Eu já retornei para Salvador e viver esses dias em São Paulo foi incrível. Que lugar maravilhoso. Não é como a Bahia, mas a cidade ganhou um espaço em meu coração. Eu conheci a TV Globo, fui em museus, no bairro da Liberdade e em cada lugar que eu chegava parecia que eu estava em uma novela. Passando pela rua Augusta parecia que tinha sido teletransportado para o primeiro capítulo de "Bebê a Bordo", quando a protagonista, interpretada pela atriz Isabela Garcia, dá à luz em um carro no trânsito caótico da cidade.
Quando um autor de novela escolhe mudar a locação do Rio de Janeiro para um outro estado, quase sempre o local escolhido é São Paulo e foi isso que João Emanuel Carneiro fez em 2008 com “A Favorita”. A capital paulista foi o principal cenário da história. Foi incrível passar pelos caminhos de Flora e Donatela (quase todos os caminhos já que ambas foram parar em tempo em um presídio, graças a Deus não me envolvi em polêmicas).
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Falando em João Emanuel Carneiro, na terça-feira (21) foi ao ar o último capítulo de “Todas as Flores” o seu mais recente sucesso, originalmente exibido no Globoplay. Agora que a novela que prometeu a maior vingança do século acabou, chegou a hora de avaliar se ela foi boa ou não. Vamos lá?
Mudanças
Escrita originalmente para ser exibida no horário das nove, a novela foi transferida para o serviço de streaming da emissora carioca e "Travessia" que iria substituir foi antecipada (e deu no que deu, não é mesmo?).
Com o novo formato a história ganhou exibição na faixa das onze da TV Globo. Na plataforma se tornou um dos maiores sucessos e na TV não foi diferente. Em muitos dias, a média da audiência foi próxima ou superior a faixa das seis, com "Elas por Elas".
Com a mudança do local de exibição original ocorreu uma redução drástica na quantidade de capítulos. Os 179 previstos foram reduzidos para 85. Menos 94 capítulos para a vingança de Maíra (Sophie Charlotte). O que pode explicar muita coisa.
Elenco
O elenco passou por muitas mudanças até chegar a versão final e posso garantir que foi um dos melhores elencos de novelas dos últimos anos. O trio Zoé (Regina Casé), Maíra (Sophie Charlotte) e Vanessa (Letícia Colin) brilharam do primeiro ao último capítulo.
As armações de Zoé e Vanessa transformam as duas em vilãs memoráveis e extremamente cruéis, mas discordo totalmente do final delas. Depois de tantas armações as duas viveram “felizes” para sempre e a culpa de tudo isso foi de Maíra (vou explicar isso depois).
Outro grande destaque foi Thalita Carauta no papel da escandalosa atriz de filmes adultos, Mauritânia. A personagem rendeu cenas de comédia, drama, romance...e Thalita se saiu muito bem em todos os momentos.
Acho que no núcleo da Mauritânia, o grande problema foi Jhona Burjack que interpretou seu par romântico. Poucas vezes ele conseguiu encontrar o tom necessário para o personagem.
Fazendo uma breve participação na história, Ana Beatriz Nogueira interpretou Guiomar, mulher forte e mãe do protagonista Rafael (Humberto Carrão). Aqui ela viveu um estilo de mãe completamente contrário do que estava acostumada. Sempre viveu mães narcisistas e com ares de vilã.
Direção
O último trabalho do diretor Carlos Araújo, antes de “Todas as Flores”, foi o remake “Éramos Seis”. Nesta obra, ele conseguiu transformar uma história já conhecida em uma nova versão impecável e primorosa.
Na saga de Maíra, Zoé e Vanessa, ele provou o talento em dirigir cenas dramáticas, cômicas e românticas. O julgamento de Zoé, o incêndio da Rhodes e a invasão na fazenda foram cenas bem dirigidas e causaram muitos sentimentos positivos para o público.
Carlos Araújo está com tudo e vai repetir a parceria com o João Emanuel Carneiro na novela das nove “Mania de Você”, que estreia no segundo semestre de 2024.
Núcleos com função e perdidos no espaço
O que move uma novela, além da história principal, são os núcleos paralelos. “Todas as Flores” teve bons núcleos, mas que não tiveram tanto aproveitamento.
A trama da relação Mauritânia e a sua filha Brenda faltou um apelo para o perdão mãe e filha e que deveria ter sido melhor aproveitado na história.
O caso da família de músicos formada por Oberdan (Douglas Silva), Jussara (Mary Sheila) e Celinho (Leonardo Lima Carvalho) foi um problemão. Aqui praticamente nada fazia sentido e a chance que teve para abordar o assunto “priapismo” foi taxado como simplesmente uma pessoa “viciada em sexo”. Como curar? Tem cura? Não sei, a novela não explicou.
O problema da falta de funcionalidade de alguns núcleos foi algo tão grande que os últimos capítulos tudo parecia muito acelerado. A impressão que eu tive é que estavam escrevendo o capítulo 80 quando anunciaram que a novela, ao invés de mais 100 capítulos, só teria mais 5, fechando com 85 capítulos.
Acho que isso ficou muito notório para o público. Afinal, o que foi feito com a vingança de Maíra contra Zoé e Vanessa? Eu também não sei onde foi parar! O balanço final é de que “Todas as Flores” foi um novelão e deveria ter sido uma novela das nove ao invés de ter ido diretamente para o streaming.
Um grande acerto foi o tema de abertura interpretado por Sophie Charlotte e Letícia Colin. A canção escolhida foi “As Rosas não falam”, de 1974, do cantor Cartola. Uma das músicas brasileiras mais regravadas de todos os tempos.
A próxima novela do streaming só será lançada em 2025 e eu já estou ansioso esperando o resultado de “Guerreiros do Sol”, que será liberada totalmente gravada. Fui!!!
David Cardoso / Tô certo ou tô errado?
David Cardoso / Tô certo ou tô errado?
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