O Vitória teve um 2014 de vacas magras depois de um ano empolgante na temporada anterior, quando comemorou o título baiano com históricas goleadas sobre o arquirrival Bahia e brigou por uma vaga na Libertadores no Brasileiro. No primeiro ano de mandato do presidente Carlos Falcão, o time não conquistou um título sequer, praticamente não usou as categorias de base, fecha a temporada com o quarto diretor de futebol e acumulou vexames em campo.
Com o Barradão em reforma para ser centro de treinamento da Copa do Mundo, o Vitória passou quase todo o primeiro semestre mandando seus jogos em Pituaçu. Fez também partidas em Feira de Santana, no Joia da Princesa. A distância de casa pode ter sido um fator prejudicial, mas não justifica tantos vexames logo no começo do ano. Classificado na primeira fase da Copa do Nordeste, o time voltou a ser goleado pelo mesmo Ceará, como em 2013, e abandonou a competição na segunda fase. Para completar, ainda perdeu Escudero por lesão. O argentino passou quase toda a temporada sem condições de jogo.
O Campeonato Baiano serviria como redenção, mas o Vitória não ganhou nenhum clássico Ba-Vi e perdeu o título para o Bahia na final. O retrato do vexame estava na defesa. O zagueiro Rodrigo Defendi, uma das piores contratações Vitória no ano, cometeu erros que o fizeram ser dispensado pouco depois. O problema é que o clube não encontrou uma solução para a zaga em momento algum de 2014. Foram oito contratados para o setor e muitas falhas acumuladas. Alemão que o diga. Campeão paulista pelo Ituano, não fez mais que Defendi no clube.
Para piorar o cenário do primeiro semestre rubro-negro, o Vitória ainda deu adeus à Copa do Brasil ainda na primeira fase, em uma famigerada disputa de pênaltis contra o modesto JMalucelli, do Paraná. Os maus resultados do começo do ano fizeram o clube demitir o diretor de futebol Raimundo Queiroz. Felipe Ximenes chegou para ocupar o cargo, mas ficou pouco mais de um mês e, assim como Ney Franco, partiu para o Flamengo.
O Vitória era obrigado a fazer uma reestruturação e Jorginho foi contratado como treinador após uma sinalização de que Carlos Amadeu, ex-técnico do time sub-20 e agora auxiliar da equipe principal, poderia ser efetivado. Não aconteceu. Pórem, a escolha se mostrou equivocada. Jorginho começou mal e o Rubro-negro acabou perdendo tempo na pausa para a Copa do Mundo. Além de deixar o clube na vice-lanterna, ele teve problemas de relacionamento com alguns jogadores, como o volante Richarlyson. Em agosto, após uma sequência de maus resultados, ele foi demitido. Antes do Mundial, o time ainda perdeu o atacante Marquinhos, campeão brasileiro pelo Cruzeiro.
O diretor Marcos Moura já estava no clube e o departamento de futebol também errou a mão nas contratações do meio do ano. Alguns tornaram-se titulares, como Kadu, Marcinho e Richarlyson, mas muitos não vingaram, como Guillermo Beltrán, que tem contrato até o final de 2015, Romário e Marcos Jr. Após uma passagem péssima pelo Flamengo, Ney Franco voltou ao comando do Vitória. Para diretoria, pesou o trabalho executado em 2013, uma vez que o início de 2014 não havia sido dos melhores.
Barradão de volta - O Vitória voltou a contar com o Barradão, agora reformado e com gramado similar ao das arenas da Copa do Mundo. A sintonia com o santuário rubro-negro, porém, não existiu em 2014. Se antes o time estava acostumado a fazer valer o mando de campo, viu pontos preciosos serem desperdiçados dentro de casa no Campeonato Brasileiro, além de ter sido eliminado pelo Atlético Nacional-COL nas oitavas de final da Copa Sul-Americana de forma melancólica.
No Campeonato Brasileiro, o time deu sinais de que poderia escapar do rebaixamento e conseguiu se manter algumas rodadas fora da zona de queda, mas com o passar do tempo a equipe mostrou cada vez menos força dentro de campo. A falta de uma liderança e, muitas vezes, de raça fez o time perder pontos importantes, dentro e fora de casa. Em casa, os duelos contra Goiás e Coritiba foram emblemáticos.
