O Dia dos Namorados está chegando e você já está preparando o brigadeiro e o filminho romântico de choradeira? Pois pode parar por aí. Ainda dá tempo de mudar isso. Tudo que precisa é um smartphone - mas um pouco de sorte e muita atitude não vão fazer mal, pelo contrário. Se quer conhecer um gato pertinho de você sem sair de casa, pode procurar o Tinder na lista das lojas de aplicativos. Não é só para pegação, nem para quem quer ficar sem compromisso. Tem muita gente que encontrou o príncipe - ou a princesa - da vida por lá e já pensa até em casar. Mas, como já diria aquela sua amiga, todo dia é dia e todo lugar é lugar, né? Mesmo naqueles apps onde, à primeira vista, o propósito não parece ser a paquera, é possível encontrar um boy magia. No Instagram, por exemplo, dá para conhecer alguém legal. Sabe aquele cara lindo da academia, que você investigou e descobriu o nome, mas nunca teve coragem de trocar uma palavra? Que curtir tal uma foto no perfil dele, despretensiosamente? No mínimo, o cara vai dar uma olhada no seu perfil, só por curiosidade. Quem sabe rola até uma curtida de volta. Daí, na próxima, já pode ser um comentário, um começa a seguir o outro... E pronto. Depois, é só dar um jeito de estreitar o contato. E acredite: já existem pombinhos que começaram assim, apesar de o negócio ainda ser novidade. Até os clássicos sites de relacionamento, como o ParPerfeito, já estão disponíveis em aplicativos para celular. Ou seja: se você está procurando a metade da laranja, mas não tem mais paciência para telas que não sejam a do iPad ou do Galaxy, esse é seu momento. E sabe o que é melhor? Não está em cima da hora de encontrar a companhia para o dia 12. Quando você menos esperar, pode teclar com alguém legal. É só cuidar pra não se expor demais. Se não deu certo, fica a experiência. Passa para outra e segue as dicas de quem entende do assunto para arrasar com o seu perfil.
Do simples “like” a um relacionamento sérioApesar de o Tinder ser um dos aplicativos mais populares entre os solteiros que querem encontrar alguém para namorar - ou só para ficar -, a advogada Tayane de Aguiar, 25 anos, e o engenheiro Alonso Requião, 24, não esperavam que um simples “like” fosse dar em relacionamento sério. Tudo começou numa quinta-feira de setembro, quando ele curtiu o perfil dela. Na sexta, ela também o curtiu e os dois tiveram um “match” (combinação, em inglês). “Começamos a conversar e descobrimos muitas coisas em comum, mas sem pretensão”, conta Tayane. O primeiro encontro veio no domingo seguinte - ele foi a uma festa de aniversário da afilhada dela. Depois, foram ao cinema. “Ele foi me conhecer e já conheceu a família toda”. Oito meses depois, Tayane e Alonso já têm planos de estudar fora, juntos, e até de casamento. “Tinha me programado para fazer mestrado e devo ir para a Áustria em 2016. Como ele também quer estudar fora, decidimos ir juntos. Mas ele já me disse que vai viajar casado comigo”. Se não fosse o Tinder, com uma dose generosa de acaso, os dois provavelmente teriam demorado para se encontrar - ou, talvez, nunca se conhecessem. “Foi muito rápido, mas o Tinder me ajudou, porque sou tímido. Foi uma surpresa encontrar alguém que parece tanto comigo”, afirma Alonso. Juntos há menos tempo, mas tão apaixonados quanto, a estudante de Engenharia Civil Saile Carvalho, 23, e o estudante de Direito Luiz França, 24, tiveram uma ajudinha extra da tecnologia. Ele mora em Salvador e ela em Feira de Santana, a 108 quilômetros da capital. “Meu raio de busca no Tinder estava configurado para 30 km. Nossos perfis tinham tudo para não se encontrar, mas Deus quis assim. Foi uma falha a nosso favor”, brinca Saile. Se for para somar o tempo entre a combinação do Tinder, primeiro contato e namoro, não dá nem um mês. Mas isso está longe de ser um problema para eles. “Parece que a gente já se conhece há tanto tempo, mas foi o sorriso dela que me conquistou de primeira”, revela Luiz, todo romântico. Aplicativo ajuda, mas namoro pede dedicaçãoAplicativos de relacionamento podem ser usados como videogames. Têm adrenalina, aventura e a sensação de estar num jogo. Mas para passar de fase, só largando o joystick e indo para o encontro, avisa o psiquiatra Jairo Bouer, coautor do Guia dos Curiosos: Sexo (ed. Panda Books). Eles podem ser muito úteis para quem é timído, avalia Regina Navarro Lins, psicanalista e autora do Livro do Amor (Ed. Best Seller). “Tenho uma paciente que conheceu todos os amigos e namorados na internet. Os aplicativos contribuem para facilitar a vida das pessoas. Claro que sempre vão existir os preconceituosos com as novidades. Quando o telefone surgiu, no Século 20, falavam que era uma imoralidade a voz do homem entrar tão perto do ouvido de moças recatadas”, conta.
