Os diretores da marca baiana Dendezeiro, Hisan Silva e Pedro Batalha, foram os convidados da Live Fervo das Cores desta sexta-feira (28). Durante o bate papo com o repórter Elson Barbosa, a dupla falou sobre o processo de criação da marca, o sucesso no Brasil e no mundo, assim como a força e a representatividade propagada através da marca.
Muito determinados, Hisan e Pedro sempre souberam o que queria e a ideia de criar a Dendezeiro surgiu dessa certeza. "O que a gente sempre quis era criar um espaço de representação, conforto e confiabilidade, até para nós mesmos, nós sempre tivemos essa demanda", pontua Hisan.
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A procura por criar uma alternativa com maiores possibilidades de tamanhos e estilos, a dupla resolveu investir na própria marca que, assim como eles, era cheia de estilo e representatividade. O nome "Dendezeiro" veio para enfatizar essas características e marcar a origem baiana da iniciativa. "Sempre tivemos essa ideia de dominar o mundo e pensamos, já que vamos dominar o mundo, vamos escolher um nome que em qualquer lugar as pessoas vão saber de onde essa empresa saiu", detalha Hisan.
Baseada em pilares de gênero, sexualidade e raça, a Dendezeiro busca trazer em suas modelagens e peças estruturas que desafiem anos de construções enquadradas em uma dualidade de gênero. Esse processo foi construído ideologicamente, mas transparece nas fotografias e looks, dessa forma escapando da ideia de gênero binário.
"[É preciso] quebrar um pouco com essas lógicas [binárias] para que a sua modelagem e sua roupa consiga se adaptar com ou na ausência de atributos físicos. Para além de se pegar uma peça de roupa - historicamente associada a uma moda dita feminina, como uma saia, por exemplo - e trazer isso em um homem cis, é preciso também [construir] uma proposta de: como fazer essa roupa para uma pessoa que tem o busto grande? Como eu posso desenvolver essa roupa para uma população de que usa binder , como é o caso da população trans? Como eu consigo desenvolver uma roupa que possua uma cintura e uma silhueta sem uma referência visual ligada ao feminino e ao masculino? (...) Nossa proposta é estudar ferramentas, tecnologias dentro da modelagem que faça com que as peças abracem o corpo, [a peça] não pode disputar com seu corpo", detalha Pedro Batalha sobre o intenso processo reflexivo proposto e colocado em prática através das roupas da marca.
Sucesso fora do estado, e do Brasil, A Dendezeiro participou da São Paulo Fashion Week, com uma homenagem às baianas de acarajé através da coleção ‘Tabuleiro’. A dupla já vestiu artistas como Majur, Trevo, Vitão e Larissa Luz e já assinou o figurino do Balé do Teatro Castro Alves e da Orquestra Afrosinfônica no espetáculo Viramundo - em homenagem aos 80 anos de Gilberto Gil. Com o olhar no futuro, Hisan e Pedro observam na atualidade uma apropriação da moda cada vez mais pessoal, movimento que potencializa a moda não só como representatividade, mas como comunicação.
Confira o bate papo completo:
Redação iBahia
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