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Retrospectiva: após fracassos, Bahia termina ano com esperança

O iBahia reuniu os principais fatos que marcaram o Esquadrão de Aço em 2014. Relembre

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15/12/2014 às 15:58 • Atualizada em 02/09/2022 às 7:35 - há XX semanas
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O torcedor do Bahia não teve muito o que comemorar neste ano de 2014. Excetuando-se a conquista do seu 45º título baiano, o Tricolor viveu uma temporada repleta de fracassos, dentro e fora de campo. O maior deles: o rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Como pontos positivos, mais uma eleição democrática e avanços estruturais que podem ajudar o clube na nova gestão que começa a partir de agora.
Depois de escapar do rebaixamento em 2013, o Bahia começou o ano contando com o otimismo da torcida. O programa de sócios ganhava cada vez mais adeptos com a promessa de que um camisa 10 de peso chegaria caso a marca de 30 mil associados fosse alcançada. A democracia trazia ares de esperança no início da temporada e a direção do clube apostou alto na renovação. Trouxe William Machado para ser diretor de futebol e Marquinhos Santos foi contratado como treinador.
Entre diversas contratações, Maxi Biancucchi, destaque do arquirrival Vitória no ano anterior, chegava com pompas de craque. O sócio-torcedor era sempre o primeiro a saber dos reforços através de mensagem de texto enviada para o celular. Tudo conspirava a favor, mas foi só o time entrar em campo para a sorte começar a mudar. No primeiro jogo do ano, o Bahia foi goleado pelo CSA-AL por 4x1.
O vexame era só o começo de uma campanha ruim que mais uma vez fez o time ser eliminado na primeira fase da competição. Com isso, as atenções voltavam-se para o Campeonato Baiano. Mesmo com más atuações e um time que oscilava em campo, o Tricolor chegou à final do torneio. Sem perder um clássico Ba-Vi, foi superior ao Vitória, levantou o caneco e teve o craque do torneio: Anderson Talisca.
A conquista acabou encobrindo erros cometidos pela diretoria, uma vez que o time montado para a temporada não havia sido testado de fato contra um adversário de alto nível, como seria no Campeonato Brasileiro. Enquanto o esperado meia não chegava, a equipe também agonizava por conta da ausência de um centroavante. Além de ter contratado jogadores que sequer entraram em campo, como Jonathan Reis e Sergio Raphael, o clube também anunciou um que desistiu de vir: o atacante Sebastian Pinto.
No Campeonato Brasileiro, o Bahia fez uma campanha ruim do início ao fim. Apesar das vitórias sobre Figueirense e Botafogo logo nas rodadas 2 e 3, o time não encaixou em nenhum momento. A pausa para a Copa do Mundo seria ideal para reestrurar o time campeão baiano, que já dava sinais de fraqueza na Série A. Pouco de positivo foi feito e o time retornou após a intertemporada perdendo. Mal no Brasileiro, o time ainda caiu diante do Corinthians na Copa do Brasil.
Demissão e amadorismo - O técnico Marquinhos Santos acabou demitido no dia 26 de julho, na 12ª rodada. Sinal de que todo o tempo de treinos da Copa havia mesmo sido desperdiçado. Em uma demonstração de amadorismo que se tornou a cara da gestão do futebol no Bahia, o vice-presidente Valton Pessoa chegou a dizer em entrevista coletiva que Marquinhos tinha chances de permanecer caso o Tricolor vencesse o Inter naquele dia, na Arena Fonte Nova. O treinador, por sua vez, já estava demitido antes mesmo da bola rolar, fazendo uma "gentileza" ao clube.
Charles assumiu interinamente e Gilson Kleina chegou para assumir o cargo logo em seguida. Depois de esboçar uma reação no início do returno, o time caiu de produção ao mesmo tempo em que os salários do jogadores atrasavam. O treinador avisou que o problema "afeta", e afetou. O desempenho da equipe caiu drasticamente. Quando os salários voltaram a ficar em dia, era tarde e o time já estava combalido.
Grande fracasso da gestão tricolor, o departamento de futebol já estava sem comando. Após passar pelas mãos de William Machado e Ocimar Bolicenho, estava sob a batuta de Rodrigo Pastana, que foi liberado sem cerimônia pelo Figueirense, onde já não era bem quisto. Entre os problemas envolvendo a falta de comando, o Tricolor teve o desabafo de Diego Macedo, que foi afastado e depois reintegrado, as palavras fortes do zagueiro Lucas Fonseca e também o afastamento de Rhayner, que teria tentado agredir Pastana.
A própria diretoria do Bahia também passou por problemas internos. Reub Celestino deixou o departamento administrativo-financeiro e passou a criticar duramente a gestão de Fernando Schmidt, da qual fazia parte desde o início. O racha interno atrapalhou o andamento do dia a dia do clube, segundo o próprio presidente.
