A quinta atração do segundo dia de shows do Festival Virada Salvador, o cantor Saulo Fernandes trouxe um show agitado e cheio de axé. Marcado pela presença da percussão e por sucessos de sua carreira solo e de canções antigas de outros nomes do axé. Não faltaram clássicos como Faraó, Araketu é bom demais e Frevo Mulher. E do seu repertório, o público ouviu o poema cujo título nomeou o seu último álbum: O azul e o sol, o segundo hino da Bahia “Raiz de todo o Bem” e hits como Agradecer, Preta e Anjo.
“Tocar em casa é delicioso. Antes a gente fazia um show da virada, agora é um festival. Estar em um festival dessa grandeza, ainda mais depois que Gilberto Gil esteve ontem nesse palco, o mesmo que eu vou pisar”, disse na coletiva de imprensa, aparentando estar nervoso antes de fazer a apresentação no Festival que tomou uma dimensão nacional.
No seu show houve vários momentos em que usou a palavra axé música. Segundo ele, essa é uma forma de afirmar a brasilidade de coisa. “Eu não quero falar music mais .A gente é Suassuana (Ariano), gosta de oxente”, contar se referindo ao escritor nordestino. Afirmando que queria ouvir mais percussão, ele levou desde o axé até o pagode baiano, cantando sucessos do passado como “Só as cabeças”, do grupo Parangolé. Sua ideia era fazer um show mais direto e animado para o Festival. “Eu tô a fim mesmo de me divertir e divertir as pessoas. E colocar uma energia pra cima para receber o ano de forma bacana”.
É essa simplicidade de Saulo, esse jeito poético de dizer as coisas que fez com que o cantor e compositor conquistasse ao longo dos anos uma legião de fãs fieis. Alguns vão para quase todos os shows do cantor. Como o pernambucano Hugo Rodrigues, 26, que veio de Recife para assistir à apresentação do seu ídolo no Festival da Virada e participar de uma festa de ano novo onde Saulo é a atração principal.
Sua paixão por Saulo começou quando um amigo lhe apresentou a Música “Dia de Frevo”. Os versos, que são uma homenagem do compositor à cidade pernambucana de Olinda, ficaram gravados no coração e na pele de Rodrigues. Ele tatuou os versos no braço, além do título da música “Agradecer” e o símbolo estampado do cd Baiuno. Virou membro do fã clube chinelistas e já encontrou diversas vezes com o cantor pessoalmente. Professor de português, ele conta que admira a poesia nas letras de Saulo. “Meus alunos já estão cansados de ver questões com as músicas dele nas provas”, diz, em tom de brincadeira.
Outra fã que veio de longe para ver o show de Saulo foi a também professora de português Fernanda Bastos. Ela veio de Jequié para assistir pela primeira vez a um show do cantor, cujas letras ela acredita que lhe salvaram a vida. “Passei por uma depressão muito forte, tentei me matar mais de dez vezes. Minha mãe colocava as músicas dele e eu me acalmava. Foi quando eu passei a prestar atenção nas letras dele que eu comecei a melhorar”, revelou. A mulher superou a síndrome do pânico e estava na frente do palco, no meio de uma multidão. No braço direito uma tatuagem escrito “Lerifore”, uma adaptação do que Saulo fala durante a música “Tão Sonhada”, que seria algo como “Let it be forever”, deixa ficar para sempre.
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Redação iBahia
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