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A Colômbia tem feito tudo o que se esperava do Brasil durante a Copa. Joga bonito, dá goleada, quebra recorde e vê o camisa 10 ser o artilheiro com gols marcados em todas as partidas. Tem 100% de aproveitamento e a confiança de um ambiente alegre e leve. É a Seleção Brasileira, anfitriã e dona de cinco títulos, quem chega sob desconfiança às quartas de final, às 17h, no Castelão - embora enfrente um adversário que nunca tinha ido tão longe no Mundial. Fenômeno que se explica pela força de uma palavra: momento. O Brasil terminou na liderança no Grupo A com vitórias sobre Croácia e Camarões, além do empate com o México na própria capital cearense. Nas oitavas, pênaltis contra o Chile após 1x1 no tempo regulamentar e prorrogação. A Colômbia, ao lado da Holanda, faz campanha irretocável: 3x0 na Grécia, 2x1 em Costa do Marfim e 4x1 no Japão no Grupo C. Depois, 2x0 no Uruguai nos mata-matas. Não saiu atrás no placar hora alguma. Sempre atuou como a protagonista. “Pra mim, é bom essa equipe que vem pra cima, que joga. Tecnicamente falando, a equipe da Colômbia é diferenciada neste aspecto. Por essa qualidade de querer jogar, teoricamente ajuda. Fica um jogo aberto”, opina Thiago Silva, confiante em ver o Brasil mostrar sua melhor versão coletiva na reta decisiva. O capitão visualiza encontro de escolas ofensivas, com chances para ambas. “Nos dois ou três minutos que estivermos dominados, principalmente nós, zagueiros, temos que ter na cabeça que não soframos o gol. Depois vai mudar”, avisa. Perfil diferente do das oitavas, contra o Chile, quando não houve muitas oportunidades. “Em 50 metros, não tem espaço para jogar. Tem que ter movimentação, esquema tático ensaiado. Quando você joga em 70, 80 metros, tem mais liberdade”. Felipão concorda e espanta o clima de guerra. A Colômbia vem de uma escola mais brasileira, diferente de grandes rivais sul-americanos. “Não existe guerra contra a Colômbia. Nossas guerras são contra Chile, Uruguai, Argentina... Com a Colômbia, são jogos alegres, disputados, com força, vigor, cada um disputando seu espaço”, diferencia.
Histórico E esta característica ajudará no desempenho individual. “Quando não tem guerra, nossos jogadores se sentem mais à vontade. Os argentinos, os uruguaios e os chilenos, eles jogam em cima do nosso time com malandragem, perspicácia. E a gente não tem isso que eles têm. Com a Colômbia, é difícil, é muito difícil, são bons, mas nós também temos qualidade”. Historicamente, a leitura de Felipão está correta. O Brasil tem no caminho para o hexa mais um freguês sul-americano. São só duas derrotas para a Colômbia: na Copa América de 1991 no Chile, por 2x0; e em amistoso em 1985, por 1x0. Há 15 vitórias e oito empates, incluindo os quatro últimos encontros. Somente a Venezuela, com um único triunfo, ganhou menos vezes do Brasil. Quando o jejum começou, só o goleiro reserva Mondragón, 43 anos, e mais velho jogador a disputar uma partida de Copa, já era profissional. Tinha 21 anos. Artilheiro da Copa, James Rodríguez nasceu no dia 12 de julho de 1991, véspera da última vitória de “Los Cafeteros”. Tinha um dia de vida. Que passe mais um dia sem saber como é sorrir diante do Brasil. Matéria original do Correio