A Copa do Mundo mal terminou, e já tem muita gente com saudades. Como esses primeiros momentos costumam ser de nostalgia, o GLOBO preparou uma retrospectiva com os grantes do momentos do torneio, marcado pelo árbitro de vídeo, pelo VAR e pelo título da França de Mbappé.
NEYMAR VIRA POLÊMICA
Neymar deu o que falar nesta Copa, nem sempre de maneira positiva. Famoso pelas jogadas de habilidade e golaços, o craque brasileiro ficou marcado negativamente pelas simulações e reclamações dentro de campo. Depois da vitória sobre a Costa Rica, em que marcou um gol, foi às lágrimas. Numa rede social, publicou um desabafo, sem destinatário muito claro: "Nem todos sabem o que passei pra chegar até aqui, falar até papagaio fala, agora fazer ... poucos fazem!!".
O atacante foi criticado por ex-jogadores e celebridades e virou piada internacional. Na internet, surgiu o "Neymar Challenge", jogo que brincava com as quedas e rolamentos do camisa 10. Depois da eliminação do Brasil, o coordenador de seleções da CBF, Edu Gaspar, resolveu defender o atacante das críticas. "Chega a dar pena, porque o que esse menino (Neymar) sofre não é brincadeira", disse em entrevista após a derrota para a Bélgica.
VAR
Livre no meio-campo, Paul Pogba recebeu a bola e logo avistou Griezmann. Com a potente perna direita, lançou com precisão para o atacante. Um passe rasteiro, rasante, que poderia se transformar em uma bela assistência se o zagueiro da Austrália não intervisse com um carrinho. Os franceses pediram pênalti, o juiz mandou seguir e, então, entrou em cena um dos grandes personagens desta Copa: o árbitro de vídeo, também conhecido como VAR.
O uruguaio Andrés Cunha reviu o lance no televisor e mudou sua decisão, marcando o primeiro pênalti com auxílio do árbitro de vídeo na história das Copas. O VAR esteve presente em todos os jogos do Mundial e teve papel fundamental para que esta edição quebrasse o recorde de pênaltis: foram marcados 29, nove com algum tipo de auxílio do árbitro de vídeo. Outros quatro foram cancelados após o uso da tecnologia.
CANARINHO PISTOLA E A TORCIDA BRASILEIRA
"Em 58 foi Pelé, em 62 foi o Mané"... A música, cheia de improvisos e ajustes por fazer, pegou. A torcida brasileira na Rússia tinha uma nova cara e um novo ritmo. Embalados por canções provocativas aos rivais da seleção, os brasileiros ocuparam as ruas e os estádios durante a Copa do Mundo. Tudo isso com aval e ajuda de um personagem peculiar: o Canarinho Pistola.
Mascote oficial da seleção brasileira, o pássaro de olhar enfesado já era um queridinho da torcida antes da Copa, e isso só aumentou durante a competição. Desde a concentração, em Londres, até as ruas da Praça Vermelha, o Canarinho fez a festa, ganhou a internet e protagonizou memes de toda espécie. Desde o encontro com o "Feiticeiro do Hexa", às fotos com os Beatles e a participação com a torcida da seleção na porta do hotel, que lhe rendeu até uma prisão.
A seleção brasileira deixou a Rússia com várias dúvidas sobre o futuro, mas o Canarinho parece ter vindo para ficar.
PANAMÁ FAZ HISTÓRIA
O Panamá chegou à Rússia sem muitas expectativas. Em um grupo com Bélgica e Inglaterra, a classificação para a segunda fase parecia um sonho distante demais. E foi mesmo. Depois de perder por 3 a 0 para os belgas, os latino-americanos não foram capazes de segurar a Inglaterra. Com três gols de Harry Kane, os britâncios venciam por 6 a 0, quando o Panamá fez história.
Aos 32 minutos do segundo tempo, o zagueiro Felipe Baloy se esticou todo para, de carrinho, marcar o primeiro gol do país em uma Copa do Mundo. Nem mesmo a goleada segurou a emoção dos panamenhos, que comemoraram efusivamente. Perto da aposentadoria, do alto de seus 37 anos, Baloy correu, apontou para o banco de reservas, tirou a camisa e beijou familiares na arquibancada.
A emoção do Panamá, também simbolizada pelo choro de narradores locais antes da estreia, estava completa. O país não só fez parte do Mundial como deixou sua marca na história, com o pé direito de Baloy.
A HERANÇA DE SCHMEICHEL
Kasper Schmeichel carrega o peso de seu sobrenome no gol da Dinamarca. Filho do lendário Peter Schmeichel, tinha a responsabilidade de honrar a família. E cumpriu a expectativa. Nas oitavas de final, contra a Croácia, o arqueiro teve o seu grande momento na Copa do Mundo.
Sob os olhares do pai, que estava nos camarotes do estádio em Níjni Novgorod, Kasper defendeu o pênalti de Modric no fim do segundo tempo da prorrogação. A intervenção garantiu o empate por 1 a 1, que levou a decisão para as penalidades máximas. Schmeichel ainda defendeu outras duas cobranças, mas não conseguiu evitar a eliminação da Dinamarca.
