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Balanço financeiro do São Paulo - 2019

Esse sempre foi um clube referência de gestão em um futebol brasileiro que tinha apenas "lampejos" de boas práticas.

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Redação iBahia

02/05/2020 às 11:16 • Atualizada em 26/08/2022 às 21:33 - há XX semanas
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A temporada de Balanços dos clubes iniciou e hoje vamos para mais uma análise.

Vamos com o tricolor paulista, o São Paulo Futebol Clube. Esse sempre foi um clube referência de gestão em um futebol brasileiro que tinha apenas "lampejos" de boas práticas.

Vamos lá!

Começando com o bloco das receitas. No todo, pequena decréscimo de R$ 6 mm(2019 x 2018), ficando em R$ 398 mm. Negociação de atletas reduziu em R$ 45 mm, mas passou a arrecadar mais com bilheteria. Receita de ST tímida para um clube do tamanho nessa torcida.

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

Note ainda que o estádio gera cerca de R$ 21 mm de receitas anuais com metade do vlr vindo de camarotes e cadeiras cativas. Outro ponto a ser destacado é que R$ 25 mm da receita deste ano vem através de uma recuperação de créditos tributários que serão compensados (Cofins).

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

Ponto de atenção: se considerarmos que cerca de R$ 55 mm das suas receitas vêm de "sociais e esportes amadores" + "estádio". É um cenário desafiador em tempos de pandemia e, certamente, não é um problema só dele.

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Nas contas de balanço, no ctas à receber, as "Entidades Esportivas" se referem as negociações de Direitos de atletas. Rodrigo Caio, Militão, Pratto, entre outros. Lembrando que o River Plate tem apresentado problemas nos pagamentos ao São Paulo.

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A
O clube investiu alto em 2019. Cerca de R$ 149 mm destinados à Thiago Volpi, Tchê Tchê, Pablo, Hernanes, Daniel Alves, entre outros. A pressão por sair do jejum de títulos fez a Diretoria ir às compras em busca de resultado esportivo. Não funcionou!
Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

Curiosidade: o SPFC possuía, em 31/12/2019, participação nos direitos econômicos de 36 atletas. Destes, em 2020, o clube já negociou definitivamente David Neres com o Ajax por 7 mm de euros (à vista) e de Antony por 15,7 mm de euros em 2x dentro de 2020. Grana para reforçar caixa.

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

Vamos entrar no passivo. Crescimento expressivo do endividamento bancário de curto prazo (joga mais pressão no caixa) saindo de R$ 62mm para R$ 127 mm (dobro).


O endividamento bancário de longo prazo aumentou também em função da criação de um FIDC NP com garantia da cessão de direitos creditórios ...

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

...da grana da TV. O clube foi precursor nesse instrumento. Basicamente o fundo é criado para captar investidores (inicialmente com aplicação mínima de R$ 200 mil) para financiar antecipação de dinheiro de Tv. O curioso é que o fundo nasceu com previsão de captação de R$ 38 mm e ...

até 31/12/19, tinha captado 90%. Em uma cidade como SP e um clube como o SPFC, não conseguir 100% da colocação deixa claro 2 coisas:


1 - o produto futebol ainda é visto com muita desconfiança pelo mercado financeiro.


2 - os investidores tb não confiam 100% na gestão.

O clube também cresceu a dívida com agentes. Na pauta, André Cury, Carlos Leite e Vinícius Pinotti dominam a cena dos credores. Dívida concentrado no curto prazo.

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A
Nas dívidas tributárias, a maior parte está alocada no Profut com cerca de R$ 60 mm. Para as receitas atuais e o perfil de endividamento do programa (ainda 15 anos de pagamentos restantes), não é um número que preocupa.
Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

Bora abrir agora a conta "Ent. esportivas" no passivo.

Note que esse número cresceu de R$ 59 mm para R$ 97 mm, sendo que destes valores, a obrigação dos R$ 90 mm é para os próximos 12 meses. Haja coração, amigo! Certamente, o clube deverá procurar um alongamento com o Porto...

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...referente a Maicon, além dos credores referentes a Tiago Volpi, Tchê Tchê (Dínamo), Pablo (CAP) e Hernanes (Hebei).

Claro que tem que "combinar com os russos", mas depois da pandemia, o dever de casa de sentar para renegociar dívidas passa a ser dever de casa.

Nas Provisões para contingências (vulgo, problema no binóculo), o clube fechou acordo com a CET (órgão municipal de tráfego) referente aos serviços prestados durante os eventos (shows, na sua grande maioria). Parcelamento de R$ 25,7 mm em 180 meses.

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Além disso, cerca de 18 acordos foram fechados c/ passivo trabalhista de atletas. Alguns processo são de 2006 e 2008. O valor? Cerca de R$ 37 mm e uma parte disso com parcelamento maior do que 30 meses. Outra: o clube está encerrando um litígio de 2004 referente a Ricardinho...

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(ex-jogador e atual comentarista do SporTV) cujo valor original era de R$ 5,2 mm e, atualizado a valores de 2019, está em R$ 25,7 mm. Mais um processo que deverá ser formalizado em 2020 e pago em parcelamento superior a 3 anos.

E aí chegando ao DRE, vem o seguinte:

Rec op. brutas - R$ 398 mm

(-) Desp oper. total - R$ 554 mm (*)

(*) Fut profissional e base - R$ 423mm

(*) Sociais e esp. amadores - R$ 43 mm

(*) Estádio - R$ 21 mm

(*) Administrativas - R$ 33 mm

(*) Encargos financeiros - R$ 33 mm

Chegamos na pancada de R$ 156 mm de déficit no ano de 2019. Esse número foi influenciado fortemente pelos R$ 81 mm em contingências já explicadas anteriormente. Era um problema que um dia chegaria e precisaria ser apropriado.

Ainda assim, sem esse número, o déficit seria enorme.

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A
E, inevitavelmente, o Patrimônio Líquido virou. Embora algo comum nos clubes brasileiros, pelo menos no SPFC (de acordo com números no site a partir de 2006) foi algo marcante. Se o clube fechasse em dez/2019, ainda deveria R$ 46 mm na praça.
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O Conselho Fiscal apontou no Relatório o desrespeito ao orçamento aprovado para o ano de 2019, ainda que não tivessem sido observadas irregularidades contábeis.

Frisa também que esse déficit vem carregado pelos processos judiciais de casos entre 2006 e 2015.

Foto: Reprodução / Twitter Futebol S/A

Que fica de lição?

Seu clube pode ter a melhor - ou pior - gestão. Sempre há a possibilidade de melhorar ou piorar.

Não há zona de conforto quando as gestões ainda estão em dúvidas. Fique de olho aberto, principalmente se você estiver na "crista da onda", pois a roda é gigante.

O clube voltará a achar seu caminho. Existem algumas empresas que são chamadas "Too big to fail" (Grandes demais para quebrar). O SPFC é um deles. Que ele ache rapidamente a reversão de rota para, quem sabe um dia, voltar a ser "Dentre os grandes, és o primeiro".

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