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Craques vendados, baianos dão exemplo de superação no futebol de 5

Time do Instituto de Cegos da Bahia, além de abrigar jogadores da Seleção, é o atual tricampeão brasileiro

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03/04/2012 às 14:46 • Atualizada em 05/09/2022 às 11:40 - há XX semanas
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Jéferson, com a bola, é uma das estrelas da Seleção
Melhor não subestimá-los pela venda nos olhos. Ver a bola é o que menos importa para eles. No Futebol de 5, também conhecido como futebol para cegos, a paixão pelo futebol vai muito além do que se pode ver. Morada do melhor jogador mundo, a Bahia é um celeiro de craques desse esporte, e os jogadores mostram como superar limitações numa atividade onde enxergar pode parecer essencial, mas não é.Será que eles são bons? Resposta: há três anos o domínio na principal competição nacional no Futebol de 5 é do time do Instituto de Cegos da Bahia, campeões brasileiros em 2009, 2010 e 2011. Na Seleção Brasileira, dos 16 pré-selecionados para as Paraolimpíadas de Londres, quatro são da Terra de Todos os Santos. Para arrematar, nas veias do melhor do mundo corre sangue baiano.Quando perdeu a visão, aos sete anos de idade, Jeferson Conceição pensou ter perdido também a chance de realizar o sonho de ser um grande jogador de futebol. Agora, aos 22 anos, conseguiu mais que tornar realidade os desejos de criança. Campeão Mundial com a seleção brasileira, em 2010, ele foi eleito o melhor jogador de Futebol de 5 do planeta."Eu fiquei muito feliz depois dessa conquista, veio na hora certa. Depois que entrei para o Instituto de Cegos descobri novamente que podia jogar futebol. Hoje vejo tudo isso como uma coisa natural", diz Jeferson, que ainda tem outros três parceiros de seleção treinando com ele em Salvador.
Cássio, Gleidson, Jéferson e Sharles, baianos da Seleção Brasileira, ao lado do professor Gérson
"O que nós mostramos é que o deficiente visual tem limitações apenas no olhar. Não nos falta garra, determinação e talento para conseguir jogar futebol", avisa Cássio Lopes. Nascido em Ituberá, o baiano de 22 anos também defendeu o Brasil na conquista do Mundial e da medalha de ouro nos últimos jogos Parapan-Americanos, no México. Linha dura - Já que a expressão não pode ser vista, Gérson Coelho, 56 anos, faz da voz forte o principal instrumento para comandar a turma do time do Instituto de Cegos da Bahia. O apito e alguns gritos no meio da quadra são suficientes para os jovens jogadores entenderem o recado.
Professor faz o estilo "linha dura" nos treinos
Há quase 30 anos trabalhando com deficientes visuais, ele conta o segredo para a série de títulos. "Eu atribuo isso a muito treinamento. O Nordeste pratica o melhor futebol de 5 do país, e a Bahia participa muito disso. Hoje temos um time jovem e dos 16 que estão pré-selecionados para as Paraolimpíadas, quatro são baianos". Sobre as particularidades de treinar o time, o professor é direto: "eles apenas não enxergam. Depois de um tempo você vê que tudo transcorre normalmente".Gerson ainda aproveita para avisar que assim como entre os que podem enxergar, nem todo cego tem talento para o futebol. "Há cegos que não têm a menor habilidade. Nem todos desenvolvem essa capacidade. Os treinos melhoram um pouco, mas não dá pra transformar qualquer um em jogador".Saiba mais sobre como funciona o futebol de 5- Para ajudar na localização, a bola possui sinais sonoros que ajudam os jogadores a chegarem até ela.- Os jogadores são cegos totais ou parciais. Para igualarem as condições de visão, todos usam a venda.- Um 'chamador' fica atrás do gol adversário para orientar o ataque do seu time.- Para evitar o choque entre os atletas, foi criada a regra do "Eu vou". Antes de partir para a bola o jogador precisa avisar, gritando "eu vou".- A quadra tem as mesmas dimensões da usada no Futsal. As linhas são cercadas por placas que evitam que a bola saia.

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