Diferente de tantos jogadores país afora, Fred não se intimidou. Melhor, soube usar sua visibilidade. Vítima da revolta de uma torcida organizada do Fluminense no início de abril, ele desabafou via Twitter e, fora de campo, fez um golaço superior a qualquer outro dos 122 marcados em 196 jogos pelo clube carioca.
Sem meias palavras, disse o que muitos sabem e poucos dizem. “Os integrantes de torcidas organizadas não têm direito sequer de reclamar quando o time perde - tendo em vista que nem ingresso eles pagam-, quanto mais de agredir ou intimidar jogadores. Ser membro de organizada no Brasil já virou profissão, meio de vida”, relatou, em crítica direta também aos clubes, que mantêm relação íntima com as respectivas organizadas. Confira as principais notícias sobre Copa do Mundo na nossa página especial
Desde então, Don Fredon mudou. Não o visual, sempre aprumado, ou até mesmo o estilo namorador, intacto na véspera da Copa. Mas, de abril pra cá, o filho de seu Juarez bota a bola na rede e corre para comemorar em setores da arquibancada onde as famílias costumam ficar. “Lutarei com a arma que tenho. Meus gols serão dedicados exclusivamente aos verdadeiros torcedores”, confirmou o atacante, que além do episódio de abril, quando foi cercado por um grupo de torcedores na saída do treino, já chegou a ser perseguido pelas ruas do Rio.
Aliviado pós-desabafo, um dos poucos veteranos da renovada Seleção de Felipão chega à Copa para ser um guerreiro insaciável pelo hexa. Assim Fred, aos 30 anos, espera compensar a saudade dos brasileiros por jogadores fora de série, que, nesta Seleção, se representam apenas em Neymar.
“Muita gente fala que tivemos Romário, Ronaldo... eles dão exemplos de gênios. No futebol, nasce um a cada 50 anos. No Brasil, talvez a cada 30. O povo pode ficar tranquilo. Verão um bom jogador e eficiente. Confio no meu futebol. Farei de tudo pelo título”, firmou o compromisso antes mesmo do anúncio oficial dos convocados para o Mundial.
3 segundos - Ciente dos seus limites, Fred tem estrela. Antes mesmo de virar profissional, chamou a atenção por um lance isolado. Com a camisa do América-MG, na Taça São Paulo de 2003, fez o então gol mais rápido da história: precisou de apenas 3s17 para, do meio campo, mandar a redonda no gol do Vila Nova. Em vez da competição, ganhou fama.
E com essa moral, o menino de Teófilo Otoni, a 450 quilômetros de Belo Horizonte, subiu para o profissional do Coelho, onde marcou 34 gols em 57 jogos. Ali já se sabia: Fred não era atacante de um gol só. Do América ao Cruzeiro em 2004. E a Raposa não conseguiu segurar o atacante por mais de um ano. Sem sequer um título, Fred partiu para o Lyon com 22 anos. Os franceses pagaram 15 milhões de euros pelos incríveis 56 gols em 71 jogos pelo clube mineiro. Com 15 deles na Copa do Brasil 2005, Fred ainda é o recordista de uma única edição. Ganhou três títulos franceses, foi à Copa de 2006, onde marcou seu único gol em Mundiais (2x0 na Austrália). Voltou ao Brasil e virou ídolo. Bicampeão brasileiro, retornou à Seleção, artilheiro da Copa das Confederações. Esse é Fredão.
Matéria original: Jornal Correio* Voz ativa contra a violência infiltrada no futebol, Fred é um mineiro que não "come quieto"
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