Apesar disso, o Vitória ainda chegou na última rodada com chances de escapar. Bastava o Palmeiras não vencer o Atlético-PR e o time de Ney Franco tinha que derrotar o Santos, no Barradão. O Palmeiras empatou, mas faltou competência ao time de Ney Franco para vencer. O Peixe acabou ganhando a partida, mesmo tendo dado diversas chances ao Rubro-negro ao longo de 90 minutos. O Vitória acabou rebaixado para a Série B, mais uma vez dentro de casa, como em 2010.
Lesão de Escudero - Destaque do Vitória em 2013, o meia Escudero renovou contrato por dois anos com o Rubro-negro. Com aval da torcida, era visto como a referência da equipe que planejava ter um 2014 tão bom quanto o ano anterior. Porém, a lesão de Escudero na Copa do Nordeste o afastou dos gramados por quase toda a temporada. Faltou agilidade da diretoria para repor a ausência do argentino. O veterano Hugo foi contratado, mas terminou o ano afastado no time B.
Os seis meses de aguardo foram frustrados após um retorno precipitado, com o meia ainda fora de forma. Uma nova lesão o afastou mais alguns dias e apenas em novembro ele pôde jogar novamente. Com contrato por mais uma temporada, Escudero é a esperança do Leão para 2015. Visto como maestro do elenco, pode ser o homem de articulação que faltou ao time em 2014. Porém, ele tem sido sondado pelo Vélez Sarsfield, clube que o revelou na Argentina.
Base mal aproveitada - Conhecido internacionalmente pela qualidade na formação de jovens atletas, o Vitória pecou na utilização dos garotos formados em casa este ano. Se no início do ano vários atletas tiveram oportunidades, no Campeonato Baiano e na Copa do Nordeste, o segundo semestre fez com que a diretoria os esquecesse. Atletas como Matheus Salustiano, Vinícius, Mauri, Gabriel Soares, Marcelo, Euller, Leílson, Arthur Maia, Willie e Alan Pinheiro foram emprestados ou escanteados no banco de reservas.
Apenas José Welison, que acumulou algumas convocações para a Seleção Brasileira sub-20, teve presença constante no time titular do Vitória. Enquanto o aproveitamento da base por parte da comissão técnica foi pífio, o time sub-20 conseguiu um feito importante na temporada, chegando à final da Copa do Brasil sub-20, vencida pelo Internacional.
Quatro diretores, quatro técnicos - Depois de começar o ano com Raimundo Queiroz, diretor da gestão de Alexi Portela, Carlos Falcão o demitiu após os fracassos do começo do ano. Contratado para o cargo, Felipe Ximenes ficou pouco mais de um mês após ter sido convidado pelo Flamengo. Marcos Moura Teixeira chegou e o clube o demitiu na última segunda-feira (15). Anunciado nesta terça, Anderson Barros é a bola da vez. No comando da equipe, além de Ney Franco e Jorginho, o time teve interinamente Carlos Amadeu e fecha 2014 com Ricardo Drubsky.
Fracassos no campo - A diretoria do Vitória conseguiu renovar o contrato de boa parte dos atletas que fizeram uma boa temporada em 2014. Porém, a maioria fracassou em campo. Entre eles, Ayrton, Juan e Cáceres. Kadu, que retornou ao clube no meio do ano, também não foi bem. Além deles, William Henrique, que foi importante em alguns jogos no ano passado, passou longe de fazer uma boa temporada. O próprio técnico Ney Franco tem sua parcela de culpa. Insistiu em um time ofensivo apesar da falta de qualidade demonstrada pela equipe diversas vezes. Pagou por isso com um time vulnerável na defesa e inconsistente no ataque. Repetir
Diretoria - Adepto da chamada gestão compartilhada, Carlos Falcão assumiu a culpa pelo rebaixamento no fim do ano. Pegou mal, no entanto, a aparição dele e de outros dirigentes com uma camisa com os dizeres "Meu amor pelo Leão não tem divisão". Além disso, uma carta assinada pelo mandatário foi publicada no site oficial do clube logo após a queda. Isso soou como um "marketing da derrota", como se o rebaixamento já fosse algo esperado pelo próprio clube.
Falcão rebateu as críticas e disse que uma carta em caso de permanência também estava pronta, além de ter creditado a ideia da camisa a um conselheiro - sem citar nome. Com mais dois anos de mandato pela frente, Falcão tem sofrido pressão dentro do clube, uma vez que não é unanimidade entre os conselheiros.
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