Levada para a política por Marina Silva e Eduardo Campos, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, quer chegar ao Senado para tentar dar início a uma mudança que ela julga necessária ser feita nas leis brasileiras. “Como magistrada, vi que a corrupção é maior do que se imagina e tive a certeza de que não é possível fazer as mudanças de dentro pra fora, estando no Judiciário. O Legislativo é o poder mais forte da República, e infelizmente é lá onde estão as mesmas pessoas há anos. Minha candidatura é um enfrentamento a este continuísmo, é quase uma reintegração de posse. É preciso que os cidadãos de bem desalojem essa gente de lá e passem a ocupar esse espaço”, enfatizou.
Crítica contumaz da atual legislação eleitoral, das negociações entre partidos para a hipertrofia do espaço na propaganda eleitoral no rádio e na TV e também contrária ao financiamento de campanha por grandes grupos econômicos, a candidata acredita que a opinião do eleitorado sobre esses temas tem amadurecido. “Os brasileiros estão mudando. O povo evoluiu mais do que os políticos. Há mais acesso à informação e esta será uma eleição diferente, uma verdadeira caixinha de surpresa”, apostou. Fator EduardoEssa surpresa pode se dar também, na opinião da socialista, por conta da morte de Eduardo Campos. Eliana diz perceber nas ruas um sentimento diferente em relação à candidatura de Marina e à sua própria candidatura ao Senado. “As pessoas passaram a conhecer mais o Eduardo após sua morte. O povo ficou sensibilizado com o que ele disse em relação a não desistirmos do Brasil, o que causou uma grande comoção que acredito poder interferir nas intenções de voto e até mesmo em 5 de outubro”. Até a data da eleição, um dos empecilhos para a ex-ministra é a postura inflexível do partido, e em especial de Marina Silva. Eliana confessa que às vezes é difícil não flexibilizar para que a disputa eleitoral se torne mais favorável. Ela não considera Marina radical, mas admite que a ex-senadora é uma mulher de princípios rígidos. “Eu entendo que muitas vezes é preciso ceder algumas coisas para avançar mais. Marina é traumatizada por conta do PT. Ela participou de quase tudo dentro do partido, mas rompeu justamente pelas alianças realizadas. Às vezes eu sinto necessidade de que ela flexibilize um pouco, mas Marina é equilibrada e eu confio no temperamento político dela”, salientou. PolêmicasEliana Calmon se tornou nacionalmente conhecida durante sua passagem pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, onde investigou escândalos no poder Judiciário em todo o Brasil, inclusive na Bahia. Apesar disso, ela garante que a classe é simpática à sua candidatura. “Esse suposto boicote alardeado por aí é fruto de muita imaginação. O que eu fiz no Tribunal de Justiça da Bahia foi o que precisou ser feito. Eu provei que estavam trabalhando errado, e o que está errado na Justiça precisa ser exposto. Não há porque ser diferente”. Encerrando sua participação, Eliana citou alguns problemas crônicos do Estado, com destaque para o isolamento administrativo das regiões sul e oeste e o problema enfrentado pelos baianos do semiárido. “Parece que o governo não ocupa todo o território. No sul, as rodovias estão sucateadas, o povo anda amedrontado por conta da violência e a infraestrutura é deficiente. Em Porto Seguro, vi esgoto a céu aberto, escolas desativadas e postos de saúde cobertos pelo matagal. A história se repete no oeste e é ainda mais assustadora no semiárido. Precisamos integrar a Bahia e acabar com esse vácuo político que insistir em existir”, finalizou.
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