Bitcoin, blockchain, criptomoedas... Essas palavras parecem falar sobre uma linguagem de outro mundo, mas estão ganhando cada vez mais popularidade, principalmente com quem lida com as áreas de tecnologia e finanças. Mas afinal, o que é o blockchain? Podemos dizer que ele é uma espécie de “livro-contábil”, que registra diferentes tipos de transações, de uma maneira pública, compartilhada e universal. Assim, o registro e dados das transações ficam armazenados em vários computadores.
O funcionamento desse sistema acontece a partir de uma cadeia de blocos, que são adicionados a partir de um novo conjunto de registros. Essa adição ocorre de maneira linear e cronológica. As transações são trancadas dentro desses blocos por uma segura camada de criptografia, mas as informações do blockchain são públicas, ou seja, qualquer um pode auditar e verificar as movimentações que foram registradas nela.
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A tecnologia ganhou destaque com o sucesso repentino dos bitcoin – moeda virtual que tem chamado a atenção de investidores ao redor do mundo. O sucesso da moeda é tão grande que ela já somava 1,4 milhão de cadastros nas três maiores casas de câmbio de bitcoin do país até dezembro do ano passado. O número é mais que o dobro dos cadastrados na B3 (bolsa de valores paulista) e dos investidores de títulos públicos no mesmo período. E esse aumento de investidores no bitcoin levantou o interesse em relação ao blockchain.
Facilidades
É o blockchain a tecnologia que vem sustentando o bitcoin e outras criptomoedas. Porém, enquanto as criptomoedas são vistas como uma possível nova bolha financeira por grande parte dos economistas, o blockchain tem atraído a atenção de bancos, empresas e governos, principalmente pela sua segurança e agilidade nas transações. “Embora muitos associem a tecnologia apenas às criptomoedas, ela possibilita transações que vão muito além do mercado financeiro. A tecnologia possibilita estabelecer relações de confiança e permite que tudo seja transacionado na internet sem intermediários”, explica o especialista em tecnologia, Ademir Piccoli.
A tecnologia também facilita a vida de quem trabalha no setor de comércio. Por exemplo, as transações que ocorrem durante a compra de um carro. O cliente precisa efetuar o pagamento da compra e o banco faz a validação do pagamento para que a transação seja concluída e você possa levar os documentos para serem alterados. Com o blockchain esse processo é muito mais simplificado, pois a própria tecnologia pode validar a veracidade da transação e dos documentos e maneira muito mais rápida.
Nova queridinha
Mas por que o blockchain tem atraído tanto interesse das empresas e dos bancos? Por esta tecnologia ter sofrido uma transformação e deixado de ser apenas uma estrutura para criptomoedas, ela representa uma ruptura com o atual modelo de transações centralizadas, além de agilizar bastante os processos e transações.
“Quando ela descentraliza as transações, a tecnologia permite [blockchain] que as empresas tenham mais acesso a informações, que antes estavam restritas a uma única empresa. A plataforma oferece uma maior independência, segurança e agilidade na hora da transmissão de informações, sem que haja a necessidade de um terceiro nesse processo”, esclarece Cristiano Kanashiro, CEO da Kanamobi e especialista em tecnologia e telecomunicações.
Para ele, a plataforma traz grandes vantagens como: transparência e otimização de processos que antes estavam centralizados em determinadas empresas; sua complexidade corrobora para a segurança das transações; e o processo de validação é feito de forma em cadeia e muito ágil. Além disso, os dados do blockchain são completos, consistentes, precisos e não permite que as transações sejam alteradas ou deletadas.
Alguns bancos, inclusive, já começaram projetos para implementar o blockchain em seus processos, como o JPMorgan, o HSBC, Santander e o Morgan Stanley.
No Brasil, o Banco Central publicou no ano passado um estudo que demonstra interesse em substituir o atual sistema de transferências bancárias por uma blockchain, caso o país apresente dificuldades que levem a atual plataforma ao colapso.
Desafios
Um dos principais desafios que essa plataforma tem enfrentado é vencer a barreira cultural das empresas, que normalmente são centralizadoras com os seus dados e transações. “O modelo do blockchain é o oposto da forma como as empresas tratam essas transações. Ela representa um compartilhamento de dados e as empresas atualmente querem deter essas informações apenas para si”, diz Kanashiro.
Porém, essa não é a única dificuldade que o blockchain tem enfrentado. A ausência de profissionais qualificados no mercado para trabalhar com a tecnologia é outro entrave. Ainda há poucos programas de mestrados ou cursos oferecidos na área. A desqualificação dos profissionais acaba sendo uma barreira para o desenvolvimento de novas tecnologias utilizando-se da plataforma. Apesar de ter sido criada há cerca de 10 anos, a plataforma blockchain só se popularizou nos últimos anos, juntamente com o aumento de investidores nos bitcoin.
Um terceiro desafio é a questão da integração das empresas. Isso porque as soluções oferecidas pelas aplicações da blockchain demandam algumas mudanças significativas ou a substituição completa de alguns sistemas existentes. As empresas precisarão desenvolver estratégias para que a transição ocorra de maneira a não comprometer o sistema. O custo de capital inicial para essa transição também pode ser um impedimento e algumas empresas podem acreditar que o alto custo inicial não compensa as vantagens oferecidas.
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Redação iBahia
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