No Dia dos Professores, não faltaram homenagens aos mestres na Fliquinha, ontem, em Cachoeira. Mas, na programação infantil da 5ª Festa Literária Internacional de Cachoeira Flica, as estrelas foram mesmo os estudantes, que criaram a peça De Pedaço em Pedaço, Olha Só o Que eu Faço, montada pelo grupo Rouxinol especialmente para o evento realizado pela iContent empresa de eventos da Rede Bahia - com a Cachoeira Literária (Cali).
“Fiz uma poesia que acabou virando uma música e deu origem ao título dela”, comemorou a estudante Ana Luíza Fernandes, 11 anos, que vive em Muritiba. A menina também se prepara para lançar hoje na Fliquinha seu primeiro livro de poesia, junto com alguns colegas. Para assistir à montagem, vieram crianças de várias cidades da redondeza. Tamires Alencar, professora do Educandário Imaculado Coração de Maria, em Amélia Rodrigues, levou 51. “Fomos à peça, ouvimos histórias na rua, participamos de brincadeiras... Tudo isso é importante para estimular a leitura”, disse a educadora.Ao lado dela, estava a tímida Thayla de Jesus, 8, que recitou, os versos que ela mesma havia criado no dia anterior: “Ler é aprender, ler é conceder. É um desejo de comparecer e entender”. Thayla, que adora histórias de princesas, encantou-se com o cenário do Cine Theatro Cachoeira no, que abriga a Fliquinha. Penduradas sob o teto, estavam enormes águas-vivas feitas com plástico bolha, que, iluminadas por uma luz azul, resultava num belo efeito. Mira Silva, uma das curadoras da Fliquinha, provocava: “Meninos, sabem o que é isso?”, “São águas-vivas”, respondiam em coro. “E onde nós estamos?”, perguntou. “No fundo do mar”, berravam os meninos, empolgados.Perto dali, no Claustro do Convento do Carmo, estavam o escritor carioca João Paulo Cuenca e o brasiliense radicado na Bahia Lima Trindade, participando da mesa O Superficial da Profundidade, mediada pelo crítico literário e poeta pernambucano Cristiano Ramos. Cuenca disse que, partindo do superficial, o autor pode chegar ao profundo: “Um dos meus textos favoritos é A Última Crônica, de Fernando Sabino. Depois de observar um casal negro acendendo uma vela para o aniversário da filha, num ato aparentemente superficial, ele continua o texto até dar uma dimensão do que é o racismo. Mas faz isso sem falar diretamente em racismo”.Cristiano Ramos criticou alguns autores que têm a profundidade como pretensão: “Eles acabam caindo num falso rebuscamento”. A mesa não deixou de mencionar o Dia dos Professores, e Trindade destacou a importância dos mestres: “Um dia desse tive meu momento Lady Gaga, quando fui conversar comuns estudantes que mostravam conhecer a minha obra. Aquilo me fez sentir quase gente (risos). Mas foi graças aos professores. O indivíduo deve ler aquilo de que ele se sente próximo e os bons professores têm essa sensibilidade”. A última mesa de ontem teve o tema Paisagem Múltipla e contou com as escritoras Martha Medeirose Veronica Stigger, e mediação de Cristiano Ramos. A Flica termina domingo.
Foto: Daniele Rodrigues/ Divulgação |
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