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Índios Pataxós prometem ritual pelo título alemão

Alemães estão financiando um projeto para que, até a próxima Copa, os alunos de uma escola estudem em tempo integral

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12/07/2014 às 14:19 • Atualizada em 29/08/2022 às 0:32 - há XX semanas
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O ritual manda que as orações sejam proferidas na língua nativa, no caso, o paxoram. Nos cachimbos vão as ervas medicinais. A tribo se reúne num grande círculo. Acende-se o fumo e o ambiente é tomado pelo fumacê e pelo som dos maracás. Inebriados, os índios dançam e rezam. O pajé entra em contato com as entidades espirituais. Saiba tudo sobre a Copa do Mundo de 2014
Aí só falta um detalhe: a televisão. Isso mesmo. No caso dos índios da tribo Pataxó de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, a “pajelança” de amanhã não será para curar doenças ou resolver problemas da tribo. Meia hora antes da final da Copa, eles vão se encontrar em frente à casa do pajé Itambé para rezar pela Alemanha de Schweinsteiger, Özil, Khedira e companhia.
A pajelança - ritual que reúne elementos da religiosidade popular, da medicina rústica e de componentes da cultura indígena - é uma prova de que os 33 dias dos alemães na Vila de Santo André, em Cabrália, mexeram muito com todos da região, inclusive com os índios. Não é difícil encontrar indígenas circulando pela tribo vestindo a camisa alemã.
“Vamos fazer essa pajelança pela Alemanha. Primeiro, porque somos brasileiros e eles não podem deixar a Argentina vencer na nossa casa. Segundo, porque foram grandes visitantes nesses dias de Copa. Mostraram ter admiração e respeito a nossa cultura”, diz o cacique José Valério Matos, o Zeca Pataxó, filho do pajé.
Desde que os alemães “invadiram” Cabrália, os índios passaram a ter mais uma seleção para torcer. Isso porque os ‘caras-pálidas’ foram logo demonstrando sua cordialidade. No primeiro treino no Campo Bahia, o quartel-general alemão, os pataxós foram convidados a mostrar sua cultura. Dançaram e tiraram fotos ao lado dos craques.
Ontem, eles foram convidados a participar da última entrevista antes da final. Índios com lanças, cocares e rostos pintados sentaram-se ao lado dos jornalistas. Ao fim da coletiva, receberam um cheque de R$ 30 mil das mãos do diretor-técnico Bierhof.
“Reunimos os grupos indígenas em um círculo. Acendemos os cachimbos e tocamos os maracás. Aí, em nossa língua, fazemos os nossos pedidos e orações. E os pedidos dessa vez são para que os alemães vençam”, revelou o cacique. Durante a coletiva, o próprio cacique fez esse pedido a Thomas Müller e a Philipp Lahm. “Primeiro falei que eles exageraram demais contra o Brasil e que 2x0 tava bom. Depois, pedi que eles não deixassem a Argentina ganhar”.
Descobrimento - Os alemães chegaram à vila de Santo André, 514 anos depois dos portugueses. Montaram um acampamento de luxo no mesmo local em que os patrícios tiveram o primeiro contato com os índios brasileiros. Ao invés de explorar, os alemães mostraram Santa Cruz Cabrália para o mundo. E com ela, a maior aldeia em população do Brasil, com sete mil indígenas.
“A Copa foi muito boa para a gente. A cidade onde teve a invasão portuguesa agora é conhecida mundialmente, né? Com a publicidade que o governo alemão fez, entramos no roteiro internacional”, afirma o índio Gilmar Gomes Ferreira, 36 anos, o Caruã Pataxó.
Mas, além da visibilidade, os índios também aproveitaram os alemães para pedir ajuda. Eles entregaram um documento à Federação Alemã de Futebol solicitando apoio para pressionar o governo brasileiro na demarcação das terras indígenas no Extremo Sul da Bahia. Os pataxós de Coroa Vermelha, que vivem da agricultura, artesanato e pesca, querem ampliar seu território, que hoje tem 1,9 mil hectares.
A ampliação, dizem eles, acabaria com os conflitos pela terra na região. “Tenho certeza que se fosse o governo alemão, as coisas já haviam sido resolvidas”, acredita Caruã. Se isso realmente iria acontecer, é difícil afirmar. O fato é que os alemães deixaram marcas eternas em Cabrália.
Além dos R$ 30 mil, que serão utilizados para a compra de um carro para a tribo, os alemães estão financiando um projeto para que, até a próxima Copa, os alunos de uma escola estudem em tempo integral. Além disso, vão deixar para a cidade toda a estrutura que montaram para a Copa do Mundo. Tanto os campos de treinamentos quanto os alojamentos. Quem sabe voltem um dia, de preferência tetracampeões mundiais. Força na pajelança! Matéria original: Correio Índios pataxós de Coroa Vermelha prometem ritual pelo título alemão

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