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Cuidados que os pais devem ter com as crianças na era da IoT

Especialista alerta para a necessidade de haver um equilíbrio no uso da tecnologia

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Redação iBahia

03/12/2018 às 10:07 • Atualizada em 31/08/2022 às 20:33 - há XX semanas
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Na era da Internet das Coisas é difícil manter as crianças e adolescentes longe das redes. Jogos online, conversas em redes sociais e até mesmo grupos de trabalho da escola fazem parte do cotidiano dos jovens e essa é uma realidade que não tem mais retorno. Mas para os pais fica uma dúvida: qual o limite para o uso das redes? Quando a conectividade deixa de ser algo saudável e se torna um problema?

Primeiramente, é preciso pensar que o IoT (Internet das Coisas, em tradução livre) é uma ferramenta para conseguirmos obter dados que antes não estavam à disposição. Na educação, a partir de uma avaliação dos próprios educadores para pensar quais informação que não estão disponíveis hoje ajudaram a melhorar o aprendizado dos alunos, é possível elaborar um projeto para conseguir adquirir esses dados de forma segura, eficiente e com baixo custo.

“Muitas vezes os dados já estão disponíveis, sendo necessário processar e correlacionar as informações para explorar hipótese que orientem o corpo docente. Por exemplo, existe correlação entre a quantidade de livros que o aluno solicita da biblioteca e suas notas? E entre a frequência dos pais nas reuniões escolares e desempenho escolar? Nestes casos começamos a entrar nas competências de análise de dados e Big Data”, explica o Gerente de Soluções IoT da Oi, Paulo Victor Noronha.

O especialista destaca que a Internet das Coisas pode ser de grande valor para melhoria operacional - ajudando a gerir melhor os recursos das escolas - e experiência dos alunos e professores. Através desses dados, por exemplo, é possível melhorar a operação das escolas registrando o número de alunos presentes no local e, com isso, melhorar também o dimensionamento na produção de merendas. Para a segurança dos alunos, o IoT pode ajudar na identificação de pessoas estranhas ao ambiente escolar.

Sem exagero
Para o aprendizado dos alunos, é importante entender que a internet é uma aliada nesse processo de educação, e isso requer também saber o seu limite. Para o psicólogo especialista em saúde mental Joaquim Moura, os pais não devem proibir que seus filhos usem as redes sociais ou seus dispositivos de rede. Porém, o especialista alerta para a necessidade de haver um equilíbrio nesse uso.

“Os pais não devem proibir seus filhos de usarem a internet, até porque eles precisam disso para socializar e até fazer trabalhos de escola. Mas tudo precisa de um limite. Não adianta os filhos estarem o tempo inteiro conectados e não irem para a rua, verem outras pessoas. Eles precisam do momento família e da limitação de tempo de uso também”, alerta o especialista.

A tendência atual é que as crianças estejam conectadas cada vez mais novas – uma consequência da revolução tecnológica que estamos vivendo. Então, é lógico imaginar que eles vão ter mais acesso às redes. E não necessariamente para uso recreativo ou de socialização. Algumas escolas estimulam que os alunos criem grupos em redes sociais para discutir trabalhos e a internet é constantemente requisitada também como forma de estudo.

Então, qual seria o limite de tempo aceitável para que as crianças passem conectadas? Segundo Moura, alguns teóricos definem 5 horas diárias como o limite máximo de tempo que uma criança deve passar conectada, mas o especialista acredita que é preciso observar as particularidades de cada caso. “O que posso afirmar de maneira assertiva é que o ideal é observar se as coisas comuns estão d eixando de serem feitas por conta das redes sociais ou se a criança está se afastando de coisas que antes lhe faziam bem”, opina.

Diálogo
Criança ou adolescente, os pais devem observar em todas as épocas como é o consumo da internet pelos seus filhos. Quando a criança começa a se isolar e deixa de fazer outras coisas que antes de faziam bem, então os pais devem ficar alertas. “Os pais devem observar se esse consumo da criança é feito com equilíbrio. A criança precisa brincar, praticar esportes, ter amigos e momentos com a família”, afirma Moura.

Alguns sintomas também podem acompanhar esse isolamento da criança. A agressividade, o afastamento da família, irritação sempre que precisa se afastar do ambiente online, violência ou tristeza são alguns dos sintomas que podem indicar que o consumo da internet deixou de ser algo saudável.

