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FERVO DAS CORES

Ex-goleiro do Bahia, Emerson Ferreti fala sobre ser gay no futebol: ‘Ainda não estão preparados’

Atleta, que já passou pela Bahia e Vitória, assumiu recentemente a homossexualidade

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Elson Barbosa

23/10/2022 às 9:00 • Atualizada em 23/10/2022 às 12:27 - há XX semanas
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					Ex-goleiro do Bahia, Emerson Ferreti fala sobre ser gay no futebol: ‘Ainda não estão preparados’
Foto: Divulgação

Ídolo do Bahia, revelado pelo Grêmio e com passagens pelo Vitória, Flamengo, entre outros times, o ex-goleiro Emerson Ferreti assumiu em agosto deste ano a homossexualidade. Atualmente com 51 anos, o atleta passou grande parte da vida tentando lidar com essa realidade da forma mais oculta possível.

Medo, insegurança, ausência de diálogo, foram algumas questões que estiveram presentes durante muitos anos no dia a dia do jogador. Em entrevista ao Fervo das Cores, do portal iBahia, Ferreti destacou que desde a adolescência já notava sinais do sentimento relacionado a homens. Confira a entrevista completa:

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Ao falar sobre ser LGBTQIAPN+ no mundo do futebol, ele destacou que, infelizmente, o ambiente ainda não está preparado para lidar com essas diferenças. “O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu acredito que a modalidade ainda não está preparada para aceitar um atleta assumidamente gay. Ainda precisa haver uma evolução, uma educação [...]. E não digo isso apenas por parte dos players de futebol, mas também dos torcedores”, disse.

Durante o bate-papo, Emerson frisou que a sociedade ainda atrela o futebol a algo relacionado apenas ao universo dos “machos”, como se a homossexualidade tirasse o direito do homem de fazer parte do esporte.

“Futebol sempre foi tido com algo de 'macho', de 'homem', que precisa de virilidade. E, erroneamente, essas coisas não são associadas aos gays. Então, esse discurso se repete. Inclusive, passei a minha vida inteira ouvindo isso”, contou.

Sobre jogadores “no armário” – termo relacionado a pessoas que não são assumidas -, o atleta destacou que justamente por causa dos pensamentos homofóbicos alguns profissionais gays acabam escondendo detalhes da sua vida ou até mesmo casando com mulheres, na tentativa de proteger-se de qualquer preconceito. “Toda essa realidade acaba afastando os gays do futebol e os que estão nele, sejam jogadores, técnicos, árbitros, preferem esconder e até mesmo optam por casar com mulheres, porque dessa forma eles se enquadram em um padrão aceito dentro do contexto”.


				
					Ex-goleiro do Bahia, Emerson Ferreti fala sobre ser gay no futebol: ‘Ainda não estão preparados’
Foto: Divulgação

Quando percebeu que era gay

“Eu entrei no futebol com 8 anos e só parei com 35. Eu percebia já pelas conversas com outros garotos de que eu não me identificava com eles. Acabava que eu sempre ficava deslocado durante esses diálogos. Porém, nessa época, eu ainda não entendia o que era isso”, detalhou Emerson, que, inclusive, chegou a achar que o interesse por homens seria algo passageiro.

A ausência de diálogo, principalmente com pessoas que lidavam com as mesmas questões, foi motivo de muitos questionamentos na vida do ex-Bahia.

“A minha infância e adolescência aconteceram em uma outra época, em que não existia internet, então o acesso à informação era menor. Então, essa facilidade que hoje nós temos de fazer pesquisa, se conectar com outras pessoas ou grupos com os mesmos pensamentos e interesses, não existia naquela época. E passar por tudo isso, sozinho, sem poder conversar com ninguém, foi muito difícil”, relembrou.

Apoio

Desde que assumiu ser gay, Emerson vem recebendo o apoio de admiradores, atletas e até mesmo de times por onde passou. Apesar de entender que essa aceitação não é comum para todos, ele detalhou que o acolhimento do público foi melhor do que esperava.

“Isso me surpreendeu! Até mim, não chegou nenhum tipo de relato, agressão. Pelo contrário, após dois meses que falei sobre o assunto abertamente, sigo recebendo carinho, apoio. Inclusive, as pessoas que me abordam na rua sempre fazem isso de uma forma muito mais respeitosa, talvez pela coragem de ter me posicionado e também pela forma como fiz isso”, enfatizou.   

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