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Xangai inicia, hoje, série de apresentações no Espaço Cultural da Barroquinha

Uma das vozes que melhor representam o homem do interior na música brasileira, promove temporada que vai até dezembro, sempre às terças-feiras

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09/08/2011 às 14:30 • Atualizada em 27/08/2022 às 14:35 - há XX semanas
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O cantor Xangai, que vai lançar disco de voz & violão até o fim do ano, imita o gesto do corredor Usain Bolt. Para o compositor, o jamaicano é um dos gênios do esporte atualmente
Vaqueiro na cidade - Xangai, 63 anos, saiu do sertão, mas o sertão nunca sairá de Xangai. Caboclo cantador nascido Eugênio Avelino, ele leva para onde vai um rastro de sua terra. Seja nas botas e na bolsa de couro trabalhado, ou na garrafa de café temperado com folha da cassutinga, feito por ele mesmo e tomado numa canequinha esmaltada, igual à usada pelos tropeiros no pasto. Com sua música, porém, o violeiro baiano busca uma poética que apresente uma universalidade a partir das particularidades do homem simples do interior. “Eu não canto só o campo não. Eu canto a situação, a circunstância. O lado social, a natureza, o meio ambiente”, explica Xangai, que trocou Vitória da Conquista por Lauro de Freitas, em 1987. O canto e a viola do músico poderão ser ouvidos hoje, às 18h30, e todas as próximas terças-feiras até 20 de dezembro, no Espaço Cultural da Barroquinha, Praça Castro Alves. O local, na área externa da antiga Igreja da Barroquinha, terá também um quiosque da Cantina da Lua, com comida típica nordestina. MARTA Até o fim de ano, o compositor lança um disco de voz e violão, com direção musical de Mário Ulloa. Com Mário Ulloa, ele também se apresenta dias 16 e 17 de setembro no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo. Mesmo cheio de compromissos - “A agenda manda mais na gente do que a gente manda na agenda”, brinca - o eterno homem do campo consegue manter na cidade grande hábitos do interior. “Toda semana, aqui em Lauro de Freitas, eu dou uma cavalgada. Se eu tivesse morando na Rússia, eu tava fazendo a mesma coisa. Em qualquer lugar”, conta.
“Eu tenho Cavalo. Toda semana, aqui em Lauro de Freitas, eu dou uma cavalgada”, diz Xangai, sobre a vida de homem do campo na cidade
Além de praticar equitação, Xangai é admirador do futebol “bem jogado”. “Eu entendo de futebol. Sei mais do que alguns técnicos da Seleção Brasileira. Em alguns pontos, sei mais do que Mano Menezes e Dunga”, gaba-se o flamenguista, que parou de jogar bola ao machucar-se em um tombo de cavalo, em 1999. Brincalhão, ele lança um desafio: “Nem Dunga, nem Mano e nem outro talvez que entrar aí tem coragem de botar no meio de campo da Seleção Brasileira a Marta, que é quem mais joga futebol no planeta! É que nem Usain Bolt, o negão não é brincadeira não, é um gênio, rapaz!”. GENIALIDADE Outro na lista dos gênios admirados por Xangai é Elomar, a quem classifica como “o melhor compositor do planeta”. Parente do cantador, assim como o diretor de cinema Glauber Rocha (1939-1981), Elomar é um dos mais respeitados artistas baianos. No dia 30 de julho, ele inaugurou, na Casa dos Carneiros, uma de suas fazendas em Vitória da Conquista, o Teatro Domus Operae, com capacidade para 2 mil pessoas. O espetáculo de estreia, Aires de Tango, é de autoria do maestro João Omar, filho de Elomar, que é um dos protagonistas juntamente com a cantora argentina Cecília Stanzioone. “Ele é a maior competência em fazer a junção do clássico camoniano com a linguagem matuta do povo da caatinga”, avalia Xangai, considerado o melhor intérprete das composições do primo. Ao lado de Elomar, Geraldo Azevedo e Vital Farias, Xangai gravou, no Teatro Castro