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Verônica leva os filhos para o treino nos domingos |
Dividida entre a Bianca, o Marcelo e o ritmo de treinos de uma atleta de alto rendimento. Esta é a rotina da baiana Verônica Almeida, paratleta da natação, primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha nas Paraolimpíadas de Pequim e mãe de gêmeos. Com tantos atributos, ela encara diariamente o desafio de abraçar as rotinas de mãe e esportista. De um lado, o casal de sete anos de idade, do outro, a busca por novas medalhas e pela presença em Londres 2012. No final, ela garante: tudo se encaixa. "Tenho que ser as duas coisas ao mesmo tempo. Acordo às 5h20 para poder fazer o café deles e em seguida deixar os dois na escola. Depois vou para o treino e retorno já na hora de buscá-los. À tarde, antes de ir para o outro treino, fazemos as tarefas da escola e, sempre que dá, assistimos juntos um desenho animado ou montamos um quebra-cabeça", conta a mãe coruja sobre o ritual que se repete todos os dias. Quando retorna da segunda parte dos treinos, Verônica já encontra os filhos dormindo. Entre uma tarefa e outra nos diferentes ofícios, Verônica assegura que cuidar dos filhos é a parte que menos lhe dá canseira. "Sem dúvidas a rotina de atleta de alto rendimento exige muito mais esforço. Alimentação, suplementação, treinos dolorosos, distância e viagens intermináveis A rotina de mãe já faz parte do dia-a-dia, com carinho, meiguice, paixão e força". Treinando no México há poucos dias do Dia das Mães, a nadadora espera voltar a tempo de passar a data ao lado dos filhos, mas já está acostumada e já aprendeu a lidar, junto com as crias, com os momentos a distância. "Costumo dizer que dos 365 dias do ano, 65 eu passo com eles, mas eles entendem que é a minha profissão. Nunca deixo de estar presente nos momentos que tenho com eles. Aproveitamos ao máximo cada minutinho. A força de ser mãe está dentro de mim e isso nos aproxima e nos fazem completos como mãe e filhos". Para não sair da barra da saia da mãe, como diz o ditado, Bia e Marcelo deixam o sono de lado e aos domingos acordam às 5h30 para ir ao treino junto com a mãe. "Já fizemos disso uma rotina. Eles adoram ficar na borda da piscina contando as minhas inúmeras voltas", disse Verônica.
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Marcelo e Bia sentem orgulhoso da "mãe campeã" |
Exemplo - Com uma medalhista paraolímpica dentro de casa, natural que os filhos queiram seguir o mesmo caminho da mãe. Mas Verônica se surpreende e acha graça ao saber que o motivo da escolha não é bem o que ela pensava. "Não, mamãe, é porque (nadador) vive aparecendo na televisão", responderam os filhos ao serem questionados pela mãe sobre a ideia de serem nadadores. Ainda assim, o coração de mãe sente: "eles têm sim muito orgulho de mim como atleta e falam isso para todo mundo. "Minha mãe é uma campeã", conta.
Superação - Não faz muito tempo que a cadeira de rodas também entrou na vida de Verônica. Portadora da Síndrome de Elhers Danlos, uma doença rara e degenerativa, a paratleta começou a perder os movimentos das pernas em meados de 2006, quando já era a mãe. Superando os prognósticos médicos, inclusive sobre o tempo de vida que lhe restava, hoje Verônica comemora ao lado dos filhos as conquistas no esporte e na sua saúde.