Para controlar o tempo que os filhos passam conectados, os pais devem evitar a proibição, mas sim buscar educar os filhos. “É necessário explicar para a criança ou adolescente o porquê de ela precisar se desconectar um pouco, mostrar para ela que há excesso de consumo. É preciso tentar trazer a criança ou adolescente para a consciência. Mas se perceber uma limitação dele em se conscientizar, então cabe aos pais buscar um especialista em saúde mental, para que ele possa orientar cada caso de forma individualizada”, esclarece o especialista.

Para Moura, o consumo em excesso das redes sociais e internet em geral pode ser um alerta para algum problema mais grave envolvendo a criança ou adolescente, como timidez excessiva, bullying ou questões de sexualidade. “O ambiente familiar precisa ser de acolhimento. É preciso falar sobre sexualidade, drogas e outros assuntos. A família deve ser um local onde a criança ou adolescente se sintam acolhidos e saibam que serão aceitos. O ideal seria que os próprios filhos trouxessem para os pais as dificuldades que vêm enfrentando. Por isso, eu sempre digo que a lógica mais saudável é que os pais criem um ambiente de conversa para que as dúvidas, problemas e situações estranhas sejam levadas para a família”, opina o psicólogo.

É preciso alertar sobre os perigos
Com as crianças e adolescentes cada vez mais conectados, os pais precisam estar atentos aos perigos da internet e saber como alertar os seus filhos sobre esses perigos. É preciso conversar sobre sexo, drogas e os jogos de violência.

No ano passado, o desafio da “Baleia Azul” tomou conta das redes mundiais, sendo suspeito de causar inúmeros casos de suicídio entre crianças e adolescentes. Dentre os desafios desse “jogo”, estavam o isolamento, automutilação e suicídio. Este ano, uma nova ameaça se espalhou pelo mundo através do WhatsApp. O jogo Momo ganhou inúmeros adeptos, em que você enviava uma mensagem para a personagem e recebia respostas com violência, tentativa de extorsão e até indução ao suicídio.

Para proteger os filhos desses males, Moura acredita que o diálogo é a melhor solução. “É preciso conversar com a criança e ouvir ela também. A lógica é que a conversa seja clara, os pais precisam fazer os filhos entenderem que são amados e que podem confiar neles. Precisa explicar a existência de jogos que são perigosos e que muitas crianças acabaram sofrendo violências por causa desses jogos. É importante dizer a criança que se ela vivenciar uma situação como essa, deve contar aos pais imediatamente”, explica o psicólogo.

No caso dos adolescentes, outros temas também devem ser abordados. “Com eles, os pais podem conversar sobre drogas, sexualidade e outros temas de forma muito clara. O discurso tem que ser muito claro e sempre demonstrando que os pais estão do lado dele. Deve-se também evitar criar um ambiente de proibições porque existe uma tendência nos adolescentes em se atrair pelo o que é proibido”, alerta o especialista.

Softwares ajudam no controle de conteúdos
Uma forma dos pais em filtrar o tipo de conteúdo que chega aos filhos é através de softwares de controle parental. Esses aplicativos funcionam usando dois perfis: crianças e adolescentes. No primeiro perfil, a criança irá navegar por um conteúdo protegido, criado a partir de uma lista elaborada pelos pais. A criança só vai ter acesso a uma sessão limitada de sites que forem predefinidos pelos pais.

Já os adolescentes terão a possibilidade de usufruir de acesso completo à Internet. Porém, conteúdos inapropriados (violência, pornografia, etc.) e sites com conteúdo ilegal (racismo, drogas, etc.) serão filtrados automaticamente. Esses softwares ainda permitem o bloqueio de jogos proibidos para menores, download de vídeos e fóruns de conversa.

O psicólogo Joaquim Moura alerta, porém, que a melhor maneira de proteger os filhos desse tipo de conteúdo ainda é o diálogo. “Essa limitação tem que existir, mas os pais precisam orientar seus filhos sobre o que deve ser visto e conversar com eles sobre esse assunto, explicando sempre o motivo da limitação. Os adolescentes acabam sempre buscando conteúdos sobre sexo, por exemplo, por isso é importante um diálogo franco com os filhos sobre o assunto”, finaliza o psicólogo.

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