O capítulo de segunda-feira (13) da novela "Pantanal", da TV Globo, não foi muito agradável para o vilão Levi, interpretado por Leandro Lima, considerando que ele encontrou seu trágico fim ao ser devorado por piranhas. O personagem, que já estava sangrando, sofreu um acidente de barco em meio a uma perseguição. Enquanto nadava, começou a ser atacado e foi mordido até a morte.
O acontecimento acabou gerando repentina curiosidade nos espectadores, que recorreram ao Google para saber mais sobre este peixe tão intrigante. Mas afinal, uma ocorrência desse tipo teria um resultado tão drástico se tivesse sido na vida real? Para tirar essa dúvida, o GLOBO procurou o biólogo Nonato Mendes Júnior, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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De acordo com Mendes, não há, cientificamente, registros de pessoas devoradas vivas pelas piranhas, de forma que a probabilidade de um ataque é praticamente nula.
"É um mito essa coisa da piranha devoradora de pessoas vivas — disse. — Então, o que aconteceu na novela é ficção. Não vou dizer que é algo impossível de acontecer, porque a Ciência lida com probabilidade. O que lida com certeza é religião, que trabalha com dogmas. Vou dizer que é "quase impossível" porque não há registro na literatura científica de pessoas devoradas vivas. É um mito", disse.
No entanto, Mendes não exclui a possibilidade de as piranhas devorarem corpos humanos. Ele explicou que a reação destes peixes mais comum seria de avançar sobre cadáveres.
"O que geralmente acontece é a pessoa morrer de um ataque cardíaco ou de um AVC, cair na água, durante uma pescaria por exemplo e esse cadáver ser devorado piranhas. Isso pode acontecer, há registros", acrescentou.
Já com relação a acidentes envolvendo pessoas — vivas —, Mendes mencionou a existência de relatos no Brasil, especialmente em membros inferiores, principalmente nos dedos dos pés. Apesar disso, a maioria desses ataques não é de ocorrência grave, "que levaria a uma amputação de membro, uma deformidade no membro mordido", mencionou o biólogo.
"Geralmente esses casos [de mordidas leves] acontecem devido à atividade recreativa, por exemplo na área de desova das piranhas, em vegetação à margem de rio, de lago, que é onde tem aquela vegetação aquática e é local de desova durante o ano todo. E o que acontece? Ela defende a prole, então é um ataque de defesa em relação a isso", explicou.
Conforme a coluna de Patrícia Kogut informou nesta quarta-feira, a cena da morte de Levi fez disparar as buscas sobre piranhas do Pantanal. Assim, termos como “piranhas do Pantanal”, “piranha Pantanal” e “tem piranha no Pantanal” cresceram mais de 1.000% nas pesquisas, segundo o Google Trends.
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Agência O Globo
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