No meio de tudo isso, o Bahia foi eliminado de forma vexatória na Copa Sul-Americana para o Universidad César Vallejo, no Peru, após disputa de pênaltis recheada de erros. O clima era ruim e Pastana deu adeus, junto com o gerente de futebol Cícero Souza. Alegaram que não poderiam ajudar mais. Na reta final da Série A, Gilson Kleina abandonou o barco e a direção tricolor, agora com Pablo Ramos, ex-diretor de negócios, como diretor de futebol, afastou quatro jogadores (Léo Gago, Uelliton, Branquinho e Potita).
Faltava pouco para o rebaixamento no Brasileiro ser consumado, mas o time resistiu até a última rodada. Caiu e Charles desabafou. Alegou que jogadores deram o famoso migué no departamento médico. Apesar de não citar nomes, os irmãos Maxi e Emanuel Biancucchi, já na Argentina, eram os alvos das críticas.
Anderson Talisca - O Bahia anunciou, oficialmente, a venda do meia Anderson Talisca ao Benfica, de Portugal, no dia 5 de julho. O time português pagou 4 milhões de euros pela promessa tricolor, aproximadamente R$ 12,4 milhões. Foi a maior transferência da história do clube, que ficou com 50% do valor da transação (R$ 6,2 milhões). Craque do Baianão, ele fez falta ao time em 2014. A carreira do jogador decolou. Hoje ele está em alta no futebol europeu e já foi convocado para a Seleção Brasileira principal.
Romagnoli - No início da temporada, o Bahia lançou uma campanha ousada para alcançar a marca de 30 mil sócios-torcedores. Caso o clube atingisse a meta, um meia seria contratado. Para isso, a camisa 10 foi guardada até que esse jogadores chegasse. Precavido, o time não esperou alcançar a marca e se acertou com Leandro Romagnoli, que havia conquistado o Campeonato Argentino pelo San Lorenzo no ano anterior. Ele assinou pré-contrato com o Bahia após receber 50 mil dólares. O acordo exigia que ele se apresentasse no Fazendão no dia 1º de julho.
Apesar da direção do clube tentar manter o acordo feito em sigilo, não demorou para que o nome de Romagnoli vazasse na imprensa. A torcida já aguardava ansiosa pela chegada do camisa 10. A questão é que o San Lorenzo, até então desacreditado na Libertadores, passou a avançar no torneio mais importante do continente. Romagnoli alegou uma renovação automática de contrato com o clube caso o El Ciclón continuasse no torneio e não chegou a Salvador na data prevista. Jogou as semifinais e ajudou o time a chegar na decisão. A direção do Bahia, então, resolveu descartar a contratação e passou o caso para o seu departamento jurídico, que acionou a Fifa. A camisa 10, guardada para Romagnoli, acabou sendo entregue para Marcos Aurélio.
Com a demissão de Ocimar Bolicenho e a queda de Marquinhos Santos, chegaram Rodrigo Pastana e Gilson Kleina. Ambos opinaram a favor da contratação de Romagnoli e o Bahia voltou atrás. Decidiu conversar com o jogador, que só chegou na Bahia depois do San Lorenzo disputar a final da Libertadores. O meia chegou, recebeu a camisa de número 100 e foi festejado pela torcida. Ele já havia revelado o interesse em permanecer no San Lorenzo para jogar o Mundial de Clubes no final do ano, mas o valor de 500 mil dólares da multa rescisória dificultou sua vontade. Após alguns dias de negociação, Bahia e Romagnoli chegaram a um acordo e oficializaram o distrato do pré-contrato.
Tricolor decidiu ficar com a Cidade Tricolor
Patrimônio Tricolor - A atual gestão termina o ano vangloriando-se de deixar o Bahia com patrimônio. O presidente Fernando Schmidt alega que o clube estava sem nenhum centro de treinamento em seu nome. Agora, detém o Fazendão de volta e continua com a Cidade Tricolor.
Antes disso, o Bahia repassou o Fazendão à OAS por cerca de R$ 14 milhões e ficou de pagar R$ 26 milhões pelo novo CT. Agora, o clube vai desembolsar R$ 23,6 milhões para ficar com os dois patrimônios: R$ 13,6 milhões serão pagos em Transcons (Transferência de Direito de Construir, moeda usada na construção civil), referentes à desapropriação da antiga sede de praia, na Boca do Rio. O restante será pago em dez parcelas anuais de R$ 1 milhão.
Eleições - O jornalista Marcelo Sant'Ana, de 33 anos, é o novo presidente do Esporte Clube Bahia. O candidato foi eleito no último sábado (13), após pleito realizado na Arena Fonte Nova, com 41% dos votos (1.755 votos). O segundo colocado foi o empresário e radialista Antonio Tillemont, com 1.404 votos. Cerca de 4.000 sócios votaram. O vice-presidente de Sant'Ana é Pedro Henriques.
O anúncio do vencedor foi feito pouco depois do fim da votação, que aconteceu através de tablets e contou com monitoramento de um representante de cada um dos seis candidatos em tempo real. Além de Antonio Tillemont, Marcelo Sant'Ana desbancou os candidatos Olavo Fonseca (726 votos), Marco Costa (243 votos), Flávio Alexandre (14 votos), o Binha de São Caetano, e Nelsival Menezes (14 votos). O novo presidente vai comandar o clube nos próximos três anos (2015, 2016 e 2017).

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