Barras de ouro valem mais do que dinheiro? Na terceira temporada de "La casa de papel", que estreia nesta sexta-feira (19), a máxima de Silvio Santos se confirma. Após duas temporadas empenhados em imprimir dinheiro na Casa da Moeda espanhola, o grupo de assaltantes volta suas atenções para o Banco de Espanha, o banco central do país. Lá, eles pretendem pôr as mãos nas reservas em barras de ouro da instituição, trancafiadas em um cofre a 48 metros abaixo do solo — e preparado para inundar caso alguém ouse penetrá-lo.
Não foram apenas os assaltantes que dobraram a aposta nesta temporada. Criada originalmente para o canal espanhol Antena 3, a série de Alex Pína se converteu em fenômeno global quando foi disponibilizada para outros países pela Netflix. Em abril do ano passado, a empresa — que não revela dados de audiência — informou que "La casa de papel" era a série em língua não inglesa mais assistida da plataforma no mundo inteiro.
'Guerra ao sistema'
Diante da mina de ouro encontrada, a gigante do streaming deixou de ser apenas uma distribuidora para assumir a produção da série — e ainda fechou um contrato com Pína para a produção de outros projetos, como a ainda inédita "Sky Rojo".
— Com a entrada da Netflix, a maior diferença foi que Alex Pína teve mais liberdade na hora de escrever do que antes. — diz Álvaro Morte, o “Professor” por trás dos ousados planos da série. — Na primeira temporada, ele escreveu o que podia realizar na produção. Agora, coloca os personagens na Tailândia porque podemos ir gravar lá. Mas no dia a dia de gravação, eu não vejo diferença.
O impacto global da série é reconhecido até dentro da trama — em uma cena, o Professor usa imagens de protestos reais (incluindo uma manifestação contra a corrupção no Rio) para provar que o povo estaria do lado dos assaltantes graças ao seu inconformismo antissistema. Para Morte, a crítica ao capitalismo, evidente no ataque aos símbolos do sistema financeiro da Espanha, faz parte do pensamento do Professor.
— Acredito que o Professor vê que as coisas não funcionam bem, não aceitaque uma pessoa tenha milhões de euros na sua conta e outras estejam morrendo de fome no mundo. — opina. — Não pode ser que pessoas inteligentes, adultas, estejam vivendo num mundo desta maneira e não reajam diante dele. O Professor tem a sua forma de raciocinar, não sei se é a melhor ou pior, talvez esteja equivocado, mas é a sua forma de fazer.
Novos assaltantes
O Brasil esteve presente na série desde o começo. Um dos assaltantes que usam nomes de cidades para ocultar suas identidades se chama Rio (Miguel Herrán). Nesta temporada, a captura dele pela polícia faz o grupo se reunir para atacar novamente. Nos novos episódios, mais aliados se somam ao bando: Palermo (Rodrigo de la Serna), Marselha (Luka Peros) e Bogotá (Hovik Keuchkerian).
Na vida real, Keuchkerian, de origem armena, é um ex-lutador de boxe peso pesado que se converteu em comediante, escritor e ator. Para ele, o fato de uma série assumidamente de entretenimento estar “passando uma mensagem” é prova “de como o mundo vai mal”.
— É uma responsabilidade e um orgulho grande fazer parte da série, além de ela estar sendo um pé no saco dos políticos — brinca.
Outra novidade no grupo é Lisboa, embora esta seja uma velha conhecida do público: é o codinome da inspetora Raquel Murillo (Itziar Ituño), que acabou mudando de lado ao se apaixonar pelo Professor. Ela, Estocolmo (Esther Acebo), Tóquio (Úrsula Corberó) e Nairóbi (Alba Flores) são as mulheres do bando, agora em maior número do que antes.
Embora as mulheres da série sempre tenham se posicionado contra o machismo mesmo quando vinha de seus companheiros, Alba Flores (que, por sinal, é neta da grande dama do flamenco Lola Flores) não acredita que elas estejam mais fortalecidas agora.
— Elas estão mais representadas na sua diversidade, mas não têm mais poder. Mas acredito que nesta temporada o conflito esteja em outra parte. É mais sobre o coletivo unido — diz a atriz, antecipando que, nos novos episódios, descobriremos um grande segredo a respeito de sua Nairóbi.
'Reconduzam suas vidas!'
Além disso, uma ausência paira ao redor do grupo: a de Berlim (Pedro Alonso). Um dos dos favoritos do público, apesar de sua vilania, o personagem morreu tragicamente na última temporada. Para suprir sua falta no novo assalto, Pína optou por usá-lo ao longo de flashbacks. No lançamento da série em Bogotá, Alonso chegou mascarado ao tapete vermelho e foi ovacionado pelos fãs ao se revelar. E preferiu não comentar a possibilidade de o personagem estar vivo. No lugar, brincou:
— Reconduzam suas vidas, não vejam "La casa de papel"!
Ao ser questionado sobre o motivo da popularidade de Berlim, ele primeiro diz não ter ideia, mas depois elenca uma lista de motivos:
— O Berlim se permite fazer coisas que na vida real não seria possível. Além disso, tem algo na respiração dele. Ele é alucinante, tem uma confiança muito incrível, fala para o presente, é divertido. E é muito coerente com a sua maneira de ver o mundo. Em todo o tempo na história, ele traduz o que está passando por dentro dele mesmo, o que faz dele autêntico — encerra.
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Redação iBahia
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