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FRIDA KAHLO EM SALVADOR

Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo

A arte de Frida Kahlo é um retrato da vida pessoal da artista, que abordou temas como solidão, dor, sofrimento, amor e vida

foto autor

Nathalia Amorim

13/11/2022 às 14:00 - há XX semanas
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					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo

A arte de Frida Kahlo está, essencialmente, atrelada à vida pessoal da artista. Do sofrimento à solidão, mergulhando no auto existencialismo e nas representações da família, a obra de Frida é o olhar dela sob si no mundo.

A pintura de Frida veio da dor, após o acidente aos 18 anos em que uma barra de ferro a atravessou desde a região da barriga até a vagina. Por causa disso, a artista ficou meses com o corpo imóvel e engessado, passando por mais de 30 cirurgias para minimizar os danos causados pelo ferimento. Foi na pintura que ela achou uma forma de passar o tempo, expressar os sentimentos e existir perante a dor.

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Daí surgiram diversos autorretratos, incluindo a primeira obra de Frida, "Autorretrato em vestido de veludo", que fez para o namorado Alejandro Gómez Arias na época. As pinturas refletiam os sentimentos e também os acontecimentos da vida de Frida que a levaram até aquela situação.

No quarto em que pintava, na Casa Azul, os espelhos instalados pelos pais da jovem Frida a faziam refletir sobre a própria imagem, o que fez com que grande parte da obra dele fosse baseada na criação de autorretratos. A representação de si também se tornou a da família. O berço de Frida foi registrado não só como fonte de sofrimento, mas como forma de reconhecimento da genealogia e origem.

A solidão em contraste aos amores vividos também estão presentes nas obras, que apesar disso nunca deixaram ter cores fortes e elementos que traziam ainda mais simbolismo à arte de Frida Kahlo. No entanto, essas marcas surrealistas por vezes foram negadas pela artista, que defendia que pintava a própria realidade, e não o sonho. Um inquérito sobre a parte mais profunda de si mesma.

Olhos perdidos e amedrontados. Animais e raízes. Fitas, saias longas, cores. O contraste de uma vida dedicada à arte. Mergulhe na obra de Frida Kahlo ao longo do tempo e conheça algumas das obras mais famosas da artista:

Autorretrato com Vestido de Veludo (1926)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

O primeiro quadro de Frida Kahlo, segundo especialistas, é datado de 1926. Logo após o acidente, acamada e sem poder se movimentar direito, os pais da artista incentivaram a pintura como forma de passar o tempo e lidar com a dor. Um espelho foi colocado no quarto de Frida, e foi olhando para ele, que ela fez o primeiro autorretrato.

A obra foi pintada para o antigo namorado de Frida, Alejandro Gómez Arias. A pintura traz Frida com um longo vestido vermelho de veludo, de onde veio também o nome da obra. Ao fundo, o mar, símbolo da vida, e uma única nuvem representando as dificuldades pelo caminho.

“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor" - Frida Khalo.

O bonde (1929)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

O acidente de bonde de Frida Kahlo, em 17 de setembro de 1925, marcou o resto da vida da artista e, de certa forma, a transformou em quem se tornou.

Quando viajava com o namorado rumo à Coyoacán, um caminhão se chocou contra o bonde em que ela estava. Uma barra de ferro acertou o corpo de Frida, acertando a pelve até a barriga. Ela retratou o acidente 2 anos depois, após começar a pintar, enquanto estava acamada e engessada se recuperando do acidente.

Especula-se que Frida Kahlo passou por mais de 30 cirurgias na tentativa de melhorar os danos e ferimentos causados pelo acidente.

Frida e Diego Rivera (1931)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

Frida Kahlo e Diego Rivera se conheceram em 1922. Sete anos depois, os dois se casaram. Até hoje especula-se que tenha sido ele o amor da vida da artista.

Diego era 21 anos mais velho, era pintor, assim como Frida, e incentivou o talento da artista. Apesar disso, a relação entre os dois foi conturbada, com muitas traições mútuas e idas e vindas.

O quadro é um registro feito pelo próprio casal quando foi morar nos Estados Unidos, em 1930, onde ficara até o ano de 1934. A pintura foi feita anos após o casamento e traz um recado da própria Frida Kahlo escrito na pintura.

