Fundado em 1836, o Campo Santo marcou o fim dos enterros realizados no interior das igrejas por conta de novas regras de vigilância sanitária. A população resistiu porque não considerava sagrados sepultamentos ao ar livre, o que deu origem à revolta da Cemiterada.
Passado o período de conflito, o cemitério foi comprado pela Santa Casa da Bahia em 1840, com atividades iniciadas em 1844. Para Osvaldina Cezar, museóloga da instituição, o Campo Santo é um registro material da cultura baiana.
“Ele é representativo de um modo de pensar da sociedade em determinado período histórico e, consequentemente, documenta as diversas manifestações e atitudes diante da morte que marcaram a sociedade baiana no século XIX”, destacou.
Atualmente, o Cemitério conta com mais 62.000m² de área total construída e mais de 32 mil sepulturas.
O marco de uma época
Único cemitério de Salvador entre 1840 e 1856, o Campo Santo realizou sepultamentos de cidadãos de toda a capital, o que inclui as famílias mais tradicionais e abastadas da cidade, que mandavam construir mausoléus e campas para os enterros.
Em homenagem aos falecidos entes queridos, as sepulturas eram construídas com esculturas que simbolizam o sentimento dos clãs familiares em relação àquela perda. Esculpida em único bloco de mármore de Carrara, a Estátua da Fé é um dos exemplos.
A peça, que foi encomendada pelo Barão de Cajaíba, Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, para ornamentar o túmulo do filho, é de 1865 e foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1936.
Como a Estátua da Fé, outras centenas de esculturas construídas ao logo do tempo são reconhecidas pelo rico valor artístico, fato que deu ao Campo Santo o apelido de "Museu a Céu Aberto".
Entendendo as esculturas
Para quem está em busca de conhecer curiosidades ou apreciar um tipo diferente de arte, o Campo Santo é um prato cheio.
“Do ponto de vista da história e da representatividade da arquitetura cemiterial, todos os mausoléus merecem destaque porque são frutos de uma produção de uma época e refletem o modo de pensar da sociedade em determinados momentos", destaca a museóloga da Santa Casa da Bahia.
Mausoléus com a coluna quebrada, por exemplo, simbolizam que o chefe da família se foi. “É como se a família tivesse perdido o seu sustentáculo.”, explica Osvaldina.
Da reforma à ampliação
Obras em busca de ampliação e modernização sempre foram uma constante na história do Campo Santo, desde as primeiras décadas de funcionamento. Os anos de 1970, por exemplo, ficaram marcados pela reforma das salas de velório e das instalações administrativas.
Em maio de 2017, a Santa Casa da Bahia aumentou o número de vagas para sepultamentos no Cemitério Campo Santo com o lançamento de novos módulos verticais, compostos por gavetas.
De acordo com o provedor da instituição, Roberto Sá Menezes, a obra foi feita em uma área vaga do cemitério. "Pretendemos, aos poucos, substituir as antigas carneiras pelo modelo novo", explicou à época.
Tecnologia e modernização
As novas gavetas, inéditas na Bahia, trouxeram uma nova tecnologia ao Campo Santo. A estrutura conta com um aparato tecnológico inovador de tratamento de gases, que garante um impacto ambiental mínimo, de acordo com a Santa Casa.
O cemitério também oferece aos clientes o Velório Online, serviço que permite a parentes e amigos geograficamente distantes acompanharem a despedida de um ente querido. O pioneirismo também está presente no Campo Santo Familiar.
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Redação iBahia
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