Para muitos o dia mais esperado da semana é a sexta-feira. É quando começa a folga e com ele o final de semana. Muitos aproveitam para encontrar os amigos depois de um dia no trabalho, ir a uma balada, ou um restaurante. A expectativa é a mesma para o zagueiro Vinícius, do Vitória, mas com outro propósito. Adventista, o zagueiro de 20 anos segue os mandamentos de guardar o sábado e após o pôr do sol da sexta-feira é momento de reflexão e de conversar com Deus.A rotina semanal dura até o pôr do sol do sábado e faz o jogador viver um dilema. Com jogos às sextas-feiras e sábado, é difícil seguir à risca o mandamento. O defensor diz que fica chateado por cometer o pecado e que no futuro pretende conciliar o futebol e a religião.
"O quarto mandamento é guardar o sábado. A base que eu tenho agora é a da religião, para eu ficar bem espiritualmente preciso disso. É o momento só de refletir, de orar a Deus. Por enquanto está difícil conciliar isso, eu não consigo. Eu fico chateado, pecado é pecado de qualquer jeito, sei que estou pecando por não estar guardando o sábado. Mas o pai da minha namorada é pastor, eu converso com ele e ele diz para ter paciência, não ficar apavorado", contou Vinícius, em entrevista ao Portal Uol.
Vinícius (com a braçadeira) espera conciliar profissão e religião (Foto: Betto Jr/Correio) |
"No meio do processo, quando eu estava entendendo como funciona, eu pensei como ia fazer, cheguei a pensar em como seria a minha vida fora do futebol. Mas não adianta eu querer largar o futebol e seguir só Deus. Eu não tenho faculdade, não estou cursando nada, iria demorar para conseguir trabalho. Mas em certo momento vou conciliar", conta ele.
Depois de um período de testes no Sevilla, da Espanha, Vinícius por pouco não encontrou uma solução. Ao chegar no clube espanhol ele teve uma conversa com o presidente e ficou animado com a resposta positiva. Porém, a negociação não avançou e o zagueiro não se transferiu para o futebol europeu.
Ainda com idade júnior, Vinícius ganhou chances no time titular do Leão (Foto: Felipe Oliveira/EC Vitória) |
"A primeira coisa que eu perguntei para o presidente quando cheguei lá é se teria como guardar o sábado. E ele foi tranquilo, disse que aceitaria de boa. Lá é tudo muito respeitoso quanto à religião. E a maioria dos jogos é aos domingos. Eu poderia perder o treino do sábado que é só um recreativo, algo mais simples preparatório para o jogo", explicou o defensor.
Início A vida de Vinícius começou a mudar há um ano. Incentivado pela namorada, ele começou a frequentar a Igreja Adventista e mudou totalmente seu estilo de vida. Ele conta que saia para baladas, bebia muito e que chegou a ser perguntado pelo treinador se queria mesmo ser um jogador profissional. Com o amadurecimento, o resultado aconteceu em campo. Convocações para a seleção brasileira de base e chances na equipe principal do Vitória. Depois de abolir o uso de palavrões, o zagueiro quer influenciar a postura dos colegas.
"Comecei a entender melhor as coisas, tudo na vida tem sentido. Comecei a me aprofundar nos estudos bíblicos e ver qual atitude eu tinha que ter em algumas situações como os palavrões. Dentro do jogo é difícil não xingar, ainda mais na posição de zagueiro que reclama muito com o time. Às vezes escapa, é difícil, mas estou trabalhando para parar com esse hábito. Já sei que você não pode ir pela emoção, tem que pensar um pouco antes de falar", afirma. "Meus colegas repararam que eu parei de xingar, começaram a me elogiar e já tentam adotar isso na vida deles. Eu mudei meus hábitos, não saio mais, isso me ajudou dentro de campo, fui convocado para a seleção. Várias coisas aconteceram, e nada acontece sem a permissão de Deus. Tenho que fazer minha parte, Deus ajuda quem se ajuda", afirmou.
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