Explorar os recifes de corais durante uma aula e, na tarde seguinte, fazer uma visita pela superfície de Marte são algumas das possibilidades quando a Realidade Virtual (VR, da sigla em inglês Virtual Reality) está a serviço da educação. Enquanto os métodos educacionais tradicionais têm se mostrado pouco atrativos nos últimos tempos, o uso de novas ferramentas em sala de aula ajuda a envolver e engajar estudantes.
A tecnologia imersiva, apesar de nova, pode trazer muitos benefícios ao aprendizado, e é uma das apostas das escolas para incrementar a metodologia de ensino. “Diversas empresas e instituições, como escolas e universidades, já estão utilizando a Realidade Virtual como forma de ampliar a experiência do aluno com métodos de aprendizado imersivo”, afirma Marcel Ayres, sócio da Hackel, empresa de consultoria especializada em Transformação Digital e Marketing Conversacional.
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Para o especialista em comunicação e cultura digital, a utilização dessa tecnologia no ensino conquista a atenção do estudante e cria uma experiência lúdica e positiva, contribuindo, assim, para o engajamento e uma maior eficiência no processo de aprendizado.
Entendendo a tecnologia
Antes de avaliar como essa tecnologia pode ser aplicada para aprimorar o ensino em sala de aula, é preciso entender o que é a Realidade Virtual e como funciona. “Consiste em um conjunto de tecnologias que criam uma interface homem-computador, proporcionando ao usuário uma experiência imersiva através de conteúdos audiovisuais, como animações 3D, vídeos e imagens em 360 graus”, explica Ayres.
O uso desta tecnologia é viabilizado por meio de smartphones e óculos específicos, combinados com recursos, como controles e luvas, que transmitem ao usuário a sensação de estar imerso ou vivenciando outra realidade. Além da área de educação, a VR pode ser usada também no jornalismo, nas ações de marketing, na saúde, na indústria e no entretenimento.
A Realidade Virtual necessita de um dispositivo para permitir que o usuário visualize e, em tecnologias mais avançadas, interaja com um determinado conteúdo. A sensação de imersão pode ser ampliada por aparelhos como controles, luvas, roupas e esteiras, possibilitando uma interatividade com o que está sendo exibido.
“A imersão proporcionada pelas tecnologias de VR permite que seus usuários usufruam de uma nova perspectiva de consumo e interatividade com os conteúdos audiovisuais”, explica o especialista Marcel Ayres. Por exemplo, é possível que o usuário possa 'caminhar' pelas ruas de uma cidade que ele nunca visitou ou 'mergulhar' e conhecer o fundo do mar. E é justamente essa possibilidade que pode incrementar o ensino e gerar mais interesse e engajamento dos estudantes nas escolas e universidades.
Uso em escolas já é realidade
Para quem acredita que a parceria entre Realidade Virtual e educação ainda vai demorar a acontecer, a verdade pode ser bastante surpreendente. A perspectiva de inserir os programas de VR na educação levou muitas empresas a iniciar investimentos na área. Em 2015, o fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, gastou US$ 2 bilhões na compra da empresa que produz o Oculus Rift, programa que usa óculos para criar a Realidade Virtual. O foco do Facebook é inserir a tecnologia em escolas e universidades.
A Microsoft também não fica atrás. A empresa criou o HoloLens, computador holográfico autônomo, que já faz parte da rotina de universidades nos Estados Unidos. Este ano, os investimentos da empresa no setor se intensificaram. A Microsoft anunciou a expansão do HoloLens, com o lançamento de dispositivos e currículos de Realidade Virtual de baixo custo para escolas do ensino fundamental.
Além disso, a Microsoft lançou seis novos aplicativos de VR e Realidade Aumentada no mês de março, que se concentram nas áreas de química, matemática e história. Com o uso dessas tecnologias, os estudantes podem explorar laboratórios de química e testar reações, por exemplo, sem se preocupar com eventuais explosões, pois fazem parte de outra realidade.
O Google também intensifica os investimentos no setor. O projeto Google Expedition tem levado a VR às salas de aula das escolas públicas brasileiras. “O projeto criou óculos de Realidade Virtual feitos de papelão, que usam a tela de smartphones para que alunos do ensino fundamental possam visualizar vídeos e conteúdos imersivos”, explica Marcel Ayres. Por meio deste programa, mais de 100 escolas públicas e privadas do País conseguem ter acesso ao ensino imersivo de disciplinas como matemática, história, geografia e ciências.
O especialista afirma, ainda, que essa tecnologia tem permitido aos alunos terem contato com as coisas que aprendem durante as aulas. “Algumas escolas estão adotando a tecnologia VR para permitir que alunos possam ter a experiência de visitar museus, visualizar fenômenos naturais, presenciar momentos históricos, entre outros, tornando-se protagonistas no processo de aprendizado e experimentando situações de que ouviram falar ou leram nos livros”, diz.
Limitações na rede pública
Apesar dos avanços, a maior parte das ferramentas de VR está sendo usada nas escolas privadas, sendo de difícil acesso aos alunos da rede pública. A maior parte das iniciativas que envolvem uma associação entre tecnologia e pedagogia está concentrada em escolas de ponta, que possuem recursos financeiros e professores fluentes e familiarizados com as novidades tecnológicas.
Além disso, é preciso entender que a tecnologia VR não vem para substituir os métodos de ensino tradicionais nem é a única maneira de criar um maior engajamento dos alunos em conteúdos educativos. “É mais uma ferramenta na construção de ambientes de ensino mais participativos”, finaliza o especialista.
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Redação iBahia
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