Marcelo Guimarães Filho quebrou o silêncio. Após suspeitas levantadas pela auditoria realizada no Esporte Clube Bahia durante o período de seu segundo mandato, o ex-presidente tricolor resolveu se defender das críticas. Em uma longa de conversa com jornalistas na redação do jornal Correio*, incluindo membros da equipe do iBahia Esportes, o ex-dirigente do clube foi sabatinado durante quase duas horas. Dividimos a entrevista de Marcelo Filho em três partes, na qual ele aborda questionamentos sobre sua administração à frente do clube, entre contratos assinados, supostas irregularidades e vendas de jogadores. Ele também critica a nova diretoria, alegando influência política dentro do clube. Abaixo, confira a primeira parte do bate-papo.
A auditoria realizada no clube durante a intervenção apontou uma dívida geral de R$ 83 milhões e, nos últimos seis meses, houve um acúmulo de quase R$ 20 milhões. Ano passado você comemorou um déficit de R$ 2 milhões. Como é que em seis meses se cria um déficit de R$ 20 milhões?
Primeiro eu quero dizer o seguinte, eu não tenho dados para questionar a idoneidade e seria leviano de fazer isso da empresa que realizou a auditoria, mas eu digo com absoluta convicção que não é possível uma auditoria, seja ela de que empresa for, seja a Price ou a Ernst & Young, ou a mais conceituada que exista, que faça uma auditagem em um clube, em um período de 1 ano e 9 meses, que foi o que a intervenção se propôs, em 30 dias. Se você consultar qualquer empresa dessas aí e perguntar se é possível fazer esse trabalho minimamente consistente, todas lhe responderão que não têm tempo hábil para fazer essa avaliação. Essa é a minha opinião e só mostra a maneira, digamos assim, raivosa, como foi determinado que essa auditoria fosse feita. Aliás, o próprio juiz, quando determinou o despacho, foi bem claro. Ele disse 'faça uma auditoria rigorosa nas contas do clube'. Acho que a palavra não cabia, porque ele deve ser imparcial e talvez a palavra até tenha mostrado um ânimo dele no fato da auditoria.
Essa questão dos R$ 83 milhões, eu não tenho como lhe responder. Afirmo com toda certeza que é um absurdo chegar a esse número. Aliás, neste processo todo eu ouvi o presidente nomeado pela justiça dizer, inclusive em entrevista a Juca Kfouri, que o rombo do Bahia era de R$ 200 milhões. Ele precisa se entender com a auditoria porque ele disse que era de R$ 200 milhões, nesse processo todo eu ouvi dizer que era R$ 120 milhões, agora a auditoria fala em R$ 83 milhões e a própria auditoria fala que não teve tempo de pegar documentos em relação às dívidas trabalhistas, e portanto não teve tempo de fazer essa auditoria de forma correta. Tenho dados de um estudo feito pela BDO, que em maio deste ano divulgou a lista de dívidas de todos os clubes Brasil e mostrou que o Bahia, de 2011 para 2012, variou em apenas 5% a sua dívida, crescendo de R$ 58 milhões para R$ 61 milhões. Como é que esses R$ 20 milhões aparecem em seis meses, sinceramente, não tenho como responder. Se você parar para raciocinar e fizer conta de padeiro, é praticamente impossível uma dívida crescer de dezembro até hoje em R$ 20 milhões. Eu não sei como a auditoria chegou nesse número e vou procurar saber. Vou pegar os dados da auditoria para tecnicamente responder, mas afirmo com toda certeza: é impossível ele ter chegado a esse número. Eu prefiro confiar na BDO, prefiro confiar na Pluri Consultoria, que são empresas reconhecidas nacionalmente. Se vocês fizerem a conta, o Bahia foi o sexto ou sétimo que menos cresceu em dívidas entre os 23 clubes analisados pela BDO. Como ele chegou a esses R$ 83 milhões, é impossível saber. Não sei como a Performance chegou a esses números.
E é bom colocar também que, se fosse R$ 83 milhões a dívida, nós estaríamos muito bem colocados em relação aos outros clubes do Brasil. E mais ainda, o fato de você dever não significa necessariamente que você esteja em uma situação ruim. Eu estaria economicamente quebrado se eu devesse R$ 10 milhões e não tivesse patrimônio líquido para cobrir isso, mas se eu devo R$ 100 milhões e tiver R$ 200 milhões para cobrir isso, eu estou muito bem. À propósito, a conclusão de que a Pluri Consultoria fez um estudo para o Bahia, analisando os anos de 2008 a 2012, e eu vou ler aqui para vocês a conclusão que ela chegou com relação a isso: 'O endividamento líquido do clube subiu 140% nos últimos cinco anos, patamar bastante inferior aos das receitas, o que gerou um grande melhoria na relação 'dívidas x receitas', que caiu 21% nos últimos quatro anos, passando de 146% em 2009 para 92% em 2012. Dentre os 17 maiores clubes brasileiros, somente três possuem relação 'dívida receita' inferior a 100% e o Bahia é um deles'.
