Os artistas mais expressivos no decorrer do século 20 tiveram um forte envolvimento com movimentos políticos da época. Frida Kahlo foi uma delas. A artista revolucionária é das massas e sempre esteve preocupada com a militância feminina. Apesar de ter em sua trajetória momentos emblemáticos, que a fizeram questionar a própria via, ela se abriu para o mundo e por causas que iam além do lugar onde vivia.
"Nesse século, muitos estudiosos, pesquisadores, filósofos como Jean-Paul Charles, Simone de Beauvoir e artistas como por exemplo Frida Kahlo tiveram uma atuação muito forte não só na política, mas na arte. A arte no decorrer do século XX passou a ser vista não como algo decorativo ou estético, mas uma forma de expressar suas indignações e seu entendimento do mundo que está em sua volta", explicou o historiador Rafael Dantas.
Leia também:
Com consciência social e a fim de romper barreiras do machismo e dar voz a mulher, Frida resolveu se envolver com lutas populares, principalmente, voltado para as mulheres, a partir de 1920. Neste mesmo ano, ela se filiou ao Partido Comunista Mexicano (PCM) e também ao grupo "Los Cachuchas", que militava em defesa do socialismo.
Ela foi personagem necessária durante a Revolução Mexicana. No ato, a artista foi responsável por romper padrões estéticos e criar uma identidade nacional com cores vivas, texturas e que trouxe esperança ao povo.
"Frida, talvez, seja das personagens que mais se destacaram por tratar de pontos específicos. Primeiro pela questão de gênero que está muito presente em seus trabalhos, segundo pela abordagem crítica ao passado colonial no contexto americano especialmente pela intervenção espanhola e pela postura evidentemente do lado esquerdo, tanto dela, quanto do esposo Diego Rivera. Frida vai moldando a sua arte e se mostrando enquanto espaço de grandes transformações", pontuou ele.
A Revolução Mexicana foi um ato contra a ditadura de Porfírio Díaz e a favor de um governo popular e reformista para dar fim a desigualdade social. Na época, Frida insistiu que nascera no ano de 1910, ano da revolução, quando na verdade ela chegara ao mundo em 1907. A revolução foi a precursora da "Mexicanidade", um surgimento de uma identidade cultural.
A pintora mexicana retratava em seus quadros tragédias de sua vida e também de seus amores. O símbolo comunista da foice e o martelo também são marcas presentes em suas obras. As ferramentas eram pintadas em meio a flores cheias de cor. Em resumo, Frida foi uma mulher que expressou todos os seus sentimentos através de suas peças.
"É interessante falar sobre o histórico dela enquanto pessoa. Por ser mulher, ela foi uma expressão das pautas colocadas no cotidiano. Ela e o marido foram artistas que usaram e abusaram de todo o tipo de referência da questão social. A imagem de Frida pós-atuação de vida continua muito presente. Afinal, os artistas se tornam imortais por causa de suas obras. A imagem de Frida é sempre reavivada [em camisas, fotos, publicações nas redes sociais] como exemplo de mulher, que teve uma atuação bastante forte no seu tempo e que teve pautas progressistas naquela época, ou seja, isso é uma forma de reavivar o lado político de Frida e de todas as suas obras", completou o historiador.
Amores na política
A política fez com que Frida encontra-se dois amores: Diego Rivera foi o primeiro deles. Diego foi um artista plástico mexicano e também um dos mais importantes pintores do "Muralismo Mexicano". Ele também foi militante do Partido Comunista. A artista conheceu o homem na infância, mas só se apaixonou por ele na vida adulta. Na época, ela tinha 22 anos, já Diego, 43. O casal se manteve junto por cerca de 25 anos.
O relacionamento entre eles foi abusivo e cheios de traições por ambos os lados. Vale destacar que a mexicana era bissexual e ficava tanto com homens, quanto com mulheres. Uma das amantes mais emblemáticas de Frida foi a cantora Chevela Vargas.
Em uma das traições, Frida encontrou um segundo amor: Leon Trótsky. O soviético e intelectual marxista foi asilado ao lado da esposa, Natalia Sedova, no México. O casal foi abrigado na famosa Casa Azul, casa de Frida e Diego. Os dois, então, se apaixonaram um pelo outro.
Frida almejava trair Diego com o revolucionário soviético, enquanto Trótsky esteve apaixonado pela artista mexicana. O romance foi intenso e ascendeu em meio a assuntos e ideais políticos transmitidos um para o outro. Nessa época, o mundo encarava a ascensão do facismo na Europa, além do stalinismo na União Soviética.
A paixão fez com que a artista prestasse uma homenagem em uma de suas peças: "Retrato de Trótski", pintado em 1937. O romance entre os dois durou seis meses. Trótski foi assassinado no México, após levar golpes de picareta por um homem pago por Stalin, em 1940.
No livro "Frida e Trótski - A História de Uma Paixão", o autor Gérard de Cortanze, revelou detalhes da paixão secreta entre as duas famosas figuras: "Frida dirá que esses momentos foram os mais felizes de sua vida e aqueles em que ela pintou mais quadros, e os mais importantes. Leon [que não abandonou Natalia] sustentará que esse amor foi o último grande amor de sua vida e o mais intenso".
"Aquilo [o romance] foi uma colisão de dois universos, dois cometas que nunca deveriam ter colidido. Acho essa história de amor, que pode ser a história de todos, particularmente interessante – em geral e neste caso específico, dado o contexto político e cultural em que está inserida", contou ele.
Exposição de Frida Kahlo em Salvador
Para conhecer ainda mais a história da artista, uma visita à exposição imersiva sobre Frida Kahlo, em cartaz no Salvador Shopping, em Salvador, é uma parada obrigatória.
Pela primeira vez no Brasil, a mostra internacional “Frida Kahlo- A Vida de Um ícone” é a maior exposição imersiva criada em torno da vida e obra da mexicana.
A biografia mostra a trajetória da artista distribuída em uma jornada interativa por 10 ambientes. O local explora a história da da artista por meio de coleções de fotografias históricas, filmes, ambientes digitais, instalações artísticas e itens de colecionador.
Vinda de Barcelona, na Espanha, segue para São Paulo depois de Salvador, dando seguimento à turnê nacional. Na capital baiana, fica em cartaz até 4 de dezembro.
A visitação está disponível todos os dias, das 10h às 21h, Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), de segunda a quinta, das 10h às 17h40, R$ 75 (inteira) e R$ 37,50 (meia) a partir das 18h até as 21h. De sexta a domingo o valor é de R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). É possível adquirir ainda uma entrada VIP Experience no valor de R$ 150.
SERVIÇO
- Exposição imersiva Frida Kahlo – A Vida de um Ícone
- Quando: 5 de outubro a 4 de dezembro
- Onde: Salvador Shopping
- Visitação: segunda a sábado, das 10h às 21h; domingo, das 10h às 20h
- Ingressos: segunda a quinta (10h às 17h40): R$ 60 / R$ 30; segunda a quinta (18h às 21h): R$ 75 / R$ 37,50; sexta a domingo: R$ 100 / R$ 50; VIP Experience: R$150
Vendas: Eventim e Frida Kahlo Salvador
Leia mais sobre Frida Kahlo em Salvador no iBahia.com e siga o portal no Google Notícias.
AUTOR
Lucas Sales
AUTOR
Lucas Sales
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade
