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ELEIÇÕES 2022

Viradas no primeiro turno só aconteceram cinco vezes em 50 eleições desde a redemocratização

Nas eleições presidenciais, todos os que apareciam em primeir, confirmaram o favoritismo nas urnas desde a redemocratização

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Agência O Globo

04/09/2022 às 15:29 • Atualizada em 05/09/2022 às 6:55 - há XX semanas
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					Viradas no primeiro turno só aconteceram cinco vezes em 50 eleições desde a redemocratização

Arrancadas a cerca de um mês da votação em primeiro turno são eventos raros nas eleições para governador. Nas 50 disputas analisadas desde 1989, em só cinco ocasiões um candidato que não liderava as pesquisas de intenção de voto em setembro conseguiu ser o mais votado no primeiro domingo de outubro. Nas eleições presidenciais, todos os que apareciam em primeiro, ainda que em situação de empate técnico com outro nome, confirmaram o favoritismo nas urnas desde a redemocratização.

O EXTRA analisou 42 pesquisas feitas nos dez estados com os maiores colégios eleitorais do Brasil nos últimos 28 anos e comparou os resultados com os dados das votações no primeiro turno. A mesma análise foi feita com oito pesquisas nacionais para cada uma das eleições presidenciais desde 1989. Nos estados, foram considerados levantamentos do Datafolha e do antigo Ibope feitos em setembro de cada ano eleitoral em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará, Pará e Santa Catarina.

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Nas poucas vezes em que o líder em intenções de votos acabou superado nas urnas, o responsável pela façanha foi eleito governador. O primeiro a alcançar esse feito foi Geraldo Alckmin na eleição paulista de 20 anos atrás. Então candidato pelo PSDB, o hoje vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era citado por 25,4% dos eleitores de São Paulo em setembro de 2002, mas obteve 38,3% dos votos válidos no primeiro turno.

Alckmin na ocasião deixou para trás Paulo Maluf, do PPB (hoje PP). O então líder nas pesquisas ficou fora até mesmo do segundo turno (foi ultrapassado também por José Genoino, do PT), situação que se repetiu só uma vez nos estados com pesquisas analisadas pelo GLOBO. No Rio Grande do Sul, a candidata Ana Amélia (à época no PP) foi superada em 2014 por Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (PMDB), que viria a ser eleito.

Além de Alckmin e Sartori, também conseguiram a virada no primeiro turno Camilo Santana (PT) no Ceará (2014), Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais (2018) e Wilson Witzel (então no PSC) no Rio de Janeiro (2018).

Witzel é quem teve a arrancada mais emblemática. O ex-juiz era mencionado por só 1,5% dos entrevistados pelo Datafolha em setembro de 2018. Cresceu na reta final da campanha ao colar sua imagem na de Jair Bolsonaro e terminou o primeiro turno com mais que o dobro da votação do segundo mais votado, Eduardo Paes, com incríveis 41,28%. Witzel viria a ser eleito governador e depois ter o mandato cassado, um ano e oito meses depois de tomar posse.

O cientista político Alberto Carlos Almeida lembra que as pesquisas de intenção de voto feitas ao longo das campanhas não têm o objetivo de prever o resultado das eleições, e que as ações dos próprios candidatos mudam o cenário de modo contínuo. Mas considera que os dados levantados a partir do Centro de Estudos e Opinião Pública (Cesop) da Unicamp refletem o comportamento da maioria em decidir cedo seu candidato a governador. A eleição de 2018, ele avalia, foi um evento “excepcional”:

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— O fim das doações de empresas tornou mais difícil o crescimento de um terceiro nome, porque antes eles conseguiam atrair mais recursos assim que subiam um pouco nas pesquisas. Agora quem já começa grande assim se mantém. A não ser em contextos muito específicos, como o de 2018, em que havia um desejo muito grande de ir contra o sistema e nomes novos ou desconhecidos despontaram — diz o autor do livro "Erros nas pesquisas eleitorais e de opinião".

Para Sérgio Praça, pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas, a própria indicação de que um candidato está liderando a corrida eleitoral pode ajudá-lo a seduzir pessoas que não necessariamente tenham afinidade ideológica com seu nome.

— O viés de confirmação também influencia no comportamento do eleitor. A pessoa pode gostar mais de um candidato, mas decide votar em outro porque esse tem mais chances de derrotar alguém que ela não gosta. Acaba sendo mais atraente para o eleitor participar da vitória, mesmo que não seja do candidato com quem ele mais se identifica — afirma Praça.

Os principais institutos de pesquisa indicam que hoje o ex-presidente Lula lidera a corrida ao Planalto. Todos os que estiveram nessa condição a cerca de um mês do primeiro turno desde 1989 tiveram a maior votação confirmada na apuração da Justiça Eleitoral.

No período, só houve reviravoltas na disputa por uma vaga no segundo turno. Em 1989, Lula (PT) superou Leonel Brizola (PDT) para chegar ao segundo turno contra Fernando Collor (PRN). Em 2014, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (à época no PSB) disputavam a liderança da corrida eleitoral, mas foi Aécio Neves (PSDB) quem avançou para o segundo turno contra a candidata à reeleição. Já em 2018, Fernando Haddad (PT) tinha só 8,9% da preferência dos eleitores em setembro e conseguiu crescer para forçar uma nova rodada de votação contra Jair Bolsonaro (ex-PSL, hoje no PL).

O crescimento de um terceiro nome a um mês da eleição é ainda mais raro nas disputas para governador. Só cinco vezes nas 42 eleições analisadas pelo GLOBO um candidato que não figurava na primeira ou segunda posição nas pesquisas conseguiu votos suficientes para chegar ao segundo turno.

Já no maior colégio eleitoral do país, São Paulo, o candidato Rodrigo Garcia (PSDB) tenta ultrapassar Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) em busca da reeleição. A corrida para alcançar os dois líderes é um desafio ainda maior para a candidata apoiada pelo tucano no plano nacional, Simone Tebet (MDB). Os dois chegam ao último mês de campanhas em busca de uma “grande arrancada”, como bem sintetizou o nome de um dos eventos em que Garcia e Tebet estiveram juntos, no último dia 20.

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