Lá, precisava ser decisivo no time de futsal e também superar a média 7,0 em todas as disciplinas, nota mínima caso quisesse permanecer estudando de forma gratuita. Nessa época, a Matemática já era a grande paixão além da bola.
Os números ajudavam Hernanes a organizar a mente e tornar as coisas mais objetivas. “Ele sempre me fala: ‘Se você não fizer as equações, vai chegar no resultado errado’. Ele gosta da exatidão. Ele só para algo quando consegue solucionar. Dei aquele jogo Resta Um pra ele, e a mulher dele me ligou reclamando: ‘Por que você deu esse jogo? Ele não sai mais de casa’”, conta o colega de sala e amigo até hoje Túlio Lima, que tomou o rumo da Fisioterapia.
A Matemática perdeu um futuro profissional, mas forneceu a fórmula ideal para Hernanes manter o poder da mente na carreira do futebol. Diferenciado, o menino, que havia brilhado na quadra de futsal do Arruda, tradicional estádio do Santa Cruz, e também no Unibol, clube-empresa já extinto da cidade de Paulista, na Grande Recife, foi longe. Chegou ainda adolescente no São Paulo, onde fez história antes de alcançar a Europa.
Projetado no tricolor paulista, aproveitou as saídas de Mineiro e Josué para ser o cérebro da equipe nas conquistas dos Brasileiros de 2007 e 2008. Em 2009, cravou lugar na seleção do campeonato nacional pela terceira vez seguida.
Com tantos feitos em 216 partidas e 35 gols pelo clube, as portas se abriram. Já com convocações para a Seleção principal em 2008, além da titularidade nos Jogos Olímpicos de Pequim no mesmo ano, o pernambucano estava pronto para outros desafios.
Da capital financeira brasileira para Roma, cidade italiana e mundial. Para viabilizar a mudança, a Lazio gastou 13,5 milhões de euros (R$ 30,9 milhões em 2010). Muito dinheiro, mas incapaz de mudar o perfil humilde do jogador. Um dos três filhos de Dona Tereza, Hernanes não se deslumbrou.
Ventos - Manteve-se focado na bola e nos estudos. Enquanto jogou demais para conquistar a Copa da Itália e cravar vaga na Seleção na Copa das Confederações, em 2013, Hernanes se aperfeiçoou e, além do italiano, aprendeu inglês, língua em que conversa com Túlio via WhatsApp.
Com a mãe, prefere mesmo o português no fiel sotaque pernambucano. Embora o filhão, já negociado com a Inter de Milão pelo valor de 15 milhões de euros (R$ 49,5 milhões), esteja muito bem de vida, dona Tereza prefere morar num apartamento sem muito luxo em Boa Viagem, bairro de classe alta da capital pernambucana, e até hoje anda de ônibus pelo Recife.
“Dinheiro não é tudo. Não passamos necessidade e nossa história é muito bonita. Tudo naturalmente. Sempre fui do lar e Hernanes merece tudo de melhor na vida dele. É muito humilde”, ressalta a mamãe orgulhosa, que apesar da licenciatura em História, sempre atuou como dona de casa.
E fez um trabalho muito bem feito. Mesmo em outro patamar financeiro, Hernanes, hoje casado e pai de três filhos, costuma priorizar o encontro com os amigos de infância e também a família na cidade de Aliança, a 81 km do Recife, durante as férias. “As árvores que conseguem crescer são aquelas que suportam os ventos mais fortes”, lembrou o meio-campista da Seleção Brasileira. O profeta. Matéria original: Correio
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