Dados a respeito da difusão dos negócios baseados em comércio eletrônico no Brasil, como aqueles divulgados pela E-commerce School, revelam a existência de 23 mil lojas virtuais no Brasil. Destas, apenas 30% estão de fato ativas ao passo que 70% delas, embora estejam publicadas, não estão de fato atuando.E um dos fatores que vêm contribuindo para a grande propagação de lojas virtuais é a relativa facilidade técnica que tornou possível abrir uma loja virtual. De fato, tornaram-se largamente disponíveis diversas opções tecnológicas que permitem uma utilização de mecanismos de comércio através da Internet de forma bastante acessível.Contudo, a facilidade de implantação não necessariamente tem relação com a viabilidade dos negócios na Web, como podemos deduzir a partir daqueles 70% que não alçaram voo, já que um dos grandes perigos enfrentados por quem empreende nesta área é justamente subestimar as dificuldades e superestimar as facilidades.Embora o otimismo seja um propulsor indispensável para quem quer abrir um negócio, este por si só não é suficiente como garantia de sucesso. Talvez um dos maiores equívocos costumeiramente cometidos seja justamente a incompreensão do que significa de fato um negócio com base no comércio, seja ele presencial ou na Web.Um dos maiores apelos do comércio eletrônico reside na promessa de auxiliar aqueles que, por carecerem do “carisma do vendedor”, podem suprir esta deficiência buscando apoio nas ferramentas eletrônicas para por seu produto à venda. Contudo, para quem carece do conhecimento da prática negocial do comércio, existe o perigo de amplificação de outras deficiências, levando a potenciais dissabores.Elencando apenas alguns desafios críticos, podemos começar pela questão logística. Cabe aqui lembrar que no comércio físico a venda é concluída quando o comprador paga a mercadoria no caixa e a leva consigo. Ao contrário da venda presencial, no comércio eletrônico o trabalho começa quando o pagamento é concluído, quando é preciso então preocupar-se com todas as questões que envolvem a entrega efetiva dos produtos ao comprador. E se o valor do seu produto tiver o preço muito impactado pelo custo de envio, ou se for estimado de maneira incorreta, ou ainda o estoque for mal dimensionado, seu negócio eletrônico poderá naufragar logo no nascedouro.Por outro lado, se você simplesmente compra e revende produtos, é preciso atentar para a grande concorrência que já existe na Internet e quais diferenciais poderiam ser agregados ao seu negócio de vendas eletrônico que poderiam destacá-lo dos demais concorrentes, lembrando que muitos negócios são inviabilizados pelas comparações automáticas de preços.Até o momento, destacamos apenas alguns aspectos, como os de logística, preço, competitividade e estoque. Mas existem outros, como por exemplo, o risco de lançar o preço errado de um produto na Web. Um erro não percebido pode provocar uma boa dor de cabeça. E ainda temos outros aspectos, como o de vender um produto cujo estoque já se esgotou e que não é mais possível repor pelo custo de aquisição anterior, ou cujo frete foi calculado de forma imprecisa.Se é verdade que existem diversas ferramentas que viabilizam a abertura de lojas virtuais, também verdade que se não houver um planejamento adequado e a compreensão de toda a questão logística, de segurança, proteção contra fraudes, gerenciamento de estoque, vigilância, apresentação dos produtos, precificação adequada, competitividade perante os concorrentes, compreensão acerca do funcionamento dos meios de pagamento, questões tributárias e fiscais, negociação de compra, design, apresentação e divulgação, entre outros, você poderá acabar se envolvendo em uma grande enrascada.Por outro lado, não é possível ignorar ou desprezar os benefícios, o poder de alcance de mercado e a projeção que o comércio eletrônico viabiliza, principalmente para os negócios de pequeno porte. Uma implementação correta e bem cuidada pode representar uma alavancagem a nível nacional, e em um âmbito mais abrangente, até mesmo global. E se a sua empresa é familiar e bem pequena, não custa ressaltar que 75% do comércio eletrônico é efetivado por pequenos empresários, de acordo com o Sebrae.A verdade é que pequenas e médias empresas e até mesmo pessoas físicas que possuem um negócio em casa são aqueles que mais têm a ganhar com esta modalidade de negócios. Afinal, uma das maiores barreiras de entrada no comércio é justamente o ponto comercial, o estabelecimento físico, que pode representar uma barreira de entrada intransponível.E, uma vez alertado, se você estiver realmente estimulado a empreender no comércio eletrônico, comece adquirindo informação, o que pode ser acelerado através de cursos especializados que versam sobre as boas práticas de comércio eletrônico. Esta é uma boa forma de reduzir os seus riscos e trilhar o atalho para empreender um negócio eletrônico consistente. Submeta o seu planejamento a críticas, dado que boas críticas podem ajudá-lo a evitar problemas desnecessários e corrigir o rumo antes mesmo de começar. Não tenha medo das críticas, nem mesmo daquelas mais cruéis, pois isto o ajudará a firmar convicção e confiança para o seu negócio. Lembre-se sempre que tudo começa por um bom produto, seja este físico ou serviço.*Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.
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