Ao longo de quatro meses à frente do Vitória em sua segunda passagem pelo clube, o técnico Toninho Cerezo não conseguiu conquistar a confiança do dirigentes, muito menos da torcida rubro-negra. Foram 22 jogos à beira do gramado, entre Campeonato Baiano e Copa do Brasil, até ele receber a notícia da demissão. A gota d´água foi o empate em 1 a 1 diante do Vitória da Conquista, no Barradão. O iBahia Esportes mergulhou nos acontecimentos durante este período e listou sete prováveis pontos que abalaram a relação entre a direção rubro-negra e o técnico até culminar na demissão. Na entrevista de despedida, o técnico valorizou o grupo. "Eu confio em vocês e vamos ser campeões". Para a torcida, a frase soa mais esperançosa agora, já que o desejo de ver Cerezo fora do clube era quase unânime.
1 - Insistência em Lucio Flávio e Arthur Maia
Cerezo iniciou a temporada com Lucio Flávio e Arthur Maia no meio-campo. No gramado, eles não se entenderam e o time logo acusou falta de criatividade. Apesar das queixas de dirigentes e torcida e da má atuação de ambos, Cerezo comprou a briga e manteve os dois em campo. Demorou até ele sacar os dois do time. Bastou Geovanni virar título perto da metade do estadual para time ter outro comportamento em campo.
2 - Birra com Geovanni?
"Estou chateado com essa questão do aproveitamento. Fiz um tratamento físico para aguentar disputar toda a temporada. Voltei, joguei uma partida, ainda sem ritmo de jogo. Depois entre bem em outra partida. Esse é o segundo jogo que eu fico de fora", disse o meia-atacante antes da partida contra o Camaçari, pela nona rodada do Campeonato Baiano. Para a imprensa, o técnico rebateu. "Ele não foi relacionado porque eu não quis. Questão minha". Precisa dizer mais alguma coisa?3 - Incapacidade de motivar os jogadoresApesar dos gritos à beira do gramado, as entrevistas constatando que o grupo ainda é imaturo e explicações sobre o desempenho de alguns jogadores eram constantes. A veia psicológica de Cerezo não se destacou. Rildo (principalmente após a lesão), Geovanni (há pelo menos dois jogos), Léo, Mineiro, Arthur Maia e Lucio Flávio pareciam sonolentos em campo em alguns jogos. Marquinhos nem se fala: nem de longe se igualou àquele jogador da reta final da Série B do ano passado. Em um jogo, Cerezo se irritou: "Marquinhos, o jogo já começou. Acorda!". Até a saída do treinador, não houve mudanças. 4 - Tensão para avançar na Copa do BrasilO modesto São Domingos-SE foi o adversário do Vitória na primeira fase do torneio. No jogo de ida, em Sergipe, um 0 a 0 insosso muito comemorado pelo treinador, apesar das cobranças pelo triunfo. "É melhor empatar do que perder". No jogo de volta, no Barradão, o Vitória teve dificuldades para vencer por 2 a 0. Enquanto isso, o Bahia eliminava Auto Esporte-PB sem a necessidade de uma partida em Pituaçu.5 - Demora para encontrar o time idealO início do estadual para o Vitória foi marcado por inúmeros testes. Tanto de esquema tático quanto de peças em campo. No BaVi de Pituaçu, por exemplo, o treinador lançou mão de quatro volantes no meio-campo: Uelliton, Rodrigo Mancha, Mineiro e Róbston. Com tantas mudanças em campo, os jogadores ficaram inseguros e, a reboque, o time em campo não rendeu. As acusações são de que até agora o time rubro-negro ainda não tem identidade. Prova disso é a distância de nove pontos do Bahia, equipe tida para nivelamento dentro da competição. 6 - Atuações ruins fora e também em casaApesar da vice-liderança e de estar na segunda fase da Copa do Brasil, o Vitória não agradou na maioria dos seus triunfos nesta temporada. Imagine nas derrotas e empates. Em 20 jogos no Baianão, o Leão só conseguiu vencer 50%. Em casa, empatou com Itabuna e Fluminense - o primeiro já caiu e o segundo luta desesperado para se manter na primeira divisão. A maneira como o time perdeu para Juazeirense e Bahia de Feira, por exemplo, não caiu bem aos olhos de dirigentes. 7 - Lista de relacionados confusaCerezo dava a entender que não tinha critérios para compor a lista de relacionados. Titulares em alguns jogos, sem motivo algum, alguns atletas sequer concentravam na partida seguinte - Marquinhos e Índio passaram por isso. O meia Tartá, por exemplo, praticamente sumiu do elenco. Foi resgatado agora pelo interino Ricardo Silva para o jogo contra o Juazeiro.Erro da diretoria do VitóriaPara finalizar a lista, acrescentamos também um erro da diretoria rubro-negra. A contratação de Cerezo para a sua segunda passagem no Vitória foi baseada no desempenho do treinador na campanha do time no Brasileiro de 1999, há 13 anos. A diretoria do Leão ignorou o fato de que Cerezo atravessa atualmente uma crise de bons resultados enquanto treinador. Seu último título foi o campeonato nacional dos Emirados Árabes, em 2008. Nos últimos 12 anos, o técnico esteve nove fora do Brasil.
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