"Aqui nos vêem. Eu, Frida Kahlo, com o meu adorado marido Diego Rivera. Pintei estes retratos na bela cidade de São Francisco, Califórnia, para o nosso amigo Sr. Albert Bender, e foi no mês de Abril do ano de 1931".

Meu Nascimento (1932)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

Em 1932, Frida pintou a tela "Meu Nascimento", representando o próprio parto. O quadro, um dos mais fortes e explícitos de Frida, traz a mãe coberta por um lençol branco, o que poderia representar a morte. Enquanto o bebê, desemparado e sozinho, metade dentro do ventre e metade fora, tenta sair para o mundo. Sozinha.

A mãe de Frida sofreu de depressão pós-parto, e não pode amamentar a artista. Uma ama de leite foi quem alimentou a pequena Frida Kahlo nos primeiros meses de vida. O quadro é uma das muitas representações de solidão na vida de Frida, representada em diversas obras da artista mexicana.

Hospital Henry Ford (1932)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

No mesmo ano, Frida Kahlo pintou o "Hospital Henry Ford". Extremamente pessoal, a obra é o retrato doloroso de um abordo espontâneo da artista enquanto estava nos Estados Unidos.

Por causa do acidente, a primeira gestação de Frida ocorreu com diversas complicações e necessitava de total repouso. Apesar disso, Frida não conseguiu ter a criança. O aborto começou em casa, mas se concretizou no Hospital Henry Ford, que dá nome ao quadro.

A artista tentou levar o feto para casa, mas não foi permitido e, deprimida, pintou o quadro a partir da descrição dos médicos e do marido. No centro da cama, uma Frida encolhida e ensanguentada aparece ao redor de seis elementos.

No centro, o feto morto. Há também um caracol, que segundo a própria artista representa a lentidão do aborto, um gesso ortopédico, um esterilizador a vapor, um osso da bacia e uma orquídea lilás, que teria sido oferecida pelo marido de Frida, Diego Rivera.

O aborto registrado não foi o primeiro enfrentado por Frida. A artista perdeu, ao menos, mais duas crianças ao longo da vida. Uma, 2 anos antes do quadro ser pintado, e outra, logo após a morte da mãe, que fez Frida adoecer profundamente.

Meus Avós, Meus Pais e Eu (1936)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

Além dos autorretratos, uma das maiores marcas da arte de Frida Kahlo, ela também representou a família na obra dela. No quadro "Meus Avós, Meus Pais e Eu", de 1936, ela retratou os familiares em uma árvore genealógica.

A mãe de Frida, Matilde Calderón, era de origem Oaxaca e não sabia ler ou escrever. O pai, Guillermo Kahlo, emigrou com 18 anos da Alemanha para o México. Tanto o pai de Frida quanto o seu avô eram fotógrafos.

No ventre da mãe aparece um feto, ainda ligado pelo cordão umbilical. Logo abaixo do feto está uma ilustração do encontro de um óvulo com um espermatozóide. A retratação do casal lembra uma fotografia de casamento.

Ao lado da mãe de Frida estão os avós maternos, o índio Antonio Calderón e a esposa Isabel González y González. Ao lado do pai estão os avós paternos, os europeus Jakob Heinrich Kahlo e Henriette Kaufmann Kahlo.

A obra representa a genealogia híbrida de Frida e como ela se via ainda presa às raízes, às características familiares, principalmente físicas.

Minha Ama e Eu (1937)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

Em 1937, um novo quadro retratando a infância. Frida relembrou, em "Minha Ama e Eu", a época em que a mãe sofreu de depressão pós-parto, e a pequena Frida Kahlo foi alimentada por uma ama de leite, quando tinha apenas 11 meses de vida.

Especula-se que a mãe de Frida, Matilde Calderón, depois que deu à luz um novo bebê, Cristina, entregou a artista a uma ama de leite indígena, prática considerada comum no México daquela época.

O quadro choca pela exposição e pela composição. Nos braços da ama de leite, Frida Kahlo aparece em um corpo de bebê com cabeça de adulto. A mulher que a segura, no entanto, não tem feições definidas, o que a figura como uma anônima.

Do seio da ama, jorra o leite que alimenta Frida Kahlo. De um lado, a fartura do seio cheio de leite, do outro, uma Frida sendo amamentada em um desenho mais técnico dos caminhos que levam à glândula mamária.

