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Sinval Vieira: 'É uma democracia jovem'

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, ex-diretor de futebol do Vitória atribui sua renúncia ao clima político intenso, diz que sai em paz e espera que a crise institucional não afete o time, atual 17º colocado na Série A

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Redação iBahia

01/06/2017 às 17:10 • Atualizada em 31/08/2022 às 21:22 - há XX semanas
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Por que renunciou ao cargo de diretor de futebol?
O Vitória vive um momento político muito intenso e esse momento político atrapalha a administração, o dia a dia. Por mais que eu tenha feito um elenco em 15 dias e, na época, todo mundo adorou. E após o elenco não ter dado a resposta a coisa virou. Estava na hora de eu sair porque eu não estava tendo tranquilidade para trabalhar. E aí tem que ter bom senso. Não tenho apego a cargo. Já entrei e saí do Vitória outras vezes, com 23 anos eu já advogava para o Vitória, hoje estou com 63 (foi também diretor jurídico, diretor das divisões de base e representante do clube na FBF, função que não existe mais). Só que das outras vezes saí com muito sucesso.
Você falou em momento político conturbado, mas as eleições aconteceram há cinco meses. Por que esse clima de campanha continua?
É o poder. O Vitória mudou o estatuto, democratizou e facilitou que isso pudesse acontecer. Não é que eu seja contra (a democracia), lutei por isso. Mas é uma democracia jovem. Com o tempo ela vai ganhar qualidade.
Foto: Evandro Veiga/CORREIO
Você colocou o cargo à disposição na reunião do Conselho, segunda-feira. Possivelmente estava de cabeça quente. Na quarta-feira, decidiu sair. É uma decisão bem pensada?
Eu gostaria até de frisar que saio em paz, com muita tranquilidade, sem crítica, sem ódio, sem nada. Saio sem grandes alardes. Qualquer gestão de futebol é avaliada pela bola. Não adianta tudo que a gente estava fazendo, principalmente a reformulação da divisão de base, que em breve as pessoas vão perceber que vai voltar a dar frutos. Como eu falei, não estava tendo tranquilidade para trabalhar e aí a felicidade de estar fazendo acaba. Se você perde o prazer, a felicidade, para o Vitória é melhor eu sair.
Uma dúvida: como fica o departamento de futebol agora?
Eu não quis me envolver. Ontem estava na reunião com Ivã (de Almeida, presidente), o presidente do Conselho, Paulo Catharino, e Armando Libório (diretor de marketing) e achei melhor não participar dessa formatação porque estou de saída.
Acha que os acontecimentos envolvendo a contratação de Petkovic como gerente de futebol, depois acumulando a função de técnico e em sequência as derrotas no início do Brasileirão foram cruciais para você virar o centro dos problemas?
Talvez, talvez. Vou te dizer uma coisa: hoje, quando você vai contratar um treinador, eles propõem uma multa que é tão maior, tão grande, que você acha até que o técnico não vai ter foco. Eu fiquei revoltado com essas multas que os técnicos estão exigindo porque, às vezes, ser demitido é até melhor do que ser vencedor. Técnicos hoje se defendem assim: eles pedem um valor exorbitante em caso de saída antes do prazo determinado.
E aí nesse contexto surgiu a ideia de Petkovic como técnico...
Foi. Meu treinador seria Carlos Amadeu, profissional ligado ao Vitória, conhece o clube, seria fundamental também na ligação com a base. Seria pra mim a pessoal ideal. Amadeu aceitou, Edu (coordenador de seleções da CBF) liberou, mas infelizmente o presidente da CBF (Marco Polo del Nero) não liberou ele.
Como você enxerga o Vitória na sequência do Brasileirão?
Se concluírem as contratações que estão em andamento eu acho que o time melhora. E acho que quando voltar a jogar no Barradão, depois desses jogos fora (Fluminense no sábado e São Paulo no dia 8), tem condições de melhorar muito as suas atuações, se por ventura as contratações forem concretizadas.
Esse clima turbulento na administração afeta o elenco?
Vou esperar que não. Vou conversar com eles, acabei saindo ontem sem me despedir porque tinha acabado de sair de uma reunião e acho que essas coisas a gente tem que falar quando está tranquilo, como estou agora. Mas vou fazer um esforço muito grande para que isso não atrapalhe, porque eles são bons profissionais. Esse elenco está formado por muito bons profissionais, sem nenhum problema de indisciplina, nada disso. Não sei se hoje vai dar, mas eu ainda vou falar com eles. É o correto a fazer.
Pretende voltar a ser comentarista?
Não, por enquanto não. Agora eu vou procurar ter um pouco de paz. Depois a gente vê o que faz da vida. Agora eu preciso descansar.

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