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Filhos de Gandhy: a tradição do bloco x colar por um beijo

Para foliões do bloco, a representatividade do Filhos de Gandhy está acima de tudo e a troca do beijo por um colar é mero detalhe

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03/03/2014 às 9:52 • Atualizada em 26/08/2022 às 20:59 - há XX semanas
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Um colar vale um beijo? No Carnaval de Salvador, o adereço usado nas fantasias do Filhos de Gandhy virou 'moeda de troca' e alguns foliões só saem no bloco de olho na mulherada. Mas será que isso descaracteriza um dos mais tradicionais afoxés da Bahia? O iBahia ouviu opiniões de alguns daqueles que formam o tapete branco e eles foram quase unânimes em afirmar que o Gandhy é bem mais do que isso. Conheça a história do afoxé Filhos de Gandhy
Para o policial civil Sinval Sobral, de 49 anos, há 20 saindo no Filhos de Gandhy, a prática não pode ser condenada, mas é importante ter limites na hora de tentar a sorte com o colar. "Eu não sou contra. Acho que cabe a cada um. É uma questão pessoal. Por exemplo, eu dou sem essa intenção. Se quiser me beijar, não tem problema. Mas eu acho errado é usar da violência, puxar a garota, tentar beijar a força. A verdade é que o colar é uma demonstração de cortesia e respeito à mulher", ponderou.
Marcos Coutinho, Livio Correia e Gerson Gentil são amigos e têm opiniões semelhantes
O analista de marketing Gerson Gentil, de 50 anos, é de Salvador, mas mora em Brasília. Todo ano ele faz a ponte-aérea para não perder o desfile. "O Gandhy é diferente, é tradição. Quem sai no Gandhy tem muito a ver com Salvador, muito a ver com o dia a dia das pessoas, com tudo o que acontece no carnaval de Salvador", afirma. Segundo ele, a troca de colar por um beijo é um mero detalhe em meio à importância do afoxé. "Existe esse paradigma, mas não funciona dessa forma. Na maioria, não é dessa forma".
Leonardo Carvalho e a missão ousada de 'gastar' 140 colares
Mas é o caso de Leonardo Carvalho, estudante de 21 anos, que pela primeira vez sai no Filhos de Gandhy. "É incorporar o personagem do Gandhy e sair pegando várias negas. É isso que vale. Hoje (domingo) eu pretendo gastar 40 colares e no final do Carnaval pretendo gastar 140 colares", afirmou, otimista.
Na linha oposta, o romântico Valdemir Lessa, de 56 anos, não condena o ato, mas hoje ele acha que o beijo deveria ter uma importância maior. "Isso existe e é coisa antiga. Eu já fiz isso, mas acho que não vale a pena. A mulher me dar um beijo só por causa de um colar? Não vale a pena. Acho que o beijo tem que ser uma coisa dos dois, quando os dois estão a fim. Quando pinta uma química", disse ele, que começou a sair no bloco por gostar da fantasia e se encantou com a história de Mahatma Gandhi.
Valdemir Lessa acredita que beijo deveria ser mais valorizado
O empresário Marcos Coutinho, de 44 anos, acredita que o problema às vezes é o exagero. "Acho que tudo usado de maneira dosada é salutar. Quando a gente utiliza a fantasia do Gandhy, nós temos que reverenciar nossa cultura e também não deixar de se divertir com o nosso público no Carnaval". Livio Correia, 30 anos, segue a mesma linha. "Qualquer um brinca como quiser, se quiser se divertir dessa forma, para mim é normal, tranquilo. Eu gosto da tradição, do ritmo do Gandhy".
Adilson Silva, de 53 anos, sai de Gandhy há dez anos e ressalta a importância dos foliões serem sócios do afoxé. "Ghandy é paz, é cultura. Tem que estar no Gandhy para trazer a paz. Eu acho que nesse negócio de às vezes ter cortesia sai muita gente que não merece sair. Então, tem que ter todo mundo com sua carteirinha, para ser associado do Gandhy", opinou.

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