A Coluna Partida (1944)


				
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Foto: Reprodução

A tela "A Coluna Partida" é uma representação fiel de como a própria Frida viu o sofrimento após uma cirurgia na coluna vertebral, em consequência do acidente que sofreu.

Sustentada por uma coluna grega que parece em muitos pontos fraturada, quebrada, enquanto apoia cabeça de Frida à coluna, o quadro é um dos mais fortes da artista. Na pintura, Frida se apresenta em espartilho que teria usado no período da recuperação da cirurgia.

No rosto, dor e sofrimento, com lágrimas representando o sentimento na mais pura essência. O olhar duro, é a perseverança em meio ao sofrimento, este último representado por pregos perfurando o corpo de Frida.

Especialistas acreditam que os pregos maiores representam onde Frida mais sentia dor. O maior de todos fica localizado bem perto do coração.

As Duas Fridas (1939)


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Reprodução

"As Duas Fridas" é um dos quadros mais famosos da artista. Em um banco simples, sem encosto, as duas personagens são ligadas pelas mãos.

Vestidas de forma diferente, mas com expressões fechadas, reflexivas e sombrias, o autorretrato foi pintado após o divórcio com Diego Rivera.

Enquanto uma Frida vestida no estilo europeu exibe um coração aberto, enquanto segura uma tesoura de cirurgia ensanguentada, a outra carrega nas mãos um amuleto, atribuído à Rivera quando ele era criança. Ele parte uma fina veia que sobe pelo braço da pintora e se interliga ao coração, demonstrando a importância vital do ex-marido na vida dela.

Ambas são unidas apenas por um artéria de sangue. No fundo, mais uma vez a representação de nuvens, antecipando a tempestade do sofrimento de Frida Kahlo com a separação.

Natureza morta: viva a vida


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Google Arts & Culture

"Viva La Vida" é conhecida como a última pintura feita por Frida Kahlo, dias antes da artista morrer de embolia pulmonar, segundo o atestado de óbito da artista. A pintura é um contraponto ao momento que vivia Frida.

Com a saúde deteriorada, a obra celebra a vida. As frutas e a forma como foram pintadas transmitem entusiasmo, com a presença do vermelho vibrante e do verde, acompanhada da frase escrita por Frida oito dias antes morrer.

Foi esse quadro também que inspirou a criação de um dos maiores sucessos do Coldplay, muitos anos depois, e que também ficou conhecido como "Viva La Vida", vista como uma canção de celebração, liberdade e um tributo à vida.

Exposição de Frida Kahlo em Salvador


				
					Dor, amor e (auto)representação: as obras de Frida Kahlo no tempo
Foto: Divulgação

Para conhecer ainda mais a história da artista, uma visita à exposição imersiva sobre Frida Kahlo, em cartaz no Salvador Shopping, em Salvador, é uma parada obrigatória.

Pela primeira vez no Brasil, a mostra internacional “Frida Kahlo- A Vida de Um ícone” é a maior exposição imersiva criada em torno da vida e obra da mexicana.

A biografia mostra a trajetória da artista distribuída em uma jornada interativa por 10 ambientes. O local explora a história da da artista por meio de coleções de fotografias históricas, filmes, ambientes digitais, instalações artísticas e itens de colecionador.

Vinda de Barcelona, na Espanha, segue para São Paulo depois de Salvador, dando seguimento à turnê nacional. Na capital baiana, fica em cartaz até 4 de dezembro.

A visitação está disponível todos os dias, das 10h às 21h, Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), de segunda a quinta, das 10h às 17h40, R$ 75 (inteira) e R$ 37,50 (meia) a partir das 18h até as 21h. De sexta a domingo o valor é de R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). É possível adquirir ainda uma entrada VIP Experience no valor de R$ 150.

SERVIÇO

  • Exposição imersiva Frida Kahlo – A Vida de um Ícone
  • Quando: 5 de outubro a 4 de dezembro
  • Onde: Salvador Shopping
  • Visitação: segunda a sábado, das 10h às 21h; domingo, das 10h às 20h
  • Ingressos: segunda a quinta (10h às 17h40): R$ 60 / R$ 30; segunda a quinta (18h às 21h): R$ 75 / R$ 37,50; sexta a domingo: R$ 100 / R$ 50; VIP Experience: R$150

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