Nada que tirasse o orgulho da família ou dos dinamarqueses, que aplaudiram o esforço e a partida do goleiro. Ao fim do duelo, Schmeichel acabou eleito o melhor jogador em campo.
O CAOS ARGENTINO
A Argentina não viveu um dia tranquilo durante a Copa do Mundo. Na partida de estreia, empate com a Islândia, com direito a pênalti perdido por Lionel Messi. Na segunda rodada, uma derrota acachapante para a Croácia, com trapalhada do goleiro, Messi sumido e o desespero institucionalizado.
Os boatos se espalharam. Houve quem dissesse que o meia Javier Mascherano estava escalando o time, que Jorge Sampaoli teria brigado com seu assistente técnico. O clima era nebuloso na Argentina, que dependia de uma vitória sobre a Nigéria para se classificar. O resultado veio, debaixo de um show de caras e bocas de Diego Maradona. O ex-jogador acompanhou todos os passos da seleção na Copa, passou mal com a vitória sobre os africanos, mostrou o dedo do meio para torcedores do rival e foi uma das personalidades mais filmadas durante o Mundial.
No fim, a Argentina não foi páreo para a França nas oitavas de final e acabou derrota por 4 a 3, mandando Lionel Messi para casa e Sampaoli para a rua.
O BALÉ DE MBAPPÉ
Kylian Mbappé era só felicidade após o apito final de França x Croácia. O atacante do Paris Saint-Germain foi um dos principais jogadores da campeã mundial e acabou eleito como o Melhor Jogador Jovem da Copa. Foi um mês de futebol de alto nível do atleta de 19 anos, que brilhou especialmente nas oitavas de final.
Mbappé apavorou o sistema defensivo da Argentina. Com suas arrancadas, dribles rápidos e chutes precisos, o francês fez a diferença num confronto que se apresentava cada vez mais difícil. Logo no começo do jogo, partiu do seu campo de defesa e só parou quando foi derrubado por Marcos Rojo dentro da área. Griezmann converteu a cobrança. No segundo tempo, marcou dois gols para sacramentar a vitória por 4 a 3.
Ao longo da competição, foi às redes outras duas vezes, contra o Peru, na primeira fase, e na final. Herdeiro da camisa 10 de Zinedine Zidane, Mbappé já deixa a Copa como membro do seleto rol dos grandes jogadores da história da seleção francesa. E ainda tem uma carreira inteira pela frente.
AS ZEBRAS
Camisa pesa? Pode ser que sim, mas a Copa do Mundo da Rússia veio para desmentir algumas certezas sobre a hierarquia do futebol. O Mundial teve vários resultados inesperados, contrariando os maiores especialistas em bolões e previsões. A começar pela goleada russa na estreia e o bom desempenho dos anfitriões, que eliminaram a Espanha nas oitavas de final.
Finalista, a Croácia também teve sua cota de surpresa durante a Copa e derrotou duas campeãs mundiais a caminho da decisão. Na fase de grupos, bateu a Argentina por 3 a 0. Na semifinal, venceu a Inglaterra por 2 a 1, na prorrogação. Quem também quebrou alguns paradigmas foi a Bélgica, que derrotou o Brasil nas quartas de final e conseguiu o primeiro grande resultado desta geração, que conquistou o terceiro lugar na Copa.
Por fim, a Alemanha pode ter sido a grande decepção do torneio. Os defensores do título mundial perderam para México e Coreia do Sul, e nem mesmo a vitória no sufoco sobre a Suécia salvou os alemães da eliminação.
OS MEMES
A Copa do Mundo é sempre um prato cheio para a internet. As redes sociais se esbaldaram com os memes baseados nos jogadores e nas histórias do Mundial. De Cristiano Ronaldo ao Feiticeiro do Hexa, a Copa do Mundo foi acompanhada com muito bom humor na internet.
PÁTRIAS AMIGAS TORCEM PELO BRASIL
Não foram só os brasileiros que torceram por nossa seleção. Imagens de pessoas apoiando o Brasil e comemorando muito os gols de Coutinho e Neymar foram filmadas em países como Jamaica, Índia e Haiti.
Muitas nações não têm times fortes o suficiente para ir à Copa do Mundo e, então, abraçam a seleção brasileira, que cultivou o carinho destes torcedores ao longo das últimas décadas.
NÃO DEIXOU SAUDADE: O ASSÉDIO NA RÚSSIA
Os brasileiros também protagonizaram cenas lamentáveis no Mundial da Rússia. Grupos de homens foram filmados fazendo "brincadeiras" de péssimo gosto com mulheres locais. Em vídeos publicados na internet, os homens cantavam músicas sobre a cor do órgão sexual das mulheres russas, que aparentemente não sabiam do que se tratava aquilo.
O assédio foi rapidamente repreendido e tornou-se caso de polícia na Rússia. O Ministério do Interior do país instaurou um inquérito para investigar a conduta dos brasileiros neste caso.
Em um evento que deveria ser marcado pela festa e pela integração entre os povos, alguns brasileiros conseguiram dar um show de ignorância e machismo. Uma entrada desleal que não deveria fazer parte do nosso jogo há muito tempo.
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Redação iBahia
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