Por e-mail, o ex-presidente tricolor, Marcelo Guimarães Filho, deposto do cargo pela justiça, conversou com o iBahia Esportes por ocasião do final da temporada 2013. Assim como nas últimas edições do Brasileiro, o Bahia lutou contra o rebaixamento e se salvou. Mas Marcelo Filho está convicto de que o time poderia ter ido mais longe, "se estivéssemos no clube e reforçássemos o elenco como faríamos", diz. Nas próximas linhas, ele analisa a atual temporada após o alívio da permanência na elite, faz comparações entre a sua gestão e a de Fernando Schmidt, atual presidente do clube, e justifica sua mais nova articulação para tentar retornar ao clube.
Você comemorou muito a permanência do Bahia na primeira divisão?Comemorei sim. E muito. Assisti a quase todos os jogos ou com amigos ou com meus filhos torcendo como sempre fiz para que vencêssemos os jogos. Quanto da sua parte você acredita que há de contribuição na permanência do Bahia na elite? Saí do clube por força de uma decisão judicial no dia 9/7/2013. Até aquele dia, a responsabilidade pelo que aconteceu de bom ou ruim foi minha. Dali em diante, já nao tive mais responsabilidade, mas obviamente que montei o time que quebrou uma marca: único time do nordeste que disputará a Série A pelo quarto ano consecutivo. Além de ter contratado Cristóvão Borges e Anderson Barros, ou seja toda a estrutura do futebol. Afirmo com toda certeza que o time chegaria mais longe se estivéssemos no clube e reforçássemos o elenco como faríamos e era o que o elenco precisava. A contribuição desse pessoal que está no clube hoje foi a contratação de Wangler, jogador da terceira divisão que soube que ganha R$ 70 mil e a torcida nao tem notícia do que esta fazendo no Fazendão, além de uma entrevista desastrosa do assessor Sidônio (Palmeira) chamando o time de mambembe, da qual ele teve que pedir desculpas ao elenco. De que forma você resume o ano de 2013 para o Bahia?Em campo não foi um ano bom para o clube a não ser a permanência na Série A quebrando esse tabu de clubes nordestinos. Fora de campo foi um ano bom no que diz respeito a infra-estrutura. Entregamos a Cidade Tricolor, maior CT da América Latina e dos melhores do Brasil. Uma pena que as pessoas que estão no clube hoje tenham espírito tão mesquinho e teimem em nao querer inaugurar essa obra tão importante apenas porque fomos nós que construímos. A Cidade Tricolor não é minha nem deles, é do Bahia e da torcida. Eles precisam deixar a raiva e o rancor de lado e inaugurar a obra. O clube precisa mudar-se para lá urgentemente. Ponto negativo foi a intervenção e o consequente processo que continua fora de campo e que ainda trará consequências. Você voltou a ajuizar ação para retornar ao comando do clube?Não voltei a ajuizar ação para retornar ao clube. O processo que corre na justiça é o mesmo de sempre. Nao há processo novo. O processo está correndo e os recursos são normais. Esgotando-se a jurisdição da Bahia, ele seguirá para Brasília em instâncias superiores. Meus advogados estão confiantes e eu também porque tenho convicção que tenho razão e confio na justiça. Nota: na última semana, MGF, apresentou Recurso Ordinário Constitucional (ROC) contra a decisão do TJ-BA que o tirou do cargo de presidente do Bahia. O julgamento do ROC é de competência do STJ, tribunal superior ao TJ-BA. Você não teme a reação da torcida? Quase 100% dela não quer você de volta... Não tenho porque temer. A torcida quer o time ganhando em campo e sou torcedor e também quero o mesmo. O dirigente é ovacionado quando o time ganha e vaiado quando perde. Assim como qualquer dirigente, já passei pelos dois momentos. Fui ovacionado e criticado também. Quando a intervenção aconteceu em 2012, a torcida não queria porque o momento era outro. Se voltar, trabalharei pelos triunfos em campo e ouvirei mais o torcedor tricolor. O dirigente tem que estar preparado para isso.Quase três meses da gestão de Fernando Schmidt. Já dá para avaliar?Dá sim. Está cristalino para mim o amadorismo e incompetência dessa gestão. Schmidt é o retrato da preguiça e está totalmente desatualizado. Não sabe passar um e-mail ou sequer usar um tablet ou dispositivo móvel. Ademais, não se sabe quem manda no clube. O presidente não manda, é uma rainha da Inglaterra, o assessor especial e marqueteiro do PT e do governo, Sidônio, é quem decide as coisas e o vice-presidente é quem fala porque o presidente nao dá entrevista já que nao consegue concatenar as