Famosa por ter resistido ao audacioso ataque do bando de Lampião em 1927, Mossoró, cidade histórica localizada na região central do Rio Grande do Norte, entre o sertão e o litoral, guarda outro encanto nordestino: o amor junino pelas quadrilhas.
É através das cores das bandeirolas, das chitas, dos cetins e do ritmo do forró que os mossoroenses se voltam para o campeonato de quadrilhas que acontece todo ano, durante o mês de junho. A festa é tanta que Mossoró se transforma em uma verdadeira cidade junina que também recebe shows, peças teatrais, trio elétrico e milhares de turistas apaixonados pelo São João.
O carinho pelas quadrilhas e pelo período junino se transforma em um verdadeiro amor materno. É o que garante Liana Duarte, a presidente da quadrilha ‘Lume da Fogueira’, uma das mais tradicionais da cidade.
À frente do grupo desde 1998 (quando o mesmo foi criado), Liana conta que tudo começou como uma brincadeira na escola municipal do qual era a professora na época, onde os alunos se agruparam para dançar.
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A quadrilha foi crescendo, veio a necessidade de figurinos mais elaborados, de coreografias mais marcadas e a ‘Lume da Fogueira’ saiu do âmbito tradicional para o estilizado (dança com toques mais modernos), passou a competir e a ganhar prêmios.
“Sabe aquela emoção que uma mãe sente quando vê um filho dançando e sendo aplaudido? É assim que eu me sinto. Todos os 150 componentes da quadrilha são como meus filhos. Eu sinto as dores que eu eles sentem, eu brigo e eles respeitam. É uma emoção que não tem como explicar quando vemos um trabalho de meses na arena, que você vê todos ali dançando, dignos, de todas as classe sociais, cores ou sexos. Todos estamos juntos”, relatou Liana.
Desta forma, pode até parecer algo simples, mas não é. As quadrilhas competem em diversos estados do país durante o mês de junho e precisam ter um tema que deve ser traduzido através da música, do figurino e dos adereços.
Segundo Liana, o custo para uma quadrilha com 150 componentes montar um espetáculo com todos os detalhes exigidos e sair para competições Brasil à fora gira em R$ 200 mil. A quantia parece mesmo exorbitante para ser bancada pelos participantes, mas Lia explica que toda Mossoró se une para fazer a tradição ter continuidade.
“Contamos com o apoio de empresas de ônibus, da Prefeitura, das famílias dos dançarinos e a cidade como um todo mesmo. Quase todo dia realizamos uma rifa, mas aqui a comunidade abraça a quadrilha. Nem que seja para dar um garrafão de água durante uma temporada de ensaio, eles doam”, explicou Liana
Um ano de preparação
Para que tudo saia da forma mais impecável possível nas apresentações (o festival de quadrilhas de Mossoró tem início no dia 13 de junho), é preciso planejamento, dedicação e ensaio. Na reta final, antes da estreia, os integrantes ensaiam cerca 12h por dia.
Mesmo com tanta dedicação e até cansaço, o presidente da associação ‘Lume da Fogueira’ e coreógrafo da quadrilha, Abraão Morais, 29 anos, garante que todo processo é muito gratificante.
“A gente não vive sem isso aqui, tentámos até parar, sair, mas não conseguimos. Está no sangue da gente. Desde os quatro anos de idade danço e estou imerso no mundo juninos e não vivo mais sem São João”, exaltou Abraão.
De acordo com ele, toda a idealização do tema para a quadrilha para o próximo ano começa quando a competição se encerra. Em outubro, começam os primeiros ensaios durante os fins de semana, onde também são pensadas diversas coreografias até chegar na ideal.
“Ano passado o Lume da Fogueira não concorreu, mas esse ano decidimos competir e resgatamos um tema que utilizamos em 2006: os bois de Parintins (Caprichoso x Garantido). Desta vez, vamos fazer algo com mais maturidade, com um lado mais lúdico, mais próximo da nossa realidade. Na nossa apresentação vamos unir os bois, o que não acontece na apresentação oficial”, explicou.
A moldura das quadrilhas é o colorido das bandeirolas
Em junho, a cidade fica enfeitada para receber o público durante os dias de festa da ‘Mossoró Cidade Junina’. Mas quem está por trás daquelas 50 mil bandeirolas espalhadas pelas ruas?
A resposta está na história de Ivete Azevedo, 63 anos, que há 23 anos se dedica a coordenar a confecção de bandeirolas e tecidos que colorem Mossoró. “Coordeno onze costureiras, mas todo o material que está aqui sou eu mesma que corto. Aprendi tudo do nada, só vendo, tanto que hoje corto todas as bandeiras sem molde algum”, explicou.
Um mês antes do início das festas, a rotina de trabalho é intensa. Ela e as costureiras entram às 7h no galpão de confecção, mas não tem hora para sair. “É uma satisfação ver a cidade toda enfeita, colorida. O São João é uma festa muito alegre”, ressaltou.
Homenagem
Essas três histórias se entrelaçam e são essenciais para que a festa ‘Mossoró Cidade Junina’ possa acontecer e se consolidar como um dos principais festejos juninos do Nordeste.
Por este motivo, o grupo Boticário homenageou Liana, Abraão e Ivete durante a coroação do rei e da rainha do São João de Mossoró, realizada na Arena Deodete Dias, no último sábado (1º). Os candidatos à condecoração são integrantes de diversas quadrilhas da cidade.
No dia, com o local lotado, a quadrilha ‘Lume da Fogueira’ preparou uma coreografia especial para estes três nomes da história do São João da cidade. Uma websérie também foi produzida pelo Boticário, onde a história de cada um é contada pelo poeta Bráulio Bessa em forma de cordel.
Para o franqueado do grupo, Filipi Gentil, a ligação da cultura local, através da história das pessoas homenageadas, com a marca é algo muito especial. “A paixão com que as pessoas fizeram o evento e de como o Boticário se envolveu nessa história foi muito bonito”, disse.
A empresa também estará presente em outras festas pelo Nordeste. Além de Mossoró, a Barraca do Xêro vai concentrar as ativações da marca em Campina Grande (Paraíba) e Amargosa (Bahia). Será um espaço para recarregar as energias - e também a bateria do celular -, se refrescar com fragrâncias marcantes e retocar a maquiagem
A repórter viajou para Mossoró (RN) a convite do grupo Boticário
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Redação iBahia
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