Quando estreou, em 2017, “The handmaid’s tale” encantou. A série do Hulu era uma adaptação de um romance de Margaret Atwood escrito em 1985. Tudo naquela distopia soava como uma fábula assustadoramente atual, alusiva à ascensão de ideários obscurantistas da vida real, como os da era Trump.
A trama transcorre num futuro indeterminado, num lugar onde todas as liberdades encolheram. Em Gilead, as mulheres não podem sequer ler. Lá, a religião ganhou força e a tecnologia foi abolida. Toda regra quebrada é severamente punida. Essa sociedade, de castas, prevê a escravidão sexual para fins reprodutivos. É um pesadelo com ares de realidade possível. Mas não foi apenas o enredo que atraiu o público. Bem realizada, a produção tem um elenco talentoso, a começar por Elisabeth Moss, a protagonista, June. Ela vive na casa de Serena (Yvonne Strahovski) e do Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes). As interpretações impressionam.
A segunda temporada, porém, exibida ano passado, dividiu opiniões. O enredo manteve os personagens presos a um pântano de situações terríveis. Por causa das críticas, os roteiristas alteraram a rota da história na terceira temporada — estreia da última semana no Paramount. Não deu certo: os três primeiros capítulos (eles estão no Now) confirmam as piores apreensões. “The handmaid’s tale” já não tem a força criativa do início. Os episódios parecem só tentativas às cegas de recuperar o vigor do passado. Para isso, a produção apela para a pirotecnia: usa a câmera lenta como recurso excessivo e cansativo e os planos estão estetizados, o que também cai na repetição esquemática. Os episódios conseguem algo que não foi visto nem na (fraca) segunda temporada: têm baixa intensidade. A série perdeu a pulsação. Pena.
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Redação iBahia
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