A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral de 2023, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que de cada 10 pessoas desempregadas em Salvador, nove são pretas ou pardas.
A incidência é de 92,2%. O estudo destaca ainda que a taxa de desocupação de pessoas pretas e pardas na capital baiana é bem maior que as brancas, cerca de 17,6%.
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Analisando a Bahia como um todo, os números seguem a tendência de alta, mas ainda é menor do que em Salvador - com 86,2% pretos e pardos desocupados e 14,2% de taxa de desocupação.
A supervisora de disseminação da informação do IBGE, Mariana Viveiros explica que os números indicam uma tendência de desigualdade racial e social ancestral. E que começa a trazer uma reação no mercado de trabalho .
"As estatísticas ainda revelam importantes desigualdades. As distâncias são ainda mais marcantes na cidade de Salvador do que na Bahia como um todo, revelando que um maior dinamismo econômico, uma maior renda média, uma realidade escolar mais estruturada e maior nível de instrução e condições de vida em geral melhores não significam necessariamente mais igualdade racial, infelizmente."
Rendimento médio mensal
A pesquisa analisa ainda o rendimento médio mensal. Em Salvador, os pretos ou pardos ganham cerca de 54% menos que os brancos. No estado, em geral, a taxa é de 32% a menos. Em números absolutos, seriam:
- Pretos R$ 1689 na Bahia / R$ 2116 em Salvador
- Pardos R$ 1693 na Bahia / R$ 2120 em Salvador
- Brancos R$ 2497 na Bahia / R$ 4647 em Salvador
E as estatísticas indicam ainda o real peso da falta de escolaridade. A maior desigualdade no nível de instrução está no percentual de pessoas com ensino superior completo, sobretudo em Salvador, onde o percentual de pessoas brancas com nível superior chega a 45,3% - a taxa é mais que o dobro das pretas ou pardas com apenas 20,9%.
"Exceto por uma tendência de pequena redução da desigualdade no rendimento médio de trabalho, os dados do IBGE não mostram melhorias importantes. Mas, é preciso levar em consideração que se trata de uma série histórica comparável relativamente pequena. Não podemos esquecer que, num médio e longo prazos, as desigualdades vêm se reduzindo, em razão de uma série de fatores, como as leis que implementaram diversas modalidades de ações afirmativas, no ensino superior e em concursos públicos; de campanhas e mobilizações dos diversos segmentos da sociedade e do Movimento Negro, para o combate ao racismo e de conscientização da população...Talvez a questão aqui seja a necessidade de que essa redução da desigualdades ganhe ritmo e intensidade, que seja mais rápida e ainda mais expressiva". finalizou.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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