O volante Fernando Neto, que atuou no Vitória de 2020 até 2022, é um dos investigados na Operação Penalidade Máxima do Ministério Público de Goiás. Em depoimento, o jogador afirmou que sua participação no esquema de manipulação de resultados não passou de uma encenação.
Segundo Neto, ele apenas fingia ajudar os apostadores. Um recho da conversa entre o atleta e o promotor Fernando Cesconetto foi divulgado pelo site UOL.
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- Promotor: Fez contato com algum jogador, a pedidos, por conta dessa situação?
- Fernando: Ele me pedia, eu fingia estar procurando jogador pra ele, mas em nenhum momento eu levei nenhum contato pra ele.
- Promotor: Entrou em contato com algum jogador?
- Fernando: Pra ele não.
- Promotor: E se eu pegar o celular do Bauermann, não vou achar nada?
- Fenando: Que eu levei pra ele?
- Promotor: É, perguntando para tomar cartão, se conhecia alguém, não vou achar?
- Fernando: Então, eu fingia procurar jogador pra ele, só que não levava nada pra ele.
- Promotor: Mas e o Bauermann? Falou com ele?
- Fernando: Com o Eduardo? Eu cheguei a conversar com ele.
- Promotor: Pra que?
- Fernando: Pra fingir que eu tava conversando com ele.
- Promotor: Pra fingir pra quem?
- Fernando: Pro Bruno.
- Promotor: Pra mandar print da conversa pro Bruno?
- Fernando: Isso. Mas eu não cheguei a mandar print pra ele.
- Promotor: E então porque mandou?
- Fernando: Eu fingia estar procurando, eu só encaminhava a mensagem pra ele.
- Promotor: Encaminhava qual mensagem pra quem?
- Fernando: Pro Bruno, fingindo que estava conversando com jogador, entendeu?
- Promotor: Entendi, entendi, certo.
As conversas que foram interceptadas pelo MP mostram que Fernando Neto procurou Eduardo Bauermann, do Santos, com oferta de R$ 60 mil para levar um cartão amarelo nas rodadas finais do Brasileirão. O volante defendia, à época, o Operário-PR. Nos prints, o jogador ex-Vitória diz ter participado do esquema e recebido a punição após cometer falta no atacante Luciano Juba, do Sport, pela Série B.
Em outra conversa, o volante foi abordado por Bruno Lopez, apontado como chefe da quadrilha, como uma oferta de R$ 500 mil para que ele tomasse cartão vermelho no jogo contra o Sport. Segundo a investigação, o volante aceitou o acordo, e recebeu R$ 40 mil de adiantamento. Fernando alega que recebeu o dinheiro sem saber o que era.
"O Matheus chegou em mim com uma conversa que tinha um negócio pra mim e pediu meu PIX. Aí eu falei 'meu PIX é meu celular, mano'. Depois disso tudo, ele foi me explicar qual a relação desse PIX, que já chegou um PIX de 10 mil reais na minha conta, que era para eu cometer um cartão vermelho na partida. Eu logo falei pra ele que não contava com isso, que isso não era da minha índole. E logo chegou o Bruno com as ameaças deles, falando que eu tinha que cometer a expulsão no jogo", disse, segundo o UOL.
"Ele me pediu meu PIX, depois foi me explicar o que era. Eu perguntei pra ele: 'caiu um PIX aqui na minha conta?' E aí que ele explicou. Eu só falei 'meu Pix é meu celular, mano'. Ele falou que tinha uma parada pra mim e pediu meu PIX", acrescentou. "Depois, eles foram incisivos, mandaram mais 30 (mil), falando que eu ia ter que fazer a operação por R$ 100, 200 ou 500 mil".
Fernando Neto não foi expulso da partida e, depois, afirmou a Bruno Lopez que "tentou de tudo".
Se pudesse escutar o que falei pra ele depois das faltas que fiz, falta sem bola, falta fora do lance, no início do jogo já fiz falta na entrada da área e nada, eu chamei ele de cego, xinguei de filha da puta, mandei ele se foder e tomar no cu quando levei o amarelo, eu não estou contando história não, eu tentei, porque você falou que já tinha feito a operação, o árbitro no meio do jogo chegou em mim e perguntou se eu tava querendo ser expulso pra você ter uma ideia, na volta do intervalo ele falou a mesma coisa e perguntou o que estava acontecendo, Matheus viu o jogo também, olhas as faltas que fiz, só faltou eu agredir o árbitro pra acontecer alguma coisa Fernando Neto, jogador
"Você pode pensar que eu estou falando da boca pra fora, mas eu tentei de todo jeito e aquele fdp não me expulsou, não tem lógica o que ele fez, pra você ter uma ideia, todo mundo dentro do campo ficou revoltado", completou Fernando.
Em nota ao UOL, Neto afirmou que é inocente e que ele recebeu "inúmeras ameaças" depois de não receber o cartão vermelho.
"A defesa de Fernando Neto mais uma vez, reitera sua inocência, como feito perante o Ministério Público. O atleta foi procurado e aliciado pelos acusados. O PIX mencionado foi transferido para a sua conta corrente e após devolvido. Restituindo os valores na sua integralidade", afirmou.
Redação iBahia
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