ideias. Além disso, há um aparelhamento sem precedente de políticos e pessoas ligadas ao atual governo. Pessoas que saíram do governo por incompetência como o próprio presidente, haja vista a extincão da secretaria da qual ele era o secretário, poucos dias após se arranjar para ele o cargo de presidente do clube. A folha administrativa do clube está inchada. Hoje é o dobro do que era na minha gestão. Além disso, houve antecipação de recursos da Rede Globo do ano de 2014 consideráveis (informações que me chegam da ordem de mais de R$ 7 milhões) além de toda a receita da Arena Fonte Nova de 2013 e quase toda de 2014. Vale ressaltar que eles vêm desde a intervenção mentindo levianamente para torcida e imprensa dizendo que antecipei as receitas do clube pelos próximos três anos. Provei a vocês da imprensa que não antecipei nada da Globo de 2014 quando enviei e-mail à imprensa com cópia do e-mail que a Rede Globo me enviou afirmando que não houve antecipação. Do mesmo modo não antecipei nada da Arena Fonte Nova de 2013 nem 2014. Se tivesse antecipado, como eles anteciparam? Desafio eles que provem que nao anteciparam. Me acusaram de desvios sem nenhuma prova. E eles estão no clube atualmente. Tem toda condição de comprovar de maneira concreta alguma acusação, não o fazem porque não existe irregularidade. Ficam a todo custo criando factóides para me desgastar. Você já consegue enxergar alguma diferença entre sua gestão e a de Schmidt?Minha gestão era profissional. Essa é a principal diferença. Pode se questionar a competência das pessoas que lá estavam, mas todas vieram de grandes empresas. Eram profissionais de suas áreas. Hoje há, como disse, um aparelhamento do clube pelo partido que está no poder. O Bahia hoje é do PT. Existe um Pablo, cunhado do ex-interventor, que veio do governo. Schmidt veio do governo. Reub veio do governo. Sidônio é marqueteiro e homem forte do governo. Outros diversos funcionários vieram da máquina pública que não funciona como uma empresa privada deve funcionar. O diretor de comunicacão é dono de um site que faz oposicão a mim e hoje rivaliza com o site oficial do clube em notícias e matérias. Além disso, os salários pagos às pessoas do administrativo são altíssimos, muito maiores do que na minha gestão. Os poucos profissionais de suas áreas serão demitidos, como o Roberto Passos e o Anderson Barros, porque supostamente são ligadas a mim, para a colocação de pessoas sem nenhuma ou pouquíssima experiência no futebol, o que trará graves prejuízos ao clube. O Vitória conseguiu montar um bom time e concorrer à Libertadores? Por que o Bahia não consegue seguir a mesma linha?O Bahia tinha tudo esse ano, no Brasileiro, para chegar à Libertadores. Bastava trazer mais jogadores de qualidade para o elenco. O campeonato é longo e a falta de contratações fez o time sofrer. O clube está preparado para isso. Tem um orçamento de mais de 50 milhões que eu deixei. Um dos melhores CT's do Brasil pronto que construí. Só não tem uma diretoria profissional atualmente. Tem uma diretoria aparelhada politicamente, além de incompetente e amadora. Trouxe o Bahia para Série A e lá o deixei. Fui campeão no profissional e na base várias vezes. Reestruturei toda a infra-estrutura do clube. Infelizmente sai por uma decisão judicial. Você tem gostado das últimas ações de marketing clube? E o ingresso mais barato para o torcedor?Não vi nenhuma ação de marketing até agora. Pelo menos nenhuma de impacto. Pelo menos alguma pensada e com estratégia. Baixar ingressos nao é ação de marketing, até porque eles irão subir novamente. E só baixaram devido as circunstâncias, porque precisavam do torcedor. Não foi uma ação pensada. Repito, nao conheço nenhuma ação de marketing dessa gestão. Os descontos que os sócios do Bahia tem hoje com empresas parceiras fazem parte do projeto "Por um futebol melhor", que nós colocamos o clube. O atual marketing não lançou a camisa 2 do clube e deixou para o ano que vem. Deu sim prejuízo ao clube que não vai faturar com essas vendas. Não cobrou com firmeza o lançamento por parte da Nike. Quando eram oposição a mim criticavam a Nike todo dia. Quando entraram se calaram. Além disso, todos os contratos que lá estão fui eu quem fiz. Eles não fizeram nada. Não trouxeram nada de novo e nem vão trazer porque não tem competencia para isso. Anteciparam receita como nunca antes na história do clube, isso sim.
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