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'Travessia': Lais e Monteiro buscam ajuda de psicólogo para lidar com a dependência digital do filho

Especialista em dependência tecnológica fala da importância de participar da novela e abordar o tema na ficção

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Redação iBahia

03/03/2023 às 14:53 - há XX semanas
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					'Travessia': Lais e Monteiro buscam ajuda de psicólogo para lidar com a dependência digital do filho

Os pais de Theo (Ricardo Silva) finalmente decidem buscar ajuda profissional para lidar com a dependência digital do filho, nos próximos capítulos de ‘Travessia’. Após receber a indicação do professor Dante (Marcos Caruso) para procurar o psicólogo Cristiano Nabuco, a filha mais velha do casal, Isa (Duda Santos), entra em contato com o especialista e resolve marcar, por conta própria, uma sessão para Lais (Indira Nascimento) e Monteiro (Ailton Graça).

A irmã de Theo chega ao ápice do medo de ver os pais se separarem por causa das crises do menino. Os episódios de descontrole estão cada vez mais intensos, a ponto de toda a família ser afetada. Em cenas que vão ao ar a partir desta sexta-feira (3), o Dr. Cristiano revela a Lais e Monteiro que o caso de Theo é grave, e pede que eles comecem a registrar a rotina do filho. 

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Confira a entrevista com o Dr. Cristiano Nabuco, especialista em tratamento de dependentes tecnológicos, que faz participação especial na novela:

Poderia explicar de forma simples o que é a dependência tecnológica?

A dependência tecnológica é um quadro que já começa a ser reconhecido como uma nova patologia do século XXI. É uma categoria de diagnóstico mais recente, que muitas vezes passa desapercebido. A gente tem as dependências químicas, do álcool, drogas, substâncias ilícitas, e, do outro lado, as dependências comportamentais, que são exatamente iguais.

Nesse segundo caso, você não tem substâncias externas sendo ingeridas pelo indivíduo. Você tem a dependência de telas, a compra compulsiva, o amor patológico, uma série de outras categorias que fazem parte desse grupo. 

De que forma surgiu a oportunidade de participar de Travessia e levar esse tema para a televisão?

O convite para participar veio da Gloria Perez, antes mesmo da pandemia. Depois de a gente conversar bastante, Gloria foi conhecer meu trabalho no instituto de psiquiatria, onde há 20 anos atendo jovens que são dependentes de telas. Ao longo desse tempo, ela participou várias vezes de encontros com mães, e isso fez com que tivesse um contato mais próximo com tudo que envolve esse problema, todo o contorno psiquiátrico.

Eu acho que foi uma experiência bastante rica. Eu estou muito contente, porque nós, que fazemos parte das universidades, tendemos a falar muito mais para os nossos pares. Estou com a esperança de que esse personagem possa chegar às pessoas, e elas possam ser ouvidas e encaminhadas a uma resolução do problema.  

Qual é a importância de abordar a temática da dependência tecnológica em produções ficcionais?

Eu acho que é uma das melhores formas, no sentido de conscientizar as pessoas. Quando falamos em dependências e vícios, automaticamente vem a nossa cabeça o uso abusivo de álcool ou de drogas, e isso já tem uma identificação muito clara. Mas, quando falamos em dependência de telas e tecnologia, isso passa longe do imaginário das pessoas. Entrar pela via da ficção permite um olhar mais distante, onde a pessoa não se sente confrontada, mas que permite, logo no momento seguinte, uma reflexão. 

O personagem Theo tem pais que primeiro negam a condição do filho, e só buscam ajuda quando as crises já estão insustentáveis. Esse costuma ser o padrão em outras famílias? Como evitar que a dependência chegue ao limite?

Grande parte dos problemas que acometem as pessoas, especialmente os de saúde mental, são pouco distintos de outros problemas que a gente tem. Se um indivíduo tem problema no dente, ele vai sentir uma dor e vai ao dentista. Na maioria das especialidades médicas haverá um profissional capaz de oferecer um tratamento que seja muito claro e conhecido. Quando a gente fala de saúde mental, as coisas começam a ficar um pouco mais nebulosas.

Embora a gente já tenha evoluído bastante, ainda se tem muito preconceito. Isso faz com que o quadro do indivíduo se agrave, na medida em que o tempo vai passando. Muito dessa questão subjetiva passa por um lado fantasioso, isso torna as coisas ainda mais complicadas. Para evitar que o quadro mais agudo chegue, é importante fazer tudo com moderação. A partir do momento que você sentir que seu parceiro ou seus filhos começam a negligenciar atividades reais, do dia a dia, é hora de começar a levantar a bandeira vermelha e procurar ajuda.

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