Então, não significa que termos uma dívida de R$ 83 milhões, que não é o caso, signifique que o Bahia está quebrado, muito pelo contrário. Isto é o que apontou o estudo da Pluri Consultoria, que é uma empresa isenta e sem nenhum tipo de influência do que acontece aqui, da paixão, do futebol e do mercado baiano. E, só para completar, ela fala ainda aqui, o que chama bastante atenção, do forte crescimento do valor da marca do Bahia, que passou de R$ 13 milhões, em 2009, quando eu assumi e era a 20ª do Brasil, para R$ 55 milhões em 2012, 15ª do Brasil, que é uma variação de 304% em apenas três anos. Esse é o maior crescimento entre os 17 maiores clubes do Brasil e muito superior oa crescimento médio do mercado, que foi em média 53%. Esse é um estudo que não fui eu que fiz, é da Pluri Consultoria. Isso são números. Eu vi muita gente dizer neste período todo para o atual presidente nomeado pela justiça que ele precisava valorizar a marca do Bahia. Quem precisava valorizar fui eu, quando assumi o clube. Ele está pegando hoje a marca mais valorizada do Nordeste. e uma das maiores do Brasil. Trabalho feito na nossa gestão.
Se a situação não é tão ruim como você está falando, porque o Bahia não facilitou e até dificultou o trabalho da auditoria?
Eu discordo e contexto veementemente isso. Desde o primeiro momento não houve nenhuma orientação para que ninguém escondesse documentação no clube. Eles estiveram lá esse tempo inteiro e afirmo: se eles não pegaram a documentação é porque não tiveram tempo hábil de fazer uma auditagem. Fizeram com uma pessoa apenas, pelas informações que eu tenho, que ia no clube duas vezes por semana, durante esse período de 30 dias. É Impossível você fazer uma auditagem em uma empresa do tamanho do clube que fatura R$ 50 milhões por ano, do tamanho que é essa empresa. Evidentemente que é muito cômodo, porque havia o prazo de se encerrar essa auditoria em 7 de setembro, que foi o prazo determinado pelo juiz e que tinha que terminar de qualquer maneira. Então, essa dificuldade é por conta disso, nada mais do que isso. Todos os contadores do clube estavam lá. Contador, aliás, que é irmão de um dos maiores oposicionistas à minha gestão: Emanuel do Prado Vieira. O contador chama-se Raimundo do Prado Vieira, que é irmão de Emanuel, que entrou com uma ação contra mim. Prova de lisura maior do que essa, eu não consigo enxergar. É só vocês procurarem ele e saber se ele esteve lá, se negou alguma informação, ou qualquer coisa do tipo.
A auditoria não usa essa palavra, mas mostra um caos administrativo, com aspectos como falha de recolhimento de FGTS, de impostos, ausência de ponto, hora extra, adicional noturno... O Bahia vivia um caos administrativo?
Eu refuto a palavra 'caos'. Evidentemente, volto a dizer que todo mundo aqui tem inteligência e tem discernimento. É óbvio que a auditoria foi contratada com um intuito e óbvio que havia uma pressão, até certo ponto natural, para se achar algum resultado adequado às pessoas que fizeram essa contratação. Aí você pode brincar com as palavras. Você pode usar a palavrinha 'caos' para simplesmente dizer que um procedimento que poderia ser ajustado, a palavra poderia ser outra e não 'caos', mas usam essa palavra para poder dar um ensejo para uma situação desconfortável, situação realmente de 'caos', que é o que a palavra diz, mas não é. O Bahia, claro, tem problemas administrativos como toda empresa que fatura R$ 50 milhões deve ter. E nós estávamos, inclusive, trabalhando com a empresa Bússola, que tínhamos contratado, para melhorar a gestão do clube. Esse é um processo eterno e que tem que ser feito sempre. Na minha gestão, na anterior, na futura. E claro que o Bahia tinha problemas de gestão que são naturais, porque a empresa é feita por pessoas e pessoas são falíveis. Isso não significa que a gestão era fraudulenta ou era temerária. No caso do FGTS e INNS, todos os clubes devem, isso não é nenhuma novidade. Quando eu assumi, o Bahia devia. Na minha gestão, deveu e, daqui para frente, continuará devendo. Todos os clubes devem e nenhum tem condição de pagar.
