cidade de Salto, no interior de São Paulo. "Foi um susto porque normalmente um dos embriões para de desenvolver. E quando a gente foi fazer a ultrassom os dois estavam lá firmes e fortes. Então, foi um choque, mas a gente sabia da possibilidade de vingar os dois", contou Bruna.

Agora, aos 3 anos, os pequenos têm ajudado Camila e Bruna no processo de construção e manutenção da maternidade. "Criar não é algo instintivo. Você tem que aprender a criar e quebrar ciclos", explica Bruna.

"A nossa família significa resistir. Apesar de tudo, a gente está aqui mostrando todo os dias que a gente é uma família comum", continuou Bruna.

Pais de 3

Com Lucas e Carlos Henrique a situação não foi diferente. Quando os dois venceram o processo de adoção e conseguiram finalmente receber os filhos na casa onde vivem, no Rio de Janeiro, eles enfrentaram alguns desafios.

Para além do preconceito por causa da sexualidade, o casal, que se conheceu nas redes sociais em 2008 e está junto desde 2009, também vivencia a questão racial. "A gente não tem esse local de fala para falar sobre isso, mas a gente vivencia também com os nossos filhos", detalha Lucas.

Pais brancos de filhos negros, eles passaram a estudar mais para entender e saber como lidar com situações enfrentadas pelas crianças. "Os nossos filhos não se reconheciam como negros. A gente falava e eles falavam: 'Não, a gente não é, a gente é moreno'. Tentando diminuir a cor, a ancestralidade, e a gente teve que estudar isso juntos", contou Carlos Henrique.

Carlos Henrique conta que aos 5 anos a filha se pintava como uma menina de cabelo liso, loira, de pele clara, e naturalizava isso, porque era como ela se via na época. "A gente sempre foi bastante crítico. A gente se achava fora de bolhas, mas a gente só está em uma bolha um pouquinho maior, porque em bolhas a gente sempre está", explicou Carlos Henrique.


				
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Foto: Reprodução/Instagram

"A gente teve que desconstruir muitas coisas dentro de nós. Começamos a ter percepções mais aprofundadas em relação ao racismo, à estrutura racista no nosso país, e como isso mexe com a autoestima, como mexe com o desenvolvimento da pessoa", completou.

Exemplo disso é o vídeo que tornou a família conhecida. Carlos Henrique lembra que nas imagens aparecia ao lado de um dos filhos e os diferentes tons de pele abriram espaço para comentários preconceituosos.

Foi a partir daí que a família passou a aparecer mais e a debater o assunto com os seguidores. Durante a entrevista, Lucas e Carlos Henrique contaram que há muita negatividade nas reações, mas que o amor acaba sempre sendo maior.

"A gente precisa falar sobre as pessoas que falam mal sem saber, por preconceito, por racismo, por homofobia. Então, a gente sempre levanta essas questões. A gente tenta também tratar sobre essas questões de forma leve, de forma divertida, mais ácida também", falou Lucas.

Nesta quarta-feira, a família comemora aquilo que para eles "motiva todos os dias a conseguir ser mais forte em um mundo com tanto preconceito".

"A nossa família, do jeito que ela é hoje, é uma dádiva, é um presente que a gente ganhou e ao mesmo tempo construiu, porque é o fruto de um relacionamento que, graças a Deus, é sólido, é feliz, e para a gente é a nossa felicidade", ressalta Carlos Henrique.


				
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