Alves, dois dos discos mais importantes de sua carreira: Cantoria (1984) e Cantoria 2 (1985). Nos registros, há algumas canções essenciais do repertório do cantor, como Estampas Eucalol, de Hélio Contreiras; e Ai D'eu Sodade (O ABC do Preguiçoso), do folclore regional. Além de Cantiga de Amigo, uma das mais belas cantigas de Elomar. AYAHUASCA Em suas interpretações, Xangai chama a atenção não só pelo talento no violão e pelo vocal bem particular, mas também pelo palavreado típico do sertão. Cheio de sotaque e neologismos quando fala, não dá para conversar com Xangai sem lembrar das palavras do poeta pantaneiro Manoel de Barros. “É meu amigo! Eu tô com um livro dele aqui. Ele é maravilhoso, a palavra é fácil pra ele”, diz o artista, citando o moçambicano Mia Couto, o colombiano Gabriel García Márquez e o brasileiro Rubem Fonseca como outras predileções literárias. “E Patativa do Assaré!”, lembra do poeta popular cearense, morto em 2002,um dos gigantes da cultura nordestina. “Deu meia noite, a Lua faz o claro/ Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste...”, interrompendo o papo, Xangai declama, cheio de prazer, os versos do compositor João do Vale (1934-1996). Quando a pergunta é de onde surgiu o gosto pela arte, apenas diz: “É espiritual, acredito em reencarnação. Não sei como explicar. É atávica, pode ser pela carga genética, ou espiritual”. Para cuidar do espírito, Xangai frequenta desde 1989 a União do Vegetal (UDV), doutrina surgida na Amazônia na década de 60 e que faz uso do chá ayahuasca em seus cultos: Me dá um conforto espiritual muito bom, uma postura de dignidade. Em Brasília, agora, teve uma comemoração de 50 anos da União Vegetal”. CINCO REFERÊNCIAS MUSICAIS DE XANGAI
Marinês (1935-2007) Nas palavras de Xangai, é “a maior cantora do Brasil”.Jacinto Silva (1933-2001) Cantor alagoano, chamado “o rei dos trava-línguas”)Luiz Gonzaga (1912-1989) “O maior artista do Brasil”, afirma o violeiro baiano.Ray Charles (1930-2004) “O meu cantor”, assim Xangai define o americano.Elomar Para o cantador, o seu primo é “o maior compositor do planeta”.
MOMENTOS DE UM GRANDE CANTADOR
ParceirosNo Teatro Acbeu, em 1999, Xangai fez show com Margareth Menezes e Renato Teixeira (ao centro, com violão).O compositor paulista, autor do clássico Romaria, é amigo e parceiro de Xangai. Juntos, fizeram o disco Aguaterra (1995), gravado ao vivo, com canções de Renato e de outros parceiros, como Maciel Melo e Juraildes da Cruz.
Cantorias Geraldo Azevedo, Elomar, Vital Farias e Xangai. O quarteto gravou dois discos antológicos da música brasileira, Cantoria (1984) e Cantoria 2 (1985), registrados ao vivo no Teatro Castro Alves, em Salvador.Os álbuns reúnem clássicos compostos pelos três primeiros, além de temas de outros autores que ficaram imortalizados na voz peculiar de Xangai.
Admiração Xangai e Elomar, em 1988. O cantor é primo do compositor conquistense, e também parente de outro ilustre filho da cidade, o cineasta Glauber Rocha (1939-1981). Durante a carreira, Xangai tornou-se o interprete mais constante da obra de Elomar, que costuma unir o erudito ao popular, criando bonitas trovas da cultura nordestina.
A filha Mariá Entre os novos bons nomes da MPB que são filhos de companheiros do cancioneiro de raiz (como Gabriel Sater, herdeiro de Almir Sater), Xangai cita a filha Mariá, 25 anos, a quemchama de “cantora retada”. Quando pequena, a bela Mariá dava canjas em shows do pai e já participou de discos de Xangai como Nóis é Jeca Mais é Jóia (2004). XANGAI NA BARROQUINHA Show 'Abençoada Terça' Artista: Xangai Local: Espaço Cultural da Barroquinha (Rua do Couro, s/n, próximo à Praça Castro Alves), a partir das 18h30 Data: Toda terça-feira, de amanhã até o dia 20 de dezembro Preço: R$ 20

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