Evson jogou nas categorias de base do Vitória, mas deixou o clube cedo e hoje está no Japão. Foto: Divulgação |
Natural de Ituberá, interior baiano, ele agora defende o Gamba Osaka, do Japão. Em entrevista ao iBahia, Evson Patrício Vasconcelos do Nascimento contou detalhes do tempo em que ficou parado e como conseguiu a virada na carreira graças a um convite do Corinthians de Alagoas. "Tem que ter persistência, fé em Deus acima de tudo, nunca desistir. O sofrimento faz parte", afirma.
Como você chegou ao Vitória?
Sempre joguei na minha cidade, Ituberá, e com 16 anos fui fazer um teste. O prefeito da época me viu jogando em um campeonato juvenil e ficou louco comigo, gostou, perguntou onde eu queria fazer teste. Pelo fato de eu ser torcedor do Vitória, escolhi ir no Vitória. Ele me ajudou com tudo, hospedagem... Meti a cara no Vitória e consegui. Cheguei até o júnior. Ganhei títulos na base e depois cheguei ao profissional.
O que fez sua carreira desandar?
Coisas do futebol. Saí do Vitória e rodei um monte de time pequeno por causa de meu empresário na época. Ele me disse um monte de coisa, aquele filho da p...! Me disse um monte de coisa, falou isso e aquilo. Aí foi só ilusão. Ele me tirou do Vitória, fez com que eu pedisse para sair do Vitória sem acordo. Eu tinha mais um ano e meio de contrato no Vitória. Poderia ter sido até emprestado, mas ele falou para eu pedir a rescisão que eu iria para outro clube grande, que já estava certo. Acabou que pedi rescisão. Quando saí do Vitória, me levou só para barca furada. Foi só sofrimento, só sofrimento.
E você chegou a desistir do futebol?
Eu cheguei a abandonar. Cheguei a abandonar em 2012. Parei, larguei, por conta das frustrações, da sacanagem que o empresário fez comigo. Depois, ele me deixou na mão também. Então, fiquei sem dinheiro. Além do mais, a pior dor era psicológica. De repente eu estava no Vitória e seis meses depois desempregado por conta de um filho da p... de um empresário. Comecei a malhar em casa, já estava pensando em trabalho, estava procurando emprego, alguns cursos para fazer. Aí de última hora apareceu uma proposta para mim. Em si eu larguei, não tinha mais cabeça. Não conseguia nem assistir um jogo. Eu estava em um momento bem depressivo, bem difícil. Não conseguia dormir, mal comia. As coisas faltavam dentro de casa, a situação estava complicada.
Como as coisas começaram a mudar?
Recebi uma proposta. O momento da virada foi quando fui para o Corinthians alagoano. É um dos clubes, se não o clube, que mais manda jogadores para fora do Brasil em média por ano. Então, quando fui para lá, fui desacreditado, pois não conhecia o clube. Quando cheguei lá, me surpreendi com a estrutura do clube. A capacidade do João Feijó (presidente de honra do Corinthians-AL), a moral que ele tem com os estrangeiros no mundo todo. Quando fui para lá que tudo mudou. Foi aí que me viram. Bateram o olho em mim e gostaram.
Quais foram as pessoas mais importantes para você nos momentos de dificuldade?
Primeiro foi Deus. A pessoa foi minha mãe, que sempre esteve do meu lado. Um amigo meu também, que sempre estava comigo, o Alanderson, meu parceiro. E Minha mãe que foi a maior parte na questão de me apoiar. Mas o principal foi a questão da minha mente, mas eu sabia que era capaz de estar no meio do futebol, mas o esporte tem dessas coisas. Nem sempre o melhor vai jogar, vai se dar bem. O futebol, às vezes, nem mesmo a gente entende. Essas pessoas foram as que mais me apoiaram quando mais precisei.
Como estão as coisas no Japão?
Aqui está sendo legal. Está sendo uma escola pelo fato de ser o primeiro ano. Ainda mais para zagueiro, pela adaptação. Não imaginava tanta dificuldade, mas a questão do fuso e alimentação estão tranquilas. Maior dificuldade é do futebol diferente, dos detalhes táticos, e a solidão. Como sou solteiro ainda e moro sozinho, a dificuldade é essa. Mas para quem já passou pelo que eu passei, está tudo muito melhor. A experiência está sendo legal.
Quais os planos para o futuro?
Eu, pelo fato de estar aqui no Japão, está sendo uma experiência para mim, quero ficar aqui, sei lá, mais um, dois anos. Tenho vontade de voltar um dia, sinto falta do Brasil. O calor dos torcedores, aquela cobrança. Sinto a falta do meu país. É diferente. No momento a cabeça está aqui. Estou focado aqui, cada dia pegar mais o jeito deles jogarem, agilidade, rapidez. Seja o que Deus quiser. Tenho vontade de jogar no Brasil, em um clube bom, onde possa ter meu espaço, mas no momento a cabeça está aqui.
Após os obstáculos que você superou, qual conselho gostaria de dar aos atletas mais jovens?
De antemão, queria pedir para você destacar minha cidade: Ituberá. Muitos lá torcem por mim e não esqueço deles. Sobre o conselho que dou... é persistência, é saber a hora de assinar com empresário, saber quem vai ouvir, saber o que vai assinar, o que vai ler, prcurar informações. O futebol está cheio de mau-caráter, gente que vem com conversa fiada. Quando você está em fase ruim, te vira as costas. Só quer quando você está bem. É a vida de jogador. Quando você está mais ou menos, tem muita gente que vira as costas. Tem que ter persistência, fé em Deus acima de tudo, nunca desistir. O sofrimento faz parte. Leia mais notícas de esporte
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