Não seria por erro de gestão?
Não tem condições de pagar porque o mercado do futebol é um mercado que paga valores que, a meu ver, são excessivos. Mas isso é fruto do mercado, é peculiar do mercado. Isso gera impostos dentro do cenário brasileiro, como a gente precisa estruturar melhor, reestruturar o clube, são coisas que não são só no Bahia. De cem empresas que nascem no Brasil, em cinco anos 90% delas morre por conta do problema tributário. No caso, só no futebol existe esse problema que é inerente ao negócio. É um problema que o Bahia teve e vai continuar tendo. Isso não significa que nós tenhamos nos apropriado indebitamente dos recursos que foram pagos e que não foram recolhidos. É diferente você não recolher o imposto para pagar salários do que não recolher e colocar o dinheiro no bolso, que evidentemente não aconteceu.
A auditoria aponta que aconteceu...
Pois é, mas em que ponto? É isso que eu quero entender. Existe uma acusação gravíssima e que eu quero desafiar a auditoria, desafiar quem participou da auditagem, o presidente colocado pela justiça, porque dizem que no dia 13 de junho de 2013 houve um depósito de R$ 2.300.000,00, se não me engano, para determinada empresa. Eu quero que provem isso. Eles estão lá com dados, então eu quero que mostrem, aponte quando é que foi feito isso. Aponte também qual foi o desvio. Uma coisa é você apontar que existem procedimentos administrativos que não deveriam ter sido feitos ou poderiam ser feitos de outra forma ou que deveriam melhorar estes procedimentos, outra coisa é dizer que esse procedimento gerou um desvio para o bolso de determinada pessoa, neste dia, com tal cheque, tal hora. É preciso provar isso.
Essa empresa é a Consultiva, que os sócios são seu pai e seu irmão. Por que o Bahia contratou a empresa cujos sócios são seus familiares?
O Bahia não contratou essa empresa. Talvez esse ponto seja o mais polêmico da questão, mas o que existe é o seguinte... No caso dessa acusação, volto a dizer: quero que mostre e prove o que o que dizem. Não estou falando de R$ 1.000 ou R$ 500,00, é uma acusação grave. No caso do FGTS, especificamente, eu já tinha publicado isso outras vezes, fizemos um acordo de pagamento para todo FGTS devido pelo Bahia desde 1975, que é desde quando o Bahia deve. O atual presidente, nomeado pela Justiça, foi presidente de 1976 a 1979. Existem débitos de FGTS não recolhidos da gestão dele, que nós estamos honrando ou já honramos. Ele não recolheu impostos e, nem por isso, estou acusando e dizendo que ele não recolheu porque colocou dinheiro no bolso. Não deve ter recolhido porque teve dificuldades financeiras naquele momento e colocou dinheiro em outra coisa, como pagar salários. Isso deixa claro que esse problema vem desde muito tempo e vai continuar existindo sempre. Já no caso da Consultiva, em 2005, quando eu não estava no Bahia, existia uma dívida do Bahia S.A. com a empresa Pós-data.
Cujo sócio também é seu pai...É preciso ir na junta comercial para comprovar isso. Não, não é e nunca foi. Você pode ver isso na junta comercial.
Mas é uma das empresas envolvidas na Operação Jaleco Branco...O que não a torna de Marcelo Guimarães ou de qualquer outra pessoa. A pessoa precisa estar na junta comercial. Aliás, nessa operação, ele não é o único acusado. São ele e mais 16 pessoas. Para ser dono, precisa estar na junta. Houve aqui um empréstimo que está lá na contabilidade do clube, de cerca de R$ 878 mil. É um empréstimo adquirido em 2000, mas eu não tenho mais esse documento. Esse empréstimo foi corrigido com 2,5% ao mês, que é um juros de mercado, porque o Bahia precisava de dinheiro na época. Foi feito um contrato, assinado pelo Bahia S.A., pelo Luiz Trócoli, indicado pelo banco, era o homem de confiança de Daniel Dantas. Esse empréstimo foi feito com nota promissória para ser pago em 31 de agosto de 2006 e não foi feito.
Porque o Bahia pegou empréstimo com uma empresa de gestão de saúde (Postdata)?
Eu não estava no clube nessa época, mas imagino que pegou dinheiro porque precisava.
Mas de uma empresa de saúde?
Tem pessoa física que empresta dinheiro. Isso não é problema. E também precisa ser perguntado à época porque se recebeu esse dinheiro. Em determinado momento, esse débito de R$ 1.185.000,00 não foi pago. Portanto, em 8 de novembro de 2010, a Pós-data, que não recebeu o recurso, transferiu o crédito para a Protector. Em determinado momento, ela passou o débito... Aliás não, em 2009 é que ela passa para Protector. Em 2010, a Protector, que também não recebeu, está aqui o documento, está lá na contabilidade do clube, e imagino que aqui ninguém faz filantropia, tem que pagar mesmo. Por exemplo, Gilberto Bastos que entrou no clube comigo, ele emprestou, a pessoa física, à época, se não me engano, cerca de R$ 250 mil para pagar uma folha do mês de janeiro. Tava contabilizado um mútuo. Ele emprestou o dinheiro e o Bahia pagou a ele depois, se não me engano, algo em torno de R$ 400 mil. Foi pago a ele, como outros empréstimos foram feitos e pagos. Como por exemplo, há muito tempo atrás o Bahia pegou empréstimo com André Cury e pagou na minha gestão. Eu que paguei, a minha gestão que pagou. Se era devido, corrigido, tem que pagar. Você emprestou dinheiro, tem que pagar. Não tem nada ilegal com relação a isso. Não tem segredo, não tem nada ilegal.
Mas esse é um empréstimo de 2000...
Qual o problema?
Ele deveria ter uma prioridade, já que está há mais tempo rolando.
Ele deveria ter recebido antes, você quer dizer isso.
Porque o Bahia preferiu pegar empréstimo com a Pós-data ao invés de ir no banco?
É uma suposição minha, mas certamente o Bahia foi ao banco e não tinha crédito. Como eu, em 2009 como presidente, fui ao banco e o banco não tinha crédito. O banco diz que não tem condições de lhe dar crédito. Se qualquer pessoa normal for tirar empréstimo no banco, o banco não vai emprestar a quem está devendo. Imagino que tenha sido isso. Não sei. Eu como presidente passei por essa dificuldade. De 2009 a 2010, até a gente ajustar as contas do clube, fomos ao banco e o banco não emprestava dinheiro.
Você nega então qualquer relação dessas empresas citadas com a sua família?
Evidentemente... A Consultiva não. Mas dessas empresas, não há relação nenhuma com elas. E mais, o que é mais importante, os contratos existem, o pagamento era devido e foi feito. O que é que há de ilegal nisso? São juros de mercado. Se tivesse aqui juros de 10% ao mês, 15% ao mês, coisas exorbitantes, absurdas, havia alguma coisa ilegal. Não há nada de ilegal em relação a isso.
Nove anos de empréstimo e nove anos de juros correndo. Não se procurou renegociar ou pagar essa dívida?
Isso foi renegociado várias vezes. Inclusive, em 2009 eu acho, eu estava no clube e não paguei.
Você procurou a empresa para negociar?
A empresa e outras que eu disse aqui, como paguei o empréstimo de André Cury. Fui lá, renegociei e paguei. O empréstimo de Gilberto Bastos, fui lá, renegociei e paguei. E outras pessoas que não vem ao caso dizer aqui, que emprestaram dinheiro ao clube, que emprestam ao Vitória, que emprestam ao Bahia, que emprestam a outros clubes do Brasil, a pessoa emprestou o dinheiro e tem que receber. Seja pessoa física, seja pessoa jurídica. Emprestou, fez o contrato, não tem problema. Não há nenhuma irregularidade nisso.
Um trecho do relatório da Performance aponta que o Bahia fez frequentes pagamentos em dinheiro ou com cheques ao portador de valores relevantes. E não está explicitado a quem foi feito esse pagamento, quem são esses beneficiados. O que você tem a dizer sobre isso?
Duas coisas. Primeiro que o fato de pagar com cheque nominal ao portador ou em dinheiro, qualquer empresa do mundo faz isso. Se esse procedimento deve ser ou não corriqueiro, se a empresa de auditagem acha que deveria ser feito de outra forma, se ela acha que era preciso fazer de outra maneira, era mais seguro, era mais indicado, é uma outra coisa. Agora, ela tem que indicar se nesse pagamento que foi feito, nesses pagamentos, houve algum pagamento ilegal, se houve algum pagamento feito de maneira incorreta. É isso que eu quero saber. Uma coisa é dizer que não concorda, uma outra é levantar dúvidas. Eu afirmo com toda certeza, há lá no clube as notas fiscais, os devidos pagamentos, os recibos... Toda documentação financeira do clube está lá no clube. O que é preciso saber é o seguinte: a empresa que teve acesso as contas do clube viu se o dinheiro foi desviado para algum lugar? Uma coisa é questionar o modos operandi, se foi ou não feito de maneira mais adequada. Outra coisa é dizer que houve um desvio.
Mas é apontado que não há o devido registro na contabilidade. Foram encontradas também notas fiscais sem a descrição do serviço, além de dois recibos de R$ 30 mil cada como adiantamento para terceiros sem constar quem são.
Bom, sem olhar especificamente qual foi o recibo, qual foi o pagamento, é impossível fazer esse questionamento a uma empresa que fatura R$ 50 milhões e que eu estou à frente há quatro anos. Não tenho como dizer aqui especificamente cada caso. Aliás, isso até me irrita, porque é preciso que haja uma acusação para que eu me defenda. É preciso dizer assim: esse recibo saiu para um pagamento dessa forma, esse pagamento foi feito de maneira errada, explique isso aqui. Para que eu possa explicar. É o que eu estou dizendo para vocês aqui, um procedimento, uma alegação de que um procedimento não deveria ser feito dessa forma, sim. Isso é ilegal? Está fora das leis? Das normas? Você pode achar... Eu poderia ter contratado uma outra empresa de auditoria que poderia dizer que diante dessa situação o melhor procedimento a se fazer era esse. É uma opinião da Performance de que não deveria ser feito assim. É um direito que ela tem. Agora, daí se alegar, se inferir ou deduzir que houve um desvio, houve um mau uso do dinheiro, vai uma distância realmente gigante.
E o cheque de R$ 32 mil para um moto-boy?
É a mesma coisa. O moto-boy que ele fala é do clube. Como é que acontece? É preciso fazer diversos pagamentos. Então o moto-boy do clube, ninguém mais indicado do que ele, está ali para isso, pega o cheque, como acontece em qualquer empresa, vai ao banco, saca o dinheiro e paga. É o que deve ter acontecido com o cheque de R$ 32 mil e outros. É como acontece. Eu não consigo entender onde está a irregularidade nisso.
Como você explica a devolução do assessor Sérgio Kabrocha dos valores de R$ 165 mil e R$ 87 mil nos dias 13 e 18 de abril, referentes a baixa parcial de empréstimo anteriormente concedida a Consultiva? Porque o Bahia pagou o imposto de renda de Kabrocha, devolvido no mês seguinte? E hoje você e Kabrocha são brigados, o que ele fez?
Não. A primeira coisa é a seguinte, não sou brigado com ele. Não há nenhuma briga, há um afastamento. As pessoas se afastam. Não tem nenhuma briga. Tem um afastamento. Quem nunca se afastou de um amigo? Não tem nenhum problema... No caso do Bahia, o que aconteceu foi. Tudo o que estou dizendo, não só nesta resposta agora, mas estou respondendo sem ter acesso a auditoria, sem ter acesso ao ponto específico do que aconteceu. Estou respondendo ao que saiu nos jornais e o que vocês estão me questionando. O que eu imagino é que houve um encontro de contas do que ele emprestou ao clube e houve esse pagamento por conta desse recurso que entrou na conta do clube diretamente dele.E onde a Consultiva entra nessa história?Não sei. Tem que perguntar a Performance, porque não há nenhuma ligação entre ele e a Consultiva e a Consultiva nessa situação. Tem que perguntar de onde a auditoria tirou essa informação.
Mas porque pagar o imposto de renda de Kabrocha?
Imagino que houve um aporte de recurso dele para o clube. É uma conta simples. Há a entrada de recurso e a saída. Amortização do empréstimo. Volto a dizer a resposta anterior. Reconheço que isso não é o procedimento adequado. Daí a ser um procedimento ilegal é outra história. Reconheço que não é adequado. Agora, qual a explicação? Você faz um empréstimo, depois você tem um dinheiro a receber. Houve um abatimento no encontro de contas desse recurso no pagamento do imposto. Simples. Esse procedimento é adequado? Não. Esse procedimento deveria ter sido feito? Não. Mas daí a ser um procedimento ilegal há uma distância.
Kabrocha depositou o mesmo valor?
Eu não tenho essa informação. Esse ponto especificamente eu não posso responder. É como eu falei desde o começo. É preciso pegar ponto a ponto e olhar qual é a acusação. É preciso pegar a memória de cálculo disso tudo para eu poder responder. Do que eu li no jornal é isso.
Só para finalizar, a questão da empresa Consultiva. Seu pai e seu irmão são sócios?
São.
Porque o Bahia contratou a empresa de seu pai e de seu irmão?
Eles são sócios sim. O Bahia não contratou essa empresa para nada e não existe aquilo, o valor de R$ 2,3 milhões depositados na conta da Consultiva. Quem está lá dentro tem toda a ferramenta para provar isso. Isso é uma mentira.
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