Finalmente Kieza chegou, mas a presença dele não deveria cessar a procura do Vitória por um centroavante. Apesar do número da camisa, os melhores momentos de K9 no Bahia, por exemplo, não foram como homem de área e, sim, com mais liberdade de movimentação. Jogando pelos lados e partindo em diagonal pra área. Com alguém como referência lá dentro, pra prender a marcação dos zagueiros e abrir espaços pras essas infiltrações - na gíria boleira, chamadas de “facão”. Os números comprovam.Em 2014, Kieza chegou ao tricolor como sucessor de Fernandão. Jogou o segundo turno inteiro do Brasileirão como centroavante. Na função de Fernandão, fez apenas cinco gols e acabou rebaixado junto com o time. Só não foi embora na virada do ano porque o contrato era até o meio de 2015.
Pra nova temporada, o técnico Sérgio Soares mudou a posição de Kieza. Ele deixou de ser referência e foi jogar pelos lados, preferencialmente, o esquerdo. Pra formar dupla com K9, o desejo de Sérgio era Jael. Ele chegou a ser anunciado pelo clube, mas não veio. Optou-se por alguém com as mesmas características do Cruel. Trouxeram Léo Gamalho.
Léo não vingou, mas desobrigou Kieza de jogar mais próximo aos zagueiros, de costas pro gol e fixo na área, onde há menos espaço e a estrutura física não lhe permitia brigar de igual pra igual com os defensores. Pelo lado, Kieza se sentiu à vontade para usar suas armas – velocidade e o drible curto. Com a bola no pé, ganhou mais campo pra colocar as virtudes em ação. Sem a bola, passou a ter menos vigilância pra entrar na área e aproveitar-se das boas colocação e finalização. K9 desandou a balançar as redes. Terminou como vice-artilheiro do Brasil no ano – 29 gols.
Foi pela adaptação de Kieza à função de segundo atacante que o Bahia ficou 2015 inteiro atrás de um centroavante decente. Além de Gamalho e dos garotos João Leonardo e Jacó, vieram Alexandro e Roger. Tudo pra não mudar o posicionamento do artilheiro.
E no Vitória, como Kieza vai jogar? Vágner Mancini já o comandou no Náutico. Lá, K9 jogada pelas beiradas. É assim que o técnico prefere. Mas não descarta usar Kieza efetivamente como um 9. “Vai depender do encaixe do time”, me disse. A expectativa da maioria da crônica e da torcida é que Kieza substituirá Robert. Aí é que tá – renderá tão bem como ano passado voltando a ser centroavante? Outra opção seria manter Robert no time e colocar Kieza no lugar de Vander – aí sim, em função mais parecida com a de 2015, quando brilhou. Só que Robert vai dar conta de ser o homem de área do Vitória na Série A? O melhor é não arriscar... e ir em busca de um 9 mais confiável.
Sem 9 Quem também precisa de um centroavante é o Bahia. Thiago Ribeiro e Henrique, os reforços anunciados semana passada, não vão suprir a carência de Hernane, que só volta na Série B. Thiago e Henrique são jogadores de beirada. O primeiro chega pra ser titular. Quem sai? Provavelmente, Zé Roberto, com Edigar Júnio sendo deslocado pro comando de ataque, porém, sem o mesmo poder de finalização do Brocador.
Mesmo castigo?Mais uma vez o Vitória paga pelo erro de ter demorado a contratar. Os principais reforços, Kieza, Victor Ramos e Dagoberto só chegaram agora, na reta final do Baianão. Sem eles, o time segue sua oscilação no estadual. Perdeu pro Flamengo de Guanambi no jogo de ida das quartas. Agora, se não ganhar no Barradão, pode ficar fora das semifinais do estadual e, consequentemente, da Copa do Nordeste pelo segundo ano consecutivo. Não acredito que isso vá acontecer. Mas, pelo nível técnico da competição, só o fato de entrar em campo sob esse risco, no sábado, é inaceitável pra um clube de Série A.
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