Os objetivos das pessoas são os mesmos, com ou sem aplicativo, acredita a pesquisadora de comunicação e cultura Thais Miranda. “Quando se vai a um bar em busca de um par, por exemplo, as pessoas criam expectativas de encontrar alguém com características que atendam àquilo que julgam constituir um perfil ideal. Acredito que a lógica do aplicativo de relacionamento seja a mesma”.Por isso as relações por apps podem causar frustrações, diz Cristina Werner, psicóloga e sexóloga. “A frustração de um relacionamento por aplicativo que não dá certo pode ser tão grande quando a de um construído pessoalmente. Ela é proporcional à energia investida no relacionamento”, afirma. Para ter mais segurança, a psicóloga orienta encontrar referências do outro. A praticidade de achar alguém em qualquer lugar faz o celular mais prático do que um computador, explica Jairo. “O aplicativo é focado no público mais jovem, que não tem vergonha de dizer que conheceu alguém pelo celular. Mas tenho a impressão de que a maior parte dos usuários do Grindr ou Tinder, por exemplo, busca algo mais casual”, diz. A principal questão, avalia o psicanalista e pesquisador Claudio Montoto, é a preocupação com o números de likes e não com o envolvimento, o que pode inviabilizar qualquer futura relação. “A geração atual trabalha com quantidades. Se a pessoa está disposta a construir vínculo amoroso, é preciso renunciar à maioria para focar em algum”, pondera.
ParPerfeito: quase sob encomendaVocê acredita em alma gêmea? Pois, a relações públicas Manuela da Purificação, 32 anos, provavelmente acredita. Pelo menos, ela passou a acreditar depois que conheceu o administrador de empresas Guilherme Gomes no ParPerfeito. Manuela não tem dúvidas de que nome do site não podia ser mais adequado. ”Ele é a pessoa que mais se parece comigo”. Há dois anos, ela resolveu se cadastrar no site - era uma noite de sábado em que, milagrosamente, estava em casa. “Tinha visto uma matéria falando sobre como essas coisas estão em alta, porque, nos sites de relacionamento, você consegue fazer um filtro para focar no que quer”. Ainda assim, Manuela nem sabia direito o que pretendia com o cadastro. Quando o perfil de Guilherme apareceu, ficou relutante. "Ele é dois anos mais novo que eu, mas ficava mandando piscadinha. Resolvi aceitar”. Conversa vai, conversa vem... E as afinidades logo apareceram. Depois de uma semana de ligações e mensagens no celular, veio o primeiro encontro. Na semana seguinte, já tinham virado namorados. Dois meses depois, veio o pedido de casamento e, em nove meses, a cerimônia. “Quando eu conto, todo mundo fica besta. Era uma tentativa de encontrar alguém legal e acabei conhecendo meu príncipe, o meu marido”, derrete-se. O amor também veio quase sob medida para a administradora Nayana Santana, 32, e o engenheiro automobilístico Jairo Brandão, 65. O namoro começou há três meses, depois que ela acessou seu perfil no ParPerfeito e encontrou alguns recados antigos dele. “Tinha várias mensagens, inclusive algumas que ele tinha mandado equivocadamente para outras pessoas, mas ele também tinha deixado o contato. Eu fui e liguei”, afirma Nayana. Ele mora em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Já Nayana vive em Salvador. Ainda assim, começaram a se corresponder. Quando viajou para encontrá-lo pela primeira vez teve até cena de filme no aeroporto. “Imagine uma pessoa que saiu cor- rendo, atravessando a sala de embarque. Todo mundo olhava, enquanto ele me abraçava”, conta. Nem a distância, nem a diferença de idade atrapalharam os planos do casal: em janeiro, ela deve se mudar para lá e vai deixar a ponte aérea só na história.
Matéria original: Correio24hAprenda a usar aplicativos na paquera e conquiste um amor para chamar de seu
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