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O que pais podem fazer para estimular o aprendizado dos filhos

É importante prever momentos de brincadeiras, em que as habilidades emocionais e sociais que estão fora do currículo escolar também podem ser estimuladas

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Redação iBahia

31/03/2020 às 12:18 • Atualizada em 31/08/2022 às 13:55 - há XX semanas
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Nos últimos 15 dias, o trabalho das mãe e filha Roberta e Taís Bento, respectivamente de 54 e 30 anos, aumentou. É que as duas educadoras, com especialização em neurociência cognitiva e sócias-fundadoras do site SOS Educação, passaram a ser muito requisitadas por pais e escolas buscando orientações sobre como lidar com as crianças fora da escola, em meio ao isolamento indicado para quem pode ficar em casa durante a pandemia do coronavírus. O que os pais podem fazer para suprir a carência do ensino regular nas instituições de ensino de seus filhos? É preciso dar aula em casa para que o cérebro das crianças se mantenha ativo? Ensinar a ler e a escrever se era isso que elas aprendiam na escola? Cobrar que escolas mandem atividades de apoio?

A primeira dica das educadoras é não tratar o período como férias, mesmo que a opção da escola tenha sido a de antecipar o recesso no calendário. Condições normais de um período de férias pressupõem confraternização com amigos, passeios e viagens, que não poderão ser ofertados como opção de ocupação e lazer das crianças. O período é atípico, de pausa e recálculo de rota. E deve ser aproveitado em suas oportunidades educativas, mas sem estresse desnecessário.

"Os pais precisam de acolhimento e orientações, neste momento. Temos, de um lado, escolas que entendem que os pais querem conteúdo e professores enlouquecidos em produzir atividades extras para atender esta demanda; de outro, pais ansiosos que se veem na obrigação de virar professores sem ter a competência, e tendo que se desdobrar na função com o home office e angústias do momento. Nada disso é necessário. O pai não deve se tornar professor do filho, mas tem, neste momento, uma grande oportunidade de desenvolver com eles habilidades como paciência, concentração e aprender a lidar com frustrações, que são importantes para a vida e também no retorno às atividades normais da escola", explica Roberta.

Passado o momento da autocobrança desnecessária, as educadoras dão o caminho das pedras para um tempo em família mais equilibrado, com a definição de uma rotina que prevê para as crianças não apenas horários fixos para o estudo dirigido, como também momentos regulares para a prática da leitura, de atividades físicas e de tarefas domésticas. “As crianças devem assumir responsabilidades na casa, e não achar que estão em um hotel, servidos por seus pais nos seus quartos”, ensina Taís. E é importante prever momentos de ócio e brincadeiras, em que as tais habilidades emocionais e sociais que estão fora do currículo escolar também podem ser estimuladas.

Foto: Divulgação

"Muitas destas habilidades, que em outra época eram aprendidas naturalmente, hoje já não são mais desenvolvidas, seja pela falta de tempo de pais com filhos ou pelo uso das tecnologias e hábitos culturais recentes, como se conseguir tudo o que se quer, de imediato. Neste sentido, até ver um filme em família na tv, combinando que ninguém irá ver notificações do celular naquele período, pode dar às crianças uma noção de paciência, de que uma coisa vem de cada vez, que é importante para a escola e para a vida, além de fortalecer os vínculos emocionais entre pais e filhos", conclui Taís.

Veja as dicas abaixo

- Relaxe e não se preocupe tanto com o que as crianças estão perdendo de conteúdo formal nas escolas. O momento, que é histórico, é uma oportunidade para desenvolver competências emocionais e sociais das crianças, que elas poderão usar para a vida.

- Aproveite o período para desenvolver habilidades cognitivas importantes das crianças, como ensiná-las a passar por dificuldades, a controlar as emoções ou a colaborar em casa e com o outro.

- Seu filho precisa de uma mãe e um pai, não de um professor. Não ache que você cumprirá este papel em casa, você pode nem ter esta habilidade. Quando as escolas voltarem às suas atividades, elas criarão estratégias para reposição de conteúdos curriculares.

- Você pode desenvolver, no dia a dia, competências que ajudarão a criança no retorno da rotina escolar, sem que ela perca o que já foi aprendido nem o preparo cognitivo. Ela pode fazer atividades que desenvolvem a coordenação motora fina, por exemplo, ou a concentração. Troque bilhetes, estimule seu filho a escrever um diário, peça que ele escreva a lista de compras, crie brincadeiras com números.

- Não trate, contudo, o tempo em casa com as crianças como se fossem férias, que pressupõem atividades e posturas que não possíveis agora. Converse com seu filhos e crie com eles uma rotina regular e equilibrada de estudos, atividades não escolares e ócio.

- Horários de refeições e banhos não precisam estar no cronograma definido. É importante, no entanto, definir a hora de dormir, que ajudará na rotina proposta, permitirá que o cérebro da criança descanse e se prepare para o aprendizado e ainda dará aos pais uma pausa para uso próprio.

- Estabeleça um período para os estudos, que não poderá ser negociado. De preferência, que seja num horário correspondente ao turno praticado nas escolas. Tem mais de um filho e eles estudam em turnos distintos? Acorde com eles uma hora única para as atividades.

- O período de estudos, em que crianças e adolescentes podem, por exemplo, desenvolver atividades propostas (se for o caso) pelas próprias escolas ou fazer exercícios do conteúdo aprendido, não precisam ser equivalentes em duração ao período escolar. De uma a duas horas de estudo dirigido bastam.

- Para além do horário de estudo dirigido, estabeleça com seus filhos períodos fixos e regulares, ao longo do dia, para atividades como a leitura, atividades físicas e responsabilidades domésticas.

- Manter as crianças em movimento e fazer com que eles pratiquem atividades físicas, mesmo dentro de casa, é essencial. Você pode propor uma brincadeira de circuito, dança ou até esconde-esconde.

- Pelo menos duas vezes por semana e de acordo com a faixa etária de seu filho, proponha atividades de leitura diárias de 20 a 30 minutos. Crianças não alfabetizadas podem escutar uma história contada por alguém da família ou assistir a lives nas redes sociais de bons contadores de histórias.

- Não associe a atividade de leitura à rotina de estudos, como se fosse uma atividade maçante, e sim ao prazer. Desvincule o horário da leitura do momento em que a criança se envolverá com atividades da escola.

- A rotina de estudos deve ser praticada de segunda a sexta-feira, com uma flexibilização maior de horários (para dormir, por exemplo) nos fins de semana. É importante manter a sensação do fim de semana e da pausa para relaxamento.

- Limite o tempo seguido de tecnologia. Para crianças menores, meia hora é o tempo máximo a ser permitido. Para adolescentes, uma hora sem parar é o limite. Intercale a tecnologia com atividades do mundo concreto.

- Use parte do tempo em casa para atividades em família, como brincadeiras e jogos coletivos e conversas. Pergunte como seus filhos se sentem e dividam com eles medos e angústias.

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