Feijão escreveu um capítulo inédito na história do Bahia. Na Arena Fonte Nova, marcou o gol 1000 do clube em Campeonatos Brasileiros. O baiano, 19 anos, revelado na base tricolor, completou a contagem aberta por Alencar na Taça Brasil de 1959. “Na hora nem lembrei. Quem lembra na hora da emoção? Só lembrei na hora que o repórter veio falar comigo, aí eu pensei: ‘car... foi mesmo’. Até agora não caiu a ficha”, confessa. Para acreditar, viu a reprise da vitória por 2x0 sobre o Internacional duas vezes. “Achei muito bonito. Eu chutei pensando na bola entrar mesmo”.
O milésimo gol do Bahia foi o primeiro da carreira de Feijão. “Eu tava querendo fazer um gol,mas não esperava que fosse o gol 1000”, surpreendeu-se o volante, promovido ao time profissional esse ano. A estreia foi com o técnico Jorginho, na vitória por 2x0 contra o Juazeirense, em Pituaçu, dia 24 de março, no Baiano. Após seis meses de espera, o gol e o reconhecimento. Após o jogo, ainda no estádio, recebeu das mãos do novo presidente, Fernando Schmidt, um uniforme com o número 1000. “Ficou muito grande. Acho que pensavam que seria de Fernandão. Eu uso P”, divertiu-se. A camisa, tamanho extra grande, vai ser emoldurada e exibida na parede de casa. MãeHomenagem com destinatária certa: “Dediquei pra minha mãe. Ela vem batalhando comigo desde que eu era pequeno”, reconhece. Dona Altamira é uma das responsáveis pelo sucesso do jogador. Aos 55 anos, guarda no rosto as marcas de quem já trabalhou muito pra dar condições ao filho de brigar por uma chance no mundo da bola. “Agora eu tô só cuidando dele, mas trabalhei mais de 30 anos no ponto de ônibus da Brasilgás. Vendi cerveja, cigarro, água, queimado e catei muita latinha pra pagar as competições dele”, conta. “E as chuteiras? O pé crescia e ele perdia toda hora”, lembra, com um sorriso no rosto, como se estivesse vendo o filho dar os primeiros chutes. “Tô muito feliz. É muita emoção, viu? Na Liberdade, Campinas de Pirajá, São Marcos... Onde eu chego comentam dele”, se orgulha. “Ele é Bahia doente. Dentro da base, achou tanta oportunidade pra sair e nunca quis”, revela. Persistência premiada com um gol inimaginável. “Não imaginei isso em nenhum momento. Eu achava que seria Fernandão, Wallyson, Fahel, Willian Barbio...”, conta Feijão. Ele pode até não ter colocado fé na pontaria, mas dona Altamira já dava a dica.“Dessa vez ele chutou bem e certeiro. O que é que eu falo com você? Sempre chute com força porque vai bater em alguém e cair lá dentro”, orienta. Nova vidaQuem quiser que não escute conselho de mãe... Feijão sentou o pé aos quatro minutos do segundo tempo e contou coma ajuda do adversário. Antes de beijar a rede, a redonda desviou em Índio e tirou Muriel da jogada. Dona Altamira não foi pra arquibancada. Preferiu ver o jogo coma família na casa onde mora, em Pirajá. Ficou acordada até a madrugada, quando Feijão passou para buscá-la. Há um mês, o jogador está morando em um condomínio na Praia do Flamengo e não abre mão de ter a mãe por perto. Além do chamego, é ela quem prepara seu prato predileto: carne assada. Pois é, apesar do apelido, o volante não é muito fã da tradicional refeição brasileira. Na escolinha de futebol que começou a fazer aos 7 anos, Antônio Filipe virou Feijão. E, claro, por consequência, os irmãos Lucas e Mateus passaram a se chamar Macarrão e Arroz. Dona Altamira ficou retada coma brincadeira, mas mais retado mesmo ficou Feijão com uma ideia da mãe. “Eu ia botar ele na escolinha do Vitória, porque o Barradão era mais perto. Ele me olhou e disse que não queria, porque ainda iria ajudar o Bahia a ganhar a Copa João Avelange, acredita?”. Dois anos depois, entrou numa escolinha do Bahia, aos 9 anos. Foi zagueiro nos primeiros anos de base e só depois virou volante. A história reservava a ele a chance de chutar aquela bola e colocar o gol 1000 na conta do Bahia. Matéria original: Jornal Correio*
Orgulho tricolor e da mamãe. Feijão é